Porra, despertar numa cama desconhecida, despertou resmungando, odiava isso, ter ido parar depois de uma bebedeira na cama de alguém.
Olhou em volta, escutou barulho de alguém tomando banho de chuveiro, se levantou meio tonto, recolheu sua roupa, sapatos, saiu de fininho, a chave estava na porta, no corredor se vestiu rapidamente, pois podia aparecer algum vizinho. Apalpando suas calças, viu que tinha a chave, carteira, mas porra aonde estava o celular. Tinha esquecido dentro, voltou, abriu a porta bem devagar, quando estava no meio do corredor já chegando ao quarto alguém saiu do banheiro.
Quando se virou, era um homem do seu tamanho, com o peito todo cabeludo, com uns cabelos, imensos negros, com a cara mais bonita que podia imaginar.
O outro riu, dizendo, feche a boca, dormiste comigo essa noite, não podes negar.
Ele se encostou na parede, estava zonzo, a dois dias atrás, véspera de seu casamento, sua noiva tinha rompido com ele, dizendo que ele não estava preparado para ter uma família, que era um homem infantil. Agora isso, estava dormindo com homens quando bebia.
Não te lembras de nada de ontem à noite?
Não, só que estava puto da vida, sai para beber com meus amigos, me abandonaram dizendo que estava chato demais. Pode ser, mas como te encontrei.
Pois eu estava com umas amigas que trabalham para mim, te aproximaste, começaste a conversar, contando para elas tua tragédia. Elas foram embora, tu mal te aguentavas em pé, perguntei se querias dormir na minha casa, disseste que sim. Chegaste aqui, vomitaste horrores, te deitei na cama, fui limpar o banheiro, quando voltei dormias, tirei tua roupa, só isso, depois me deitei do teu lado para dormir, te agarraste a mim.
Realmente de noite, sentiu que estava abraçado a alguém que lhe fazia sentir-se como num porto seguro.
Mas não aconteceu nada, não te preocupes. Quando perguntei se querias que te levasse para tua casa, disseste que não.
Bom, agora estava mais relaxado em saber que não tinha acontecido nada, talvez porque o apartamento está montado como a casa que íamos viver. Odeio o lugar, estou esperando um apartamento que aluguei, mas estão pintando ainda. O que estou agora, ela vai ficar com ele.
Desculpe a curiosidade, mas o que aconteceu realmente, porque contaste para as meninas uma baboseira, aliás era difícil de te entender. Elas aguentaram porque disse que te conhecia.
Porra, são duas coisas diferentes, faltando dois dias me disse que não queria mais se casar comigo, porque na cama eu era como uma criança, que tinha me traído com um amigo seu, esse sim era um homem na cama.
A segunda coisa, como diz que me conhecias?
Não me reconheceste ainda? Se levantou foi até uma estante, tirou um álbum de fotografia, olha estas fotos, fazem pelo menos uns 15 anos delas, mas podes te reconhecer.
Eram fotos quando tinha uns 14 ou 15 anos, umas férias com um grupo de amigos da escola. Realmente havia uma foto dos dois abraçados. Nesse dia os dois perdemos a virgindade, transamos no rio, não te lembras.
Foi como uma bolha que estourasse na sua cabeça. Eres o Igor Boaventura, caramba como mudaste tanto assim.
Bom a vida passa, mudamos, sobrevivemos, enfim mil coisas. Nessa época os dois vivíamos em Niterói, claro os outros começaram a falar do que tinham visto, meu pai me tirou dessa escola, me mandou estudar interno em Friburgo, nunca mais soube de ti, quando ia de férias te procurava na praia. Mas nunca mais te vi.
Bom pelo mesmo motivo, mudamos aqui para o Rio, meus pais já trabalhavam aqui, nos mudamos para a Tijuca que era perto do trabalho dos dois, passei a estudar no Colégio Militar, segundo meu pai para me colocar no meu devido lugar. Fiz faculdade, me formei, comecei a trabalhar em seguida numa companhia na parte de informática. Primeiro fiz substituindo uma pessoa, depois fiquei como fixo. Estou farto disso, outro problema porque é a repetição da repetição, apesar de ganhar bem. E tu.
Antes de continuarmos a relembrar o passado, vou fazer um café, nos sentamos na varanda, podemos tomar café conversando.
Enquanto Igor fazia soltou sem pensar, eras bonito, mas realmente estas lindíssimo.
Ele riu, dizendo um grande problema, pois querem ir comigo para cama por isso, depois quando me conhecem realmente dão no pé.
Por quê? Sempre foste uma pessoa inteligente demais, eras tímido, com aqueles óculos de grau, tinhas sempre o nariz marcado, por causa disso. Eu sentava atrás de ti na escola, vivia puxando teus cabelos, me fascinavam, porque eu sempre tive cabelos crespos curtos, tu não, levavas imenso, não tanto quanto agora.
Sabes que fizeste isso essa noite, passaste a mão pelos meus cabelos como fazias naquela época.
Sentaram-se na pequena varanda que dava para a praia do Flamengo, ficaram uns instantes olhando a paisagem, era muito bonito, quase em frente ao Museu Carmen Miranda, com vista para o Pão de Açúcar, com a Urca embaixo.
Caramba, deve ser fantástico viver aqui, só está vista.
Quase não tenho tempo para me sentar aqui, o comprei por isso.
Me conta que fizeste tu?
Bom depois do internato, meu pai que trabalhava numa companhia américana, foi transferido, fomos viver no meio do nada, aonde estava a fábrica, tive que ir estudar em Dallas, embora não gostasse muito, muito provinciana. De uma certa maneira, por não gostar muito dali, estudei como um louco, porque os da minha idade eram muito tontos, me viam como um garoto bonito para uma foda, depois adeus. Me toquei rapidamente disso, cortei vamos dizer assim. Se é para isso, bato uma punheta, basta. Me formei também em informática, fui fazer um estágio na Microsoft, depois me contrataram, fui passando por vários departamentos, alguns me achavam um louco por não ficar em nenhum, subir na escala de chefes, mas eu queria aprender tudo, não queria ficar lá, tinha isso definido desde o primeiro dia. Fui sim juntando dinheiro. Meus pais se divorciaram, minha mãe, resolveu voltar, com a desculpa de vir com ela, voltei para cá. Esperava uma mudança, mas minha vida continuou a mesma. Montei uma empresa, vou bem. Mas quanto aos romances, sigo igual, quando percebo que me querem porque sou bonito, não pela minha cabeça, corto pela raiz.
Por isso, pelo nosso passado me trouxeste para tua casa.
Bom eu sempre te considerei meu amigo, me lembro que depois que voltamos dessa viagem, todo mundo vinha encher meu saco, o único que me defendia eras tu. Mas claro diziam que éramos namorados. Não sei se hoje em dia seria diferente. Mas nunca te esqueci, foste meu primeiro amor.
Tu falas nisso, mas na época livrava uma batalha imensa comigo mesmo, por causa disso, não conseguia te tirar da minha cabeça. Quando me olhavas, sempre tinhas um sorriso. Em comparação, a ti sou feio, nunca fui uma pessoa que se possa dizer bonita. Até hoje meus cabelos são o mesmo. Normalmente ia comer com eles todos os finais de semana , mas agora estou evitando, pois ficaram preocupados comigo. Querem falar no assunto.
Nunca mais tiveste relação nenhuma com outro homem?
Não, naquela época, depois eu me masturbava pensando em ti. Tive que ir a um psicólogo porque era uma obsessão. O jeito foi começar a sair com garotas, ter namoradas, meus amigos são todos metidos a machões, a maioria está casada, mas os vejo infelizes. De uma certa maneira penso que me livrei de ficar como eles.
Bom já colocamos o papo em dia, podemos nos ver, vou te dar um cartão com meu celular, assim me chamas se quiseres falar mais.
Quando se levantaram, para passar na porta, ficaram frente a frente, tomei a dianteira, segurei sua cara com as minhas mãos, o beijei como tinha sonhado fazer durante muitos anos.
Por sorte ele retribuiu. Se darmos conta, estávamos na cama. Minha ânsia era tão grande, que acabei tendo uma ejaculação precoce. Fiquei sem graça, pedi desculpa, estou muito emocionado.
Fique tranquilo, eu fiquei me controlando, mas estou legal. Ficaram ali abraçados, lhe soltei, eu te achava bonito, mas o que gostava, era que me tratavas bem, as vezes me ensinava coisas que eu não entendia, mas sem aquela, sou mais inteligente que você. Te via diferente, às vezes, em que vi você sem camisa, ou só de cuecas antes da aula de ginastica, não pensava na tua cara, queria teu corpo perto de mim. Comecei a rir, deve ser por isso que minha noiva dizia que não era bom de cama.
Quando fomos aquela viagem, todo mundo gozava pois estávamos sempre falando, conversando coisas que a eles não interessavam, quando fomos tomar aquele banho de rio, quando te vi só de sunga, não aguentei, tinha que me aproximar de ti, te tocar, perdi o controle, como agora. Não adiantava por exemplo olhar revistas pornográficas, só pensava em ti. Não posso dizer que fosse amor, ou era, não sei, mas quando nos separaram, pensei que ia morrer.
Bom posso dizer a mesma coisa, apesar de ter tido aventuras, aquele momento ficou na minha cabeça, quando chegaste ontem perto na mesa, perguntando se podias sentar, pois estavas abandonado, essas foram tuas palavras, te reconheci imediatamente. Estavas bêbado, mas eu consegui que as meninas te aceitassem. Mas fiquei te escutando, o que falaste do teu casamente não me interessava, sentia si em ti uma solidão muito grande como a minha.
Passei a mão pelo seu rosto num gesto de agradecimento, começamos a nos beijar novamente, então fizemos um sexo gostoso, mesmo naquela época não tínhamos nos penetrado, nem pensávamos nisso, tínhamos sim nos masturbado dentro da água.
Desta vez chegamos juntos ao final.
Tomamos um banho junto, fiquei abraçado a ele, como querendo recuperar todo esse tempo, num dado momento chorei como tinha chorado o dia que meus pais falaram comigo, que isso não era possível, que tínhamos que ir embora, pois todos falavam de nos dois. A dor que tinha sentido era muito grande.
Ele ficou preocupado, me ajudou a me secar, nos sentamos na cama, lhe contei o que tinha sentido, como tinha chorado por tê-lo perdido.
Eu também chorei, mas o pior foi estudar numa escola tremendamente católica em Friburgo, não encaixava em nada, a primeira coisa que me fizeram foi cortar meus cabelos, foi como podar minha personalidade, só voltei a ter cabelos grandes já quando era independente, meu pai dizia que por culpa dos meus cabelos, por ser bonito, atraia coisas erradas. Escrevi cartas que nunca mandei, mas não dizia teu nome nunca, sonhava contigo.
Estavam agora os dois sentados um frente ao outro chorando, se abraçaram, vamos tentar não nos separar mais.
Agora estavam com fome, teria que ir em casa trocar de roupa, pois esta está cheirando mal, a cigarros, bebida, suor.
Queres que te leve, pois depois tenho que ir à casa do rapaz com quem estou saindo, tenho que cortar com ele, pois agora não poderei mais fazer sexo com ele. Embora nem perguntei se queres seguir me vendo.
Temos que ir com calma, pois senão nunca mais sairemos dessa cama. Tens razão, resolva teu compromisso, trocamos o número de celular, farei uma coisa que estou adiando a dias tirar minha roupa do apartamento, embora 80% esteja dentro de malas, amanhã é domingo, pensava em fazer isso.
Queres que te ajude?
Não porque ficaremos o tempo todo na cama. Só de pensar estou excitado de novo. Se jogou em cima dele rindo, começaram de novo a brincar.
Ele o levou até o apartamento que deixava, na Lagoa, na verdade o apartamento era do pai de sua noiva que o queria de volta. Nada ali era seu na verdade, tudo era presente de casamento, ficaria tudo para ela, ali só tinha sua roupa. Tomou um banho por causa da roupa suja, colocou numa bolsa de plástico, guardou o resto, resolveu fazer uma coisa, levar para o apartamento que iria viver agora, um studio em Copacabana, estavam terminando de pintar, mas o quarto estava pronto. Antes chamou o Igor, estava com voz de chateado, disse que iria levar suas duas maletas para Copacabana, depois se falavam.
Espere passo para te pegar assim falamos. Ok
Ficou nervoso, será que eram más notícias, depois de tanto tempo, agora que iam estar juntos outra vez, não conseguia pensar em outra coisa, será que o puto destino os separaria de novo. Isso era uma maldade.
Voltou no tempo, se lembrando do dia que tinham se conhecido, Igor se sentou na carteira em frente a sua, quando o viu entrar, ficou deslumbrado, não só porque era bonito, mas sentia que ele tinha personalidade, o professor falou de um livro que teriam que ler. Ele ofereceu espontaneamente, pois já tinha lido o mesmo, sabia a história de cabo a rabo. Quando no começo do ano, recebiam a lista dos livros que tinham que ler, comprava todos, os ia lendo sem parar. Era um dos seus prazeres, nunca tinha tido uma turma, nem amigos, tinha os colegas da escola, nada mais. Na praia sempre ia sozinho, ou com seu pai, mas acabava ficando sozinho, pois seu pai encontrava com seus amigos, iam para a cerveja, ele ficava ali olhando os outros jogarem futebol, ou jogando vôlei, era um horror nos esporte, fazia um esforço imenso de ver jogo de futebol com seu pai pela televisão, odiava isso. Seu pai ria dele por ser tão tímido. Mas era seu jeito, não gostava de sair muito, cinema isso todos os filmes novos. Mal estreavam no Cine Icaraí, ele ia, ganhava uma mesada que dava, ainda sobrava para comprar seus livros. Sua mãe reclamava, pois como não gostava de ler, sempre dizia, não sei a quem saiu esse garoto. Tinha saído a seu avô paterno, que vivia sozinho, enfurnado com seus livros, discos de jazz, foi com ele que aprendeu a gostar de música, lastima que tinha morrido. Quando o apartamento tivesse pronto, iria buscar seus livros, discos na casa de seus pais. Estes quando soubesse que tinha encontrado o Igor, não iam gostar muito. Tinha pensado em passar um tempo na casa dos pais na Tijuca, mas quando seu pai soube que sua noiva o tinha mandado a merda, seu único comentário foi, sempre foste um frouxo. Não disse viado, porque ia criar uma briga com sua mãe.
Não pensava mais esconder nada. Agora teria que dar graças a deus a ex-noiva, por tê-lo deixado, isso tinha feito que encontrasse com o Igor. Riu pensando no momento que estiveram nus na cama, tinha ejaculado, só do prazer de se encostar nele.
Estava na calçada parado com as duas malas, quando parou o carro dele. Estavas rindo sozinho, mal sinal.
Estava pensando no primeiro dia que te vi, soltou tudo de uma vez, como sempre fazia quando se emocionava. Que o entendia era seu avô, tinha ficado contra seus pais, pôr o terem afastado do Igor, lhe contou isso. Ele ficou uma fera, disse que não era direito fazerem isso. Anos depois me contou que tinha tido um grande amor por um homem, quem sabe eu te transmiti isso.
Perdão falei demais, como foi teu encontro?
Pesado, não é má pessoa, mas está em outra onda, é surfista, fechado dentro de um armário com sete chaves, morre de medo que saibam que é gay. Seus amigos são todos machotes, tem inclusive namorada, mas gosta de dar seu cuzinho. Ficou bravo comigo, depois pediu perdão porque só nos vemos a escondidas.
Lhe disse que isso não ia comigo a tempo, pois estou sozinho de qualquer maneira, sempre vou a um cinema sozinho, tudo, imagina ontem poderia estar comigo, mas tinha uma festa na casa de um amigo. Nem sei como cheguei a ter algo com ele. Talvez carência. Mas o que me deixa chateado, é que não quer assumir que é gay, um dia acabara se casando, sendo infeliz.
Isso pensava agora mesmo, talvez por isso ria, teria que agradecer a minha ex-noiva por ter dado o pé na minha bunda. Senão não iria nunca te reencontrar.
Já que fizeste tudo que tinha que fazer, não queres passar o final de semana comigo. Podíamos ir Icaraí, para recordar os velhos tempos. Ficamos rindo os dois.
Acho melhor é recuperar o tempo perdido, Igor quando viu o apartamento que tinha alugado, disse que era pequeno.
No momento com as dívidas que fiz com esse puto casamento, é o que posso pagar, mas adiante quando esteja tudo bem, poderei ir para um melhor.
A cama foi a única coisa que comprei, o resto está tudo na casa de meus pais, quando puder vou buscar, assim poderei montar o apartamento como quero. Na verdade, só venho dormir em casa, trabalho o dia inteiro, quando saio, venho para casa ler, escutar minhas velhas músicas. Você se lembra quando ias la em casa, ficávamos no quarto escutando música, primeiro me chamaste de antigo, mas depois começaste a gostar de jazz.
É verdade, duas coisas que me deixaste foram isso, livros, jazz, ninguém entende como sou apaixonado, mas não ia dizer que escutava as músicas que tínhamos escutado juntos para me lembrar de ti.
Mal chegaram em casa do Igor, foram de novo para a cama, ficaram deitados um ao lado do outro, lhe disse o que tinha pensado esperando por ele. Que se o puto destino não os ia afastar outra vez.
Acho que não, somos adultos, agora podemos decidir os dois. Igor falou baixinho no ouvido dele, quero que me penetres, nunca fizemos isso, sonho sempre com isso. Foi uma sensação incrível, principalmente porque tiveram um orgasmo juntos. Puta merda, tivemos que esperar todo esse tempo por uma coisa tão boa.
Dormiram, mais tarde a mãe do Igor telefonou para dizer que o tinha esperado, ele disse que depois contaria por quê.
Segunda-feira era dia de retornar a rotina de ir trabalhar, esteve no trabalho cismando, que se estava estagnado por culpa dele mesmo, ao passar no corredor, viu na parede um curso de designer informática.
Não teve dúvida, conversou com o Igor, acho que estou estagnado por minha culpa, devia ter ido à luta, mas me faltava estímulo. Meu trabalho é chato, mas porque fiquei parado.
Se queres fazer um curso posso te indicar, tenho um amigo que dá aulas, ele é excelente, já trabalhou comigo, mas sempre quis ir por livre, trabalha de free Lancer, mas dá aula também. Tenha paciência, porque quando me pega no telefone, fala sem parar. Falou um bom tempo com o amigo, anotou um número num papel. Ele disse que quando queiras, mas cuidado, vai querer fazer sexo, me afastei dele por isso, confundia, trabalhar comigo, com oportunidade de fazer sexo. Mas nunca quis.
E se faço, disse rindo?
Te corto o piru, segurou o mesmo, fazendo o gesto de cortar.
Começaram a falar da família, Igor contou que sua mãe tinha se casado outra vez, com um viúvo, com filhos, mas cada um num lugar diferente, fazem companhia um ao outro, agora ela me apoia, me da força, sempre diz que como ela, encontrarei um companheiro para o resto de minha vida.
Eu ao contrário tenho um irmão, um garoto genial, com uma personalidade forte.
Um filho temporão?
Nada disso, filho de uma aventura de meu pai, que não durou nada, mas ele mantinha ela com o garoto, ela morreu, ele confessou tudo a minha mãe, ela o cria como seu filho. As vezes contra vontade de meu pai, ele vem se encontrar comigo. É um garoto fantástico. Quando acabarem de pintar o apartamento, vou trazer para um fim de semana, depois é claro de uma batalha.
Meu pai, não é capaz de me chamar de viado ou coisa parecida, me chama de fresco, como meus namoros nunca duravam muito, diz que sou um frouxo, um fresco. Nunca me perdoou, por isso nossa conversa é sempre nervosa, se irrita por qualquer coisa, creio que pelo fato de estar no exército tanto tempo, o deixou neurótico, com isso de ser macho, acusa sempre a minha mãe por ter me criado mal. Nem sei como ela aguenta, Pedro, o filho dele, a quer com loucura, acho que por isso ela não manda ele a merda.
Tenho que ir um dia destes buscar minhas coisas, nem me atrevo a falar muito nada de minha vida pessoal, pois sempre sai discussão. Com ela sim falo, se ele não está em casa, aprendeu a ficar calada, não suporta nossas discussões.
Quando queiras ir buscar tuas coisas, te ajudo ok.
Sim são umas quantas caixas nada mais. Os livros que amo, bem como os LPS, antigos do meu avô, todos de jazz é claro. Um velho aparelho de disco, duas caixas de som, está tudo no quarto de empregada.
Os meses passavam, na verdade estavam sempre juntos, cinema, teatro, adorava sair com as amigas do Igor, pois o queriam muito, primeiro pediu desculpas pela bebedeira. Disse simplesmente que esse bendita bebedeira o tinha feito reencontrar com seu melhor amigo.
O curso que fazia com o amigo do Igor tinha saído bem, ele lhe passou um exercício, montar uma capa de um livro. Ele conhecia o livro, tinha lido em inglês, então desenhou várias opções em cima do texto. Muito bem disse o professor, dias depois chegou para ele com um envelope, vendi o teu trabalho, era um pedido que me tinham feito, mas queria saber como te saias. Tive que inventar no final uma assinatura, pois não o fizeste, mostrou o que tinha feito, era uns lábios negros, embaixo em pequeno, S.Bocanegra. gostaram do trabalho, mas lhes disse que fazes questão de ler os livros antes. Semana que vem vão mandar 3 mais, lhes disse que era teu agente. Por enquanto passaram para mim os trabalhos. Os pode realizar aqui, não pense que vou te cobrar nenhuma coisa. O Igor fez igual por mim, nem vou cobrar em carne, disse rindo, pois já entendi como falas dele, que o ama. Ele me mataria.
Quando contou ao Igor, este riu, tinha visto os trabalhos, analisou cada detalhe com ele, o que podia melhorar. Bom agora, tens duas opções, ou vens trabalhar comigo, ou te transforma num free Lancer, tu é que sabes.
Por enquanto me gostaria a segunda opção, ainda não sei muito bem separar as coisas, apesar desses meses nem sei o que somos, amigos de cama e mesa, amantes, ou o que?
Nada de rótulos, quando tivermos certeza de tudo, nos casaremos, isso sim. Te quero como sempre quis, mas tu tens que ter certeza de que queres isso, poderemos viver juntos definitivamente.
Comecei a rir, viver juntos, se não saio daqui, venho todos os dias dormir contigo, só vou ao meu apartamento para buscar roupa, colocar a suja para lavar, dormir sem ti, para mim é um castigo.
Nunca se separavam, contou o que se lembrava do dia da bebedeira, creio que quando te abracei, me senti como num porto seguro.
Teu professor não se insinuou para ti?
Sim, mas disse que não queria morrer tão jovem, que desde o primeiro dia, quando mencionei teu nome, sentiu que eu falava de maneira diferente, perguntou a uma amiga que vocês tem em comum, ela confirmou que vivíamos praticamente juntos. Nunca mais tocou no assunto.
Podemos montar no quarto da televisão, um lugar para poderes trabalhar, se quiseres é claro, ou então o montas em teu apartamento, um lugar de trabalho, assim não ficas tão fechado em casa. Poderei passar trabalhos para ti, meu pessoal esta sempre cheio de trabalhos, mas terás que ir até o escritório, para conversar com a responsável. Nunca me mostre nada, só o faça a ela diretamente.
Com o do livro, tinha sido bom, preparou os outros três, agora passariam o trabalho diretamente para ele, deu para montar o seu studio como queria, comprou novo computador, com tudo que podia de especial, assim poderia fazer o que queria, Usou para isso o sala que tinha uma luz especial. Quando viu o volume de trabalho que a garota que trabalhava para o Igor lhe passou, viu que podia viver disso, se arriscou, pediu demissão do emprego. Estavam contentes com ele, fizeram um acordo, rescendiam seu contrato, se precisassem de seu trabalho externo, ele seguiria fazendo. Isso lhe dava uma boa margem, ganharia mais que como empregado. Se fez de autônomo, para seguir pagando impostos para sua aposentadoria.
Nesse tempo, Pedro veio passar um final de semana com eles, no ônibus quando foi busca-lo, contou a verdade para ele. Vivo com a pessoa que sempre amei, mais ou menos quando tinha a tua idade, teu avô, bem como meu pai, nos separaram. Agora nos reencontramos por acaso.
Pedro, colocou a mão sobre a sua, se ele gosta de ti como mereces, fico contente, será meu outro irmão, mas não se preocupe, não vou comentar nunca com o velho, pois nunca mais ia deixar que estivesse contigo.
Era um garoto fácil de manejar, foram ao cinema, saíram para comer, foram a praia na barra, ele estava extasiado.
O velho não me permite nada, nem que tenha amigos, as vezes me convidam para uma festa, ou para um encontro de todos da turma da escola, diz que não, que isso é perigoso. Agora entendo porque ele pensa assim.
Quando foram leva-lo em casa, já que estava de carro, resolveu descer suas coisas para colocar no carro, Pedro o foi ajudando. Seu pai perguntou quem era que estava no carro, só lhe respondeu que um amigo. Ficou olhando pela janela, observando. Voltou para a última leva de caixas, o velho o parou, não me diga que esse do carro é o Igor, aquele com quem fizeste sexo em garoto.
Resolveu encarar a situação pela primeira vez. O senhor me chamou tanto de frouxo, de fresco, que acreditei, sim é ele, por minha sorte o reencontrei. Vou viver com ele.
Levaste teu irmão para esse tipo de ambiente?
Que ambiente pai, que é melhor que essa casa, aonde controlas tudo, como se estivesse no exército, sem perguntar nada a ninguém. Olha minha mãe, tem sorte ter aceitado teu filho, mal exemplo eres tu que tinhas amantes. Ela nunca reclamou.
Ele saiu da sala, estava abraçado a sua mãe, quando ele voltou com um revolver. Filho meu não fala assim comigo, não sou um frouxo como era meu pai.
Sua mãe se colocou na frente dele, lhe deu um tiro certeiro no coração, a ele disparou três vezes, depois colocou o revolver na boca, deu um tiro.
Igor ao ouvir os tiros, subiu junto com o Pedro, da porta parou, chamou uma ambulância, bem como a polícia. Teve que segurar o Pedro que queria abraçar a sua mãe postiça. Ficou ali com o garoto de um lado, do outro segurando a mão do Sergio. Rezando mentalmente, não me separem dele agora por favor.
Quando chegou a polícia junto com os da ambulância, levaram logo o Sergio, disseram ao hospital, ele disse que os dois não tinham visto nada, só escutaram os tiros, subiram correndo, mas já era tarde, teriam que esperar o Sergio melhorar para saber.
Agarrou o menino, foi com ele ao hospital. Quando chegaram, Sergio estava na sala de cirurgia. Não sabia quando acabaria, tinha três balas no corpo, segundo a enfermeira, por sorte nenhuma atingiu nenhum órgão vital.
Agora era esperar, nesse tempo se encarregou do Pedro, que começava a se sentir culpado. Nada disso, não sabemos o que aconteceu, não eres culpado de nada. Estas comigo, agora sou tua família também.
Quando Sergio foi para o quarto, puderam estar com ele, chegou um inspetor de polícia que os médicos tinham avisado.
Ele disse que seu pai não estava bem, era ex-militar, estava muito neurótico, começou a discutir sem mais, saiu da sala voltou, deu um tiro em minha mãe, menos mal que cai, porque senão estaria morto, depois escutei um último disparo, pensei agora vou morrer.
Pelo que soubemos pelos vizinhos, teu pai, estava muito complicado, tinha conseguido brigas com quase todos os vizinhos, inclusive há várias reclamações a respeito dele na delegacia do bairro. Dizem que por qualquer coisa começava a brigar, que não permitia que tua mãe saísse a rua de maneira nenhuma, nem ao garoto. Que a meses atrás tua mãe, esteve no hospital com hematomas.
Pois não me contou nada, chamou para perto o Pedro, esse confirmou que sim, mas que ela tinha feito ele prometer que não contaria nada. Por qualquer coisa, até uma notícia na televisão, ficava furioso, se os senhores olharam a casa, devem ter visto no salão a televisão quebrada, foi alguma noticia sobre militares, ele arrancou a televisão da mesa aonde estava, a atirou no chão. Disse que na casa não entrariam mais mentiras. Mas comprava jornais todos os dias, depois quando não gostava rasgava o jornal inteiro. Levantou a manga da camisa, não queria que eu passasse o final de semana com meu irmão, queria me pegar, minha mãe se colocou no meio, levou a pior. Foi quando foi para o hospital.
Bom o senhor terá que se fazer responsável pelo seu irmão menor de idade, deve depois ir até o juiz para retificar.
Obrigado por tudo inspetor.
Pedro, se deitou sobre seu peito, como pode fazer isso com nossa mãe, ela procurava obedecer em tudo a ele para evitar esses problemas, ficava agressivo, quando sem querer eu não obedecia, me chamava de filho da puta, era isso tua mãe verdadeira, ai ela me defendia, não fale assim com meu filho. Nunca dizia a ele teu filho, eu era só filho dela.
Ela sempre te quis muito Pedro, não se esqueça disso.
Agora teria que preparar o enterro dos dois, nem sabia a quem chamar. Não conhecia nenhum parente, apareceu um homem do exército, dizendo que de seu pai, pelo rango que tinha se encarregavam eles. Mas sua mãe não estava incluída.
Me lembrei o cemitério que estava o avô, lá pros lados de Charitas, vou ver se posso enterrar ela lá. Deu as dicas ao Igor, que disse que ia verificar tudo.
Vou levar essas coisas para o teu apartamento, o Pedro fica comigo lá em casa. Vou ver se minha mãe pode vir dormir com ele, assim posso ficar contigo aqui, nem isso vai me separar de ti. Chorava dizendo, quando pensei que te perdia, quase tive um enfarte.
Estava me despedindo de minha mãe, abraçado a ela quando ele voltou, sem uma palavra apontou o revolver, ela se colocou diante de mim, por isso morreu, como eu estava com as caixas, elas creio que me protegeram. Eram as coisas do meu avô, nunca pensei que ele odiasse seu pai tanto assim. Me disse que seu pai era gay. Imagine o velho estava sempre sozinho, só minha mãe e eu que o visitávamos, ele não ia nunca. Uma vez me lembro, ela disse que ele mandava lembranças, ele respondeu, minha filha, não minta por esse sem vergonha. Morreu sozinho, foi enterrado nesse cemitério, ele tampouco foi ao enterro que tinha uns quantos gatos pingados.
Pedro vem, comigo, vamos resolver esse assunto, assim teu irmão descansa.
No carro, o garoto soltou, como gosto de ver vocês dois juntos, se gostam de verdade. Meu pai dizia que era impossível isso, dois homens se gostarem, quando aparecia alguma notícia de gais na televisão, apagava a mesma, dizia que bastava um naquela casa. Levei muito tempo para entender que falava do Sergio. Mas desde que me viu, me tratava como seu irmão, me dizia que eu não tinha culpa dos erros dos outros.
Uma grande verdade, não temos a culpa dos erros de nossos pais, ou dos demais, temos sim que ter consciência do que somos capazes, seguir em frente, lutar. A partir de agora, volto a te repetir, não estas sozinho, tem a nós dois.
Por sua cabeça rondava, agora creio que devemos nos casar. Quando entrou na cozinha viu o corpo do Sergio coberto de sangue, a dor que sentiu no peito, quase o deixa sem raciocínio para chamar ambulância além da polícia.
Falou com sua mãe, ela não vivia muito longe dele, quando contou o sucedido, porque não trazes o garoto para cá, José vivia antes nessa zona, pode conhecer alguém para te ajudar. Venha para cá quando possa, esse garoto deve ter fome. Contou ao Pedro, que para sua mãe tudo se revolvia comendo, eu falando assim parece que é imensa de gorda, ao contrário é magra como eu.
Creio que lá estarás bem, pois os dois são gente fina.
Ele não é teu pai?
Não, meu pai vive até hoje nos Estados Unidos, gosta da vida lá, a fábrica para qual trabalhava, lhe paga bem, apesar de estar aposentado, para orientar os mais jovens. Um lugar aonde judas perdeu a bota, nem voltou para buscar a mesma.
Depois de fazer tudo, foi a casa da sua mãe que esperava com a mesa posta, se sentaram com eles, volta e meia olhava o garoto, segurava sua mão. Igor piscava para ele. Depois antes de sair com o Jose, lhe disse ao ouvido, esse menino pode virar teu neto. O sorriso da cara dela, era imenso.
Resolveram tudo, José conhecia todo mundo, conseguiu liberar o corpo da polícia, que uma funerária fosse buscar, além de manter até Sergio poder ficar em pé. Na hora que foi deixa-lo, quando entraram em casa, sua mãe, mostrava um álbum de fotos dele na mesma idade. Riu, pensou, já assumiu que é avó.
Pelo menos Pedro estava tranquilo, lhe disse que ia para o hospital, vou passar em casa agora, tomarei um banho, irei para o hospital. Quando chegou levou um susto, Sergio não estava no quarto, quando perguntou lhe disseram que estava outra vez em cirurgia, tinha tido um problema.
Ficou aterrado, chegou à conclusão de que se ele morresse ia ser difícil seguir em frente. Todos esses anos, tive aventuras, mas nada como o que tenho agora com ele. Sabia que se contasse a alguém diriam que ele estava vendo filmes românticos demais.
Quando ele voltou para o quarto, riu da sua cara, o que passa?
O que aconteceu digo eu?
Nada, foram fazer o curativo, um dos pontos tinha saído, bem como uma grapa que usam agora, então me levaram para fazer outra vez.
Puta merda, cheguei aqui não te vi, levei um susto de morte.
Como está o Pedro?
Bem, na casa da minha mãe, fui com o José que conhece todo mundo, resolvemos tudo, trouxe uns papeis que tens que assinar, nada mais.
Eu disse ao ouvido da minha mãe, que Pedro pode vir a ser seu neto, ficou como louca, quando voltei estava mostrando um álbum de fotos minhas quando garoto.
Como seu neto?
Ora Sergio, se nos casamos, podemos adotar o Pedro, só isso, só por isso me caso contigo.
Sem vergonha, isso lá é maneira de me pedir em matrimonio?
Inovadora é. Só de pensar em te perder de novo, fico alucinado. Ficou ali segurando sua mão, até que mais tarde ele dormiu. Acabou dormindo, encostou a cabeça na cama, acordou muito mais tarde com Sergio passando a mão nos seus cabelos como ele gostava.
Mais tarde veio o médico, explicou, teria que usar uma faixa no tórax, até quase o quadril, pois duas balas tinha entrado e saído. A terceira que era a perigosa, tinham retirado. Mas precisavam da pressão da faixa para manter as costuras fechadas. Tiveste sorte, pois essa terceira podia ter sido a final. Dentro de dois dias poderás sair, desde que prometa não fazer esforço.
Mais tarde, sua mãe com o José, trouxeram Pedro para ver o irmão, tiveram que o conter pois se queria jogar em cima do mesmo. Sergio ficou alisando seus cabelos, fique tranquilo, vou sair daqui dois dias, vamos ficar juntos ok.
Igor avisou seu advogado, que veio falar com eles, para justamente Sergio conseguir a guarda do irmão, não se preocupe, conheço um juiz da vara de menores, resolvo tudo para ti. Já falamos.
Um momento que Lindalva, a mãe do Igor ficou sozinha com ele, disse, não sabe o quanto me arrependo de ter ficado quieta quando devia ter defendido que os deixássemos em paz naquela época, mas meu marido era um cabeça dura. Menos mal que vocês se reencontraram, tudo que quero é ver meu filho feliz, sei que está pela maneira que olha a ti. Esta mais relaxado, até conversa mais com o José. Pode deixar que cuido esses dias do teu irmão, é um bom garoto, me contou tudo que aconteceu. Talvez mais tarde devas leva-lo a um psicólogo, pois essas coisas marcam muito.
Ficou ali segurando sua mão, Igor parou na porta, ficou sorrindo, pode largar a mão dele, é minha. Depois a senhora tem que me ajudar a encontrar um anel de compromisso, não posso deixar que escape, quero me casar com ele.
O enterro de sua mãe, eram só eles, tinham removido os ossos de seu avô, encontraram sua carteira de documentos junto ao corpo. Ninguém entendeu, creio que meu pai o mandou enterrar como estava, não trocaram suas roupas, não houve velório, nada disso. Só viemos, eu e minha mãe.
Achou tudo muito estranho, ficou com a pulga atrás da orelha, pois quando olhou os documentos, seu avô aparecia como solteiro. Resolveu fuçar, buscou na casa da sua mãe, os documentos do pai, só constava como família seu pai, não aparecia o nome de uma mãe. Rebuscou mais numa caixa de metal, fechada com chave, ali encontrou um documento de adoção, uma coisa rara na época. Então a raiva deve ter sido esta, seu avô tinha adotado seu pai. Nessa caixa havia fotos dos dois sempre juntos, mas uma lhe chamou a atenção, pois era de seu pai abraçado com o avô, o beijando no rosto. Noutra, uma reunião na casa dele, mas não havia nenhuma mulher, só homens. Bem no fundo encontrou um pequeno caderno, escrito primeiro em letra infantil, primeiro contente que esse homem o tivesse adotado, o retirando do orfanato que estava, aonde passava fome. Depois um comentário o deixou surpreso, mas que não gostava de dormir na mesma cama que ele, que este o agarrava muito.
Já anos mais tarde, dizia que iria fugir, que finalmente tinha descoberto que o que os dois faziam era pecado, não sabia que fazer sexo com o próprio pai era errado. Ou seja, agora entendia o horror que tinha ao avô, tinha abusado dele. Ele me diz que se sente só, que sou a única pessoa que ama, por isso dorme comigo.
Que coisa mais complicada, ficou com esses papeis na mão, fechou a caixa, separou com as outras coisas, o de sua mãe era fácil de explicar, foi criada num orfanato, talvez por isso tivesse dificuldade de o abandonar. Separou as coisas do Pedro para levar, o resto doou tudo para que viesse buscar, o apartamento era alugado. Batalhou para conseguir que a pensão que seu pai tinha, ficasse com o Pedro, para fazer um fundo para que um dia pudesse ir à universidade.
Quando comentou, mostrando as anotações, bem como os documentos ao Igor, o porquê seu pai era tão retorcido, tão fechado em si mesmo, o escândalo que tinha feito quando tinha descoberto o que passava entre eles. Tinha tudo sobre isso muito confuso em sua cabeça. Foi falar com um psicólogo que conhecia, lhe mostrou tudo. Na minha infância, tudo que me lembro, é que nunca tive um carinho dele, como se tivesse medo de se aproximar, será que isso lhe provocava. Perguntei ao meu irmão, ele disse o mesmo que nosso pai nunca tinha lhe feito um carinho.
Busquei seu registo no exército, aonde ele tinha entrado com 18 anos, para poder fugir do meu avô, mas quando ia a casa deste eu só escutava música, falávamos de livros, era uma pessoa totalmente tranquila.
Bom o melhor era deixar esse passado, pois agora entendia o que lhe passava pela cabeça, era uma coisa totalmente distorcionada, não faria bem a mim, nem que Pedro soubesse disso. Ele sentia realmente era a morte de minha mãe, pois o tinha cuidado com amor. Tampouco tinha ideia de quem seria sua mãe , verdadeira, porque ele tinha sido registrado como filhos dos meus pais. Que confusão.
Mas segui meu trabalho. Conseguimos uma transferência do Pedro para perto de casa, quando o juiz me deu a custódia dele, lhe perguntei, se pela diferença de idade eu poderia adota-lo. Fizemos o papel rapidamente.
Igor um dia cheio de mistério, era meu aniversário, logo de manhã, fazíamos sexo, ele sentado em cima de mim, se abaixou tirou do travesseiro uma caixa com um anel, queres te casar comigo. Não sei por que fiquei alucinado, fizemos um sexo mais selvagem, lhe disse, peça outra vez quando esteja dentro de mim. Foi o que ele fez. Agora entendia o que era sexo de verdade. Eu lhe disse que sim, se essas seções não acabassem nunca. Pedro as vezes passava o final de semana com Lindalva, essa o enchia de mimos, tinha tempo de sobra para curtir o neto.
Eles aproveitavam para estar sos. Quando Pedro se formou na Universidade, foi interessante, falava dos avós que o tinham feito ir em frente, Lindalva, Jose, e seus pais que amava acima de tudo Sergio e Igor.
Os dois agora tinham os primeiros cabelos brancos, mas felizes. Tinha valido o tempo de espera.
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