martes, 31 de diciembre de 2019

SAUDADE


                                                                  SAUDADE

Saudade torrente de paixão
Emoção diferente
Que aniquila a vida da gente
Uma dor que não sei de onde vem

Deixaste meu coração vazio
Deixaste a saudade
Ao desprezares aquela amizade
Que nasceu ao chamar-te meu bem

Nas cinzas do meu sonho
Um hino então componho
Sofrendo a desilusão
Que me invade
Canção de amor, saudade !
Saudade

Se olhava no espelho do banheiro, seus primeiros cabelos brancos começava aparecer na lateral da cabeça, as pessoas diziam que ficava super bem.  Mas não para ele. Significava que o tempo estava passando, ele continuava sozinho.   Se lembrava de uma palavra que sua mãe dizia sempre “soledad” ela, seu pai, o irmão mais velho tinham vindo das ilhas, nunca diziam ilha.   Seria mais fácil dizer Cuba.   Mas quando lhe perguntavam era das ilhas.

Em casa só falavam espanhol, inglês só na rua, mesmo assim todos os dois tinham um sotaque inconfundível.

Seu pai tinha sido campeão de boxe, peso ligeiro.  Tinha ganho vários campeonatos em Cuba, mas chegou um momento que se queria ser conhecido, só saindo da ilha.   Primeiro foram para Miami, depois New York.  Quando ganhou dinheiro suficiente, comprou uma casa antiga, bem como abriu um ginásio de Boxe, no Bronx.

Seu irmão não queria estudar, seguiu a carreira do pai, desde criança estava no ginásio, treinava todos os dias.  Quando começou a ganhar, ter um nome, fez como todos emigrantes que em seguida ganham dinheiro, esbanjou.  O muito idiota, se casou com uma porto-riquenha, que só abria as pernas, se casasse.  Logo estava gravida, o dinheiro ficou pouco, voltou para a casa dos pais.  Ele teve logo que lidar com isso de ser um adolescente com um sobrinho que chorava todo o tempo.  Reclamava com sua mãe, que precisava estudar, mas com aquele choro contínuo era impossível.  

Seu irmão, um idiota rematado, por mais que o pai falasse, começou a meter-se esteroides para poder se manter em forma.  Um dia participou de um acordo entre treinadores, deveria ganhar o primeiro assalto, perder os outros.   Infelizmente o outro boxeador, não sabia da história, deu-lhe golpes atrás de golpes.  Resultado no nocaute, saiu direto do ringue para o hospital.  Morreu sem ver a cor do dinheiro.  Minha cunhada, em vez de chorar, ficou furiosa, a deixava numa casa que não era a sua, tinha que aguentar uma sogra louca, com uma criança.

Para meu pai, foi um golpe difícil.  O filho que tinha treinado com tanto amor, lhe decepcionava.

Eu ia treinar boxe, mais para me defender de bullying na escola.  Todos me chamava de mariquita, pois me dedicava a estudar com afinco.  Tinha noção que queria uma vida melhor para mim.    Que me chamassem de mariquita, me importava um caralho, eu sabia que era.

O pobre velho, quando chegava em casa, tinha que escutar as lamurias da mulher que depois da morte do filho, vivia dizendo que tinha saudade da ilha.   Lá era feliz, aquilo era vida, música, ritmo, além de tudo tinha que suportar o inverno da cidade que odiava.   Quando chegava o mesmo parecia que tinha engordado cem quilos, pela quantidade de roupa que usava. Nessa época as saudades aumentavam.  Vivia cantando as músicas que tinha na cabeça, dizia que era para entrar o calor.

Minha cunhada, que de tonta não tinha nada, logo arrumou um emprego numa sapataria, tanto fez que se casou com o proprietário.  Desapareceu levando o garoto.  Saiu batendo a porta, dizendo que nunca mais queria escutar essa palavra saudade.

Meu pai morreu logo em seguida, teve um enfarte, enquanto fazia a siesta no ginásio, não se atrevia fazer em casa, para não ter que aguentar a mulher.

Todo mundo pensou que ia fechar o ginásio.  No dia seguinte ela tomou o mando de tudo, a chamavam de todos os nomes, era pior que meu pai.  De tanto escutar o velho falando com meu irmão dos golpes, em qualquer programa de televisão que transmitissem um campeonato, ela aprendeu tudo.   Mantinha todos na linha.   Os velhos treinadores gostavam dela, não permitia abusos lá.   Mas quando chegava o puto inverno, chegava junto à saudade.

Eu sei que fazia isso para que eu pudesse estudar.   Quando entrei na universidade, a primeira coisa que fez foi querer me comprar um terno, camisa social, gravata.  Lhe dizia que não se usava para ir as aulas, tive que a levar para ver que era verdade. Mas todos anos, me comprava um pelo natal.  Para quando terminasse os estudos.   Fui fazer arquitetura minha paixão, entrei porque tinha notas excelentes.

Já nessa época tinha minhas paixões, gostava de um qualquer, ia em frente até levar para a cama.  Ela descobriu cedo essa minha faceta, mas fazia que não via.   Nunca soube bem por que, não duravam nada.  Ninguém queria um romance com um sujeito que vivesse para estudar.

Mas não sobravam dinheiro para bares, discotecas, nada disso.  Só podia ir se alguém me convidasse.  Logo estavam todos meio bêbados, queriam fazer sexo.           Era fácil, mas no dia seguinte, não se lembravam de nada.

Tinha os cabelos negros como os dela, olhos castanhos, uma cara normal, corpo bem formado pelas aulas de boxe, mas usava óculos, que me dava cara de intelectual de merda, como eu dizia.     Pois era tudo, menos intelectual.   Gostava sim de fazer sexo. Mas amor como sonhava, nada.   Criava ilusões que num estalar de dedos, desapareciam.  Mas não desistia, um dia encontrarei alguém.

Quando me formei, arrumei logo um emprego.   No dia seguinte, me avisou que vendia o ginásio, que iria voltar para as ilhas, não aguentava mais ter os ossos gelados no inverno, não queria morrer ali.   Primeiro vou por uma temporada, depois resolvo.   Nunca mais voltou, uma vez por ano mandava uma carta, nada mais.   Lhe mandava dinheiro, sempre por alguém, pois por correio nunca chegavam.

A casa estava paga, resolveu com sua cabeça dura, que gastaria dinheiro, mas passaria para o meu nome.  O dinheiro do ginásio iria para uma conta conjunta, que eu lhe mandaria sempre um certo valor.   Logo na primeira carta, disse que esse dinheiro era muito ali, que se os tivesse na mão os parentes não a deixariam em paz.  Contava para todo mundo que tinha sido eu que paguei a viagem.  Tenho que ser pobre como eles.  Arrumou um pretendente, que foi seu noivo até que morreu.  Casar de novo, é como repetir uma besteira na vida.

Pois eu não aprendia, seguia tentando, até que um dia disse basta.  Agora como ganhava bem, começava assinar meus próprios projetos, comecei a fazer nome.  Me vestia bem, tinha um corte de cabelos bonito, deixei de usar óculos para usar lentes de contato.  Já me chamava de guapo.   Mas sempre me chamavam de mariquita.

Um belo dia, fui procurado por um casal que tinha comprado um apartamento  em Chelsea, era muito bom, um último andar, com uma pequena varanda.  Queriam reformar, iam se casar, tinham usado todas suas economias.  No último momento, ela descobriu que ele era gay. Foi tudo pro brejo.  Eu tinha ficado quieto, pois ele nem se lembrava que tinha dormido comigo uma só noite.   Como já estava no final da obra, me deviam dinheiro, lhes disse que comprava o apartamento.  Vendi a casa no Bronx, comprei o apartamento.   Mobiliei com bom gosto, mas simples.  Tinha novos amigos, com quem sair pelas noites.  Gostava de sair no final de semana para jantar, depois esticar ao Monster, aonde os viados davam pinta cantando músicas da Broadway.   Me divertia ficar com meus amigos, encostado na barra, rindo, fazendo comentários.   Conheci muita gente ali, de uma foda, de uma noite.  Fiz também amizades com os que me diziam na cara que não queriam nada comigo a não ser amizade.

Eu me perguntava nas noites de lua cheia que me batia a filha da puta da saudade, que eu não sabia de que era.  Devia ser dos homens com quem tinha feito sexo, mas que não dava certo.

Tinha um grande amigo, era do Texas, me dizia sempre, antes só que mal acompanhado, pois ele arrastava um romance de anos com um homem casado, que só aparecia quando o cu lhe ardia de desejo, como dizia  Orson.   Era meu amigo para todas as horas, todos os segredos, todos os comentários do dia seguinte.  A eterna pergunta, acreditas que voltará.

De repente o terror invadiu a cidade, tinha chegado à Aids, me fechei em copas,  fiz todos os exames, mais de uma vez.  Deixei de fazer sexo.  Agora me tocava ajudar a cuidar dos amigos, ir aos hospitais visita-los, usando trajes especiais, máscaras.  Levava coisas que estes gostavam, bombons, alguma coisa que pudessem fazer uma barganha com os enfermeiros.  Subornava aos mesmo que qualquer coisa me telefonasse.  Estava sempre ansioso, ao primeiro toque de telefone.  Mas eram as pessoas que eu queria, não me importava cuidar deles.  Alguns me chamava agora de mariquita samaritana.    Já não tinha paciência para essas idiotices,  mandava logo tomarem no cu.

Uma das últimas vezes que fui a uma festa do grupo em Fire Island, faltava a metade do pessoal, alugávamos sempre a mesma casa.   A festa estava aborrecida, sai fui me sentar na praia, justo nessa semana tinha morrido um amigo que visitava sempre, tínhamos feito universidade juntos, tinha tido com ele, uma aventura de uma noite.    Numa das visitas, lhe perguntei, porque não tinha dado certo entre a gente. 

Me respondeu, você já se escutou, sempre sonhas com o príncipe encantado, em plena primeira noite diz a pessoa que a ama, que quer viver toda a vida com ela. Isso assusta qualquer um.   Fiquei com aquilo na cabeça.  Realmente fazia isso.

Estava ali sentado, quando apareceu uma sombra ao meu lado.  Era um que estava sempre nas festas da casa vizinha, as vezes nos juntávamos.  Sentou-se, chateado?

Sim, mais um amigo essa semana. 

Anote, eu devo ir em breve, já sei que tenho a maldita.  O olhava, não podia acreditar, era um monumento de homem, forte, cabelos compridos, sempre bronzeado do sol.  Estava triste, pior não tenho mais nenhum amigo, desta vez vim para fechar definitivamente a casa, vou colocar a venda.  Eu a conhecia, era pequena, mas muito interessante.  Lhe disse que me interessava.  Não disse para ninguém, mas comprei a casa. Tinha dinheiro para isso. Tinha diante de si uma paisagem fantástica. 

A partir do nosso contato, passamos a sair agora os três, Orson, ele a quem chamávamos de Jim das Selvas, pelo seu tipo.   Chegava no final da noite, íamos cada um para sua casa.   Um belo dia me chamou, dizendo que estava hospitalizado.  

Não queria avisar sua família, tinha metido todo seu dinheiro num banco, quando morresse seu testamento era dinheiro para os cientistas que buscavam a cura.   Não é grande coisa mais ajuda.

Comecei a fazer o seguinte, ia mais cedo trabalhar, ao meio dia ia ao hospital, carregado de sopa, alguma coisa quente para ele comer.   No final era um homem pele e osso, sem cabelos, com feridas por todo o corpo.  Eu não me importava, lhe passava creme nos pés, nas pernas, nos braços.  Comprava os melhores hidratantes que me aconselhavam os enfermeiros.  Morreu nos meus braços.  Me disse dias antes, quando te conheci, devia ter tido um romance contigo. Mas eras tão fechado, triste as vezes.

Mais uma vez, lá fui eu analisar isso.  Resolvi, que devia ir á um psicólogo, para me ajudar a aguentar o tranco disso tudo.  Porque as perdas eram muitas.  Quase já não tinha amigos, lagrimas para derramar num enterro.  Pior a maioria das vezes, o enterro só tinha uma ou duas pessoas.  Raras famílias compareciam.

Nunca quis me ligar a nenhum movimento ativista, porque o que me interessava era cuidar dos amigos.   O baque maior, foi quando ao fazermos nossos exames, Orson deu positivo. Começou a gritar, esse filho da puta, me transmitiu essa merda.   Ele era fiel ao seu amante, agora descobria que esse nem tanto.

De vingança, no saguão do hospital, ligou para o mesmo e contou.   Dias depois me disse, olha no jornal, página tal.  Fui olhar, fiquei de boca aberta, pois era uma pessoa famosa da alta sociedade, tinha se suicidado.

Orson ficou literalmente mal de todo.  Não sei se isso ajudou, mas a doença logo fez presença, foi uma coisa galopante, nenhum dos remédios que já tinham inventado, ajudaram a parar, ele tampouco queria viver.  Segurava minha mão, dizendo por que não me apaixonei por ti, ah meu amigo, como me arrependo.  Do bonito que era virou rapidamente um cadáver.  Avisei uma irmã sua que tinha conhecido, que encontrei no seu caderno de endereços.  Me disse na cara que era impossível visita-lo, pois ela tinha família, podia ficar contagiada.

Santa ignorância pensei, por mais que tentasse explicar, me bateu com o telefone na cara.  Ia duas vezes por dia visita-lo, agora levava comida, para todos que estavam no seu quarto, as gente me dizia, como podes fazer isso, deixar tua vida para cuidar da gente, devias estar nas discotecas.  

Mas como explicar que tudo isso tinha morrido para mim.  Meus melhores amigos, companheiros já não existiam.  No dia que ele morreu, me derrubei.  Sai dali, pedi pelo amor de deus que o psicólogo me atendesse.  Na entrada da consulta, tinha outro nome. Ele tinha se internado também.   Saiu um psicólogo, alto barbudo, me sentei, nem sequer disse meu nome, comecei a chorar, não havia maneira de parar.  A princípio ele pensou que Orson era meu namorado.  Lhe expliquei que não, era meu melhor amigo.   Conversamos muito.   No dia seguinte fui ao enterro do Orson, eu, seu advogado, ninguém mais.

Dois dias depois o advogado me chamou para me contar que sua irmã tinha aparecido por se ele tinha deixado alguma herança.   Telefonei para ela dizendo todos os palavrões que sabia, liguei tantas vezes que tirou o telefone do gancho.

Foram meses em que nem sabia direito o que estava fazendo.  Como nunca tinha tirado férias, apesar de ser inverno, fui para minha casa de Fire Island, que sequer tinha estreado.  As pessoas me olhavam, estava realmente mal.  Tinha emagrecido horrores, estava exausto emocionalmente.   Me sentava nas escadas da frente da casa, chorando.  Agora entendia de solidão, de saudade.    Agora entendia  o que sentia minha mãe, não era o tipo de saudade que ela sentia, mas saudade das pessoas amigas.   Agora tinha até medo de fazer amizade, porque em seguida podiam me avisar que estavam morrendo.

As vezes a vida tem coisas engraçadas.  Voltei a trabalhar, já um pouco melhor, comia direito, continuava indo ao psicólogo.   Um dia minha secretária me avisou que tinha um rapaz muito jovem que queria falar comigo.  Dizia que era meu sobrinho.   Já esteve aqui antes, mas não estavas.  Era o filho do meu irmão.   Era tão bonito como ele.

Me disse que não suportava mais viver com sua mãe, estava no terceiro matrimonio.  Cada vez que se casa, é com um bom filho da puta.  Este último, me deu uma surra de fazer gosto, pois me disse que não me atrevesse a ser gay como meu tio.

Queria saber se podia ficar contigo.

Claro que pode, mas vamos resolver isso direito, me dê o telefone de tua mãe.  Pedi que viesse até meu escritório.    Ela pensou que ia entrar num lugar de merda, mas quando viu meu escritório mudou de ideia.  Tudo que deve ter pensado foi, meu filho vai herdar tudo isso.

Autorizou os papeis que o advogado trouxe, me passando a guarda do filho.

Era estudioso como eu, iria entrar para a universidade no ano seguinte.  Mas tinha uma dúvida, não sabia o que fazer.  Tinha muitas amigas, um dia me perguntou se podia trazer uma namorada para dormir.   Tudo que lhe disse foi, as mulheres vão ficar loucas, porque eres bonito, nunca se esqueça de usar camisinha.  Assim evitas ter que se casar.

Lhe pararam na rua, para fazer fotos, logo um studio conhecido lhe chamou,  passou a posar, virou manequim.  Falei serio com ele, nada de drogas, teu avô morreu de desgosto quando descobriu que teu pai tomava.   Portanto uma regra, drogas nada.   Porque não entras para uma escola de teatro.   Assim fez, em vez de universidade, teatro, moda.    Logo foi chamado para fazer um vídeo, deste, pulou para o cinema.  Quando ficou maior de idade falei a sério pela última vez com ele.  Agora eres dono da tua vida, sejas correto.   Nada de drogas, tenha sempre um advogado para ler os contratos, principalmente as letras pequenas.

Fez uns dois filmes com sucesso, logo se meteu em tudo que eu lhe disse para não fazer, morreu de sobre dose na casa um completo desconhecido, que dava uma festa louca, o encontraram no banheiro morto.  Trouxe seu corpo, o enterrei ao lado do meu pai, de seu pai.  Agora só sobrava eu mesmo na família.

Puta que pariu, contínuo sozinho.  Agora fazer amizades, complicava, pois os que tinham sobrado eram mais jovens do que eu.  Resolvi fazer uma viagem para a Europa pela primeira vez.  Lá se respirava de outra maneira.  Na Itália, via que se aproximavam de mim, imaginando, um coroa rico, americano.  Mal sabiam que dessa água eu já tinha provado, me negava a beber mais.    Um dos arquitetos que conheci, pois gostei de sua obra, me convidou para um final de semana em sua casa de campo.  Que na verdade era um palácio.  Só me avisou, vais encontrar a final flor da sociedade burguesa italiana, que não faz porra nenhuma na vida.  Vivem para desfrutar.

Cheguei no sábado, no domingo arrumei um jeito de ir embora.   O chofer que foi me buscar, me perguntou, estranho, normalmente venho buscar gente aqui na segunda-feira.  Soltei tudo que pensava, menos mal que o proprietário me avisou.  Estou farto disso.  Vim conhecer a Itália, todos pensam em me explorar, porque sou americano, para eles sou rico.  É a minha primeira férias em anos.  Sem saber muito por que, comecei a conversar com o homem, como estava sentado atrás, pedi que parasse, como ele me olhava virando para trás, disse que ia provocar um acidente.  Quando passei para frente, vi que era um homem como eu. Inclusive tinha óculos.  Comecei a rir, perguntou logo por quê?

Lhe disse o que me diziam, que eu não enquadrava no tipo das pessoas gays.  Não era guapo, apenas me vestia bem, era sério.   Não gostava de perder tempo com conversas idiotas.

Eu entendo, concordo contigo, tampouco atraio ninguém, nem homens, nem mulheres, as que se aproximam querem se casar, para terem um filho, ganharem uma pensão.  Me contou que tinha tido uma paixão com um amigo de adolescência, que esse quando soube que ele estava apaixonado.   Me deu uma surra, rompeu meu óculos na minha cara. Tive que levar pontos, mostrou a cicatriz.   Tive que reconhecer aos meus pais que era gay.  No dia seguinte me mandaram para um seminário, para ser padre.  Quando fiz 18 anos, escapei.  Trabalhei de tudo que possas imaginar, como sempre gostei de conduzir, juntei dinheiro comprei um carro, fiz bons contatos no restaurante que trabalhava, passei a levar, trazer turistas para aonde quisessem ir.  Agora tenho um bom apartamento.  Mas sigo igual, ninguém se interessa por mim.   O contratei, começou a me mostrar um lado da Itália, que o turista normalmente não visita,  nos sentávamos no final do dia, em algum lugar com vista, tomávamos vinho, falávamos, acabamos na cama.  Até nisso erámos iguais, gostávamos de fazer certas coisas que os outros não gostavam.  Abraçar, beijar, fazer carinho.   Lhe perguntei se queria ir comigo para a América.  Me disse que não, veja tu tens tua profissão, eu sou um simples motorista.  Não vou encaixar no teu mundo.  Acabei ficando mais um mês com ele. Nos separamos, passamos a nos escrever um ao outro incentivando que encontrasse seu par.   Ele encontrou num ex-seminarista como ele.

Eu continuei no hora vejam.  Às vezes me doía  a solidão, se fosse verão ou mesmo inverno, ia para Fire Island, gostava mesmo de ir no inverno.   No verão, aquilo continuava sendo um mar de homens gays, a procura de aventura.   Riam da minha cara, quando chegava vestido simplesmente como sempre.  Uma calças jeans, camiseta polo, sandálias.   Tampouco tinha interesse de ter essas amizades, o que percebia era que eram totalmente superficiais.  Vinham para a festa.  Gostava sim das noites de lua, me sentar nas escadas, ficar fumando  maria, que me relaxava.  Volta e meia aparecia alguém pelo cheiro.  Pedia um tapa, ia embora.  Tampouco fazia nenhum movimento para segurar a pessoa para fazer sexo.

Já estava farto.   Um dia passeando pela praia, passei por um grupo, em que estavam dois homens maiores, o resto era tudo jovem.   Um dos mais velhos disse que eu tinha cara de amargado.   Só me faltava estar passeando com um cachorro para  arrumar alguém.

Virei é disse, bom conselho, pelo menos não fico fazendo ridículo como vocês, com esses jovens, que os mandaram a merda, mas tenham acabado a foda.

Um deles se ofendeu. Quis tirar satisfação, lhe avisei fui lutador de boxe.  Riu na minha cara, dizendo desde quando uma mariquita hispana sabe isso.  Dei-lhe um murro, que rompeu o nariz.   No dia seguinte apareceu um homem da polícia para saber se era verdade a denúncia.

Estava tranquilamente tomando café, o convidei para entrar, ofereci café, lhe expliquei o que tinha acontecido.  Ficou olhando na minha cara.  É difícil acreditar que sabes lutar boxe.  Sim meu pai foi lutador, treinador, meu irmão campeão várias vezes, eu resolvi estudar, ser arquiteto.

Ele ria, imagino a cara do sujeito quando levou o soco.  Hoje fez a denúncia, os jovens se mandaram inclusive lhe limpara de dinheiro.

Pois é prefiro isso, estar aqui sozinho, tomo meu banho de mar, fico na minha. Não estou mais para aventuras, se tiver que ficar sozinho ficarei.  Não quero ser ridículo.

Posso vir tomar café contigo todos os dias se queres.   Eu na verdade não sou da delegacia daqui, só estou ajudando no verão.   Acabo de me divorciar, um casamento que não deu certo, porque sou gay.   Ela vinha me traindo com meu melhor amigo do corpo.  Então pedi um translado, assim vim parar aqui.  Quando termine o verão, poderei ir para qualquer outro lugar.

Começamos a conversar, no dia seguinte ele tinha folga, o convidei para jantar, tenho comida demais.   As noites ficaram mais agradáveis, podia se falar em qualquer assunto que ele entendia.  Uma noite fizemos sexo, foi uma coisa sensacional.    Agora podia desfrutar mais do meu tempo, tinha gente trabalhando para mim.  Ia uma vez por semana a cidade, para ver como iam os projetos, depois ficava na ilha.   Ele agora dormia lá em casa.  Tomávamos café bem cedo, pois ele tinha que trabalhar. Depois voltava de noite para jantar, dormir comigo.  Confessei que tinha medo de me apaixonar por ele.  Lhe contei que antigamente afastava as pessoas, pois na primeira noite já lhes dizia que estava apaixonado.

Estou fudido me disse,  imagina, quando abriste a porta, fiquei olhando para ti, como pode esse homem dar um murro naquele idiota.  Fui eu que me apaixonei por ti.  Senão tampouco teria acedido o convite para um café.

Lhe contei que gostava de vir no inverno, tem uma coisa que gosto muito, raras vezes acontece, é ver a neve cobrindo a areia,  me dá tranquilidade.

Tenho que ver.  Pena que quando acabe o verão, não sei para aonde me mandaram.  Embora mandei curriculum para um escritório de advogados, porque sou formado em direito.  Tenho experiência em lidar com a polícia, isso pode ser interessante.

Um dia estávamos conversando, agora já estávamos na época dos celulares, quando tocou o seu. Lhe chamavam para uma entrevista.

Acabamos indo viver juntos, formamos um casal singular, somos parecidos fisicamente, gostamos de muitas coisas em comum.  Somos um para o outro, a outra meia laranja. Me faz feliz como eu nunca pensei que podia ser.  Não temos segredos nenhum um para o outro, contamos toda nossa vida, para que os segredos, nunca viessem à tona, cheirando mal.

Nossa próxima viagem, será a España, pois sua família era emigrante de lá. Vamos conhecer a terra de seus pais.  Visitar o resto.  Creio que será uma bela viagem.

Nunca mais tive saudade de nada. 



 


jueves, 26 de diciembre de 2019

JOHN BOY


                                                                         John Boy

Vivia numa vila miserável, no interior do Texas, não havia muita coisa que fazer, uma fábrica de salsichas, carne embalada, nada mais.  Todos trabalhavam na fábrica, ou no campo cuidado de vacas.   Nada de cinema, tudo que existia, eram um bar que abria pela noite, um restaurante, a escola só ensinava a ler, escrever, alguma coisa geral, se querias mais, tinha que ir para outra cidade.  A mais próxima ficava a duzentos quilômetros,  além de tudo era de terra batida.

Tinha nascido ali, seus pais chegaram para trabalhar na fábrica logo no início, por isso tinham uma casa melhor, com o tempo, os que foram chegando se apanhavam em pequenas casas, ou mesmo trailers.  Seu irmão mais velho, sim tinha nascido em outra cidade, tinham uma diferença de idade de 10 anos.   Quando era pequeno, o maltratava, tinha abandonado a escola, pois tinha uma cabeça dura.  Quando fez 14 anos, os pais o meteram para trabalhar na fábrica, fazendo pequenas coisas.

Ele ao contrário se dava bem na escola, com a matemática, aonde todos falhavam.  A professora o incentivava para seguir em frente.   Seus pais, tinham pensado em manda-lo para a casa de um parente em Dallas, mas tudo se trucou.  Um final de semana, foram a um churrasco comemorativo do final do ano, na fazenda do proprietário da fábrica.  Como seu pai tinha bebido muito, seu irmão maior conduzia o carro.   O caminho era reto, mas em alguns lugares era perigoso.   Dado momento seu pai, tentou tirar o volante do filho, não entendia por que estava conduzindo.   Resultado o carro capotou, dando pelo menos umas 10 voltas sobre si mesmo.  Tanto seu pai, como sua mãe, morreram no ato.   Seu irmão teve uma fratura no braço, outra na perna.   Ele por milagre saiu ileso.

O proprietário da fábrica, manteve seu irmão trabalhando, mas tiveram que deixar a casa confortável que viviam, para um novo chefe que ocupava o lugar de seu pai.   Seus sonhos de continuar estudando foram a merda diretamente.

Conseguiu um emprego no restaurante, fazia de tudo, limpava, servia mesas, ajudava na cozinha quando fazia falta, carregava o furgão quando esse ia buscar bebida, descarregava o mesmo quando voltava.  Era um animal para toda obra.   De magro que era, passou a ter um corpo mais musculoso, cresceu até chegar aos 18 com 1.90 de altura.  Todo mundo fazia brincadeiras com ele, porque estava sempre sério.

Mal sabiam dos problemas que aguentava.  Volta e meia tinha que ir buscar seu irmão na cadeia, porque tinha bebido demais, provocado alguma briga.  Ele quando voltava para casa ainda limpava tudo, lavava a roupa dos dois, na máquina do camping. Procurava estar sempre limpo para ir trabalhar.

As garotas eram as que mais iam para fora estudar, raramente voltavam.  As que ficavam eram feias, logo iam trabalhar na fábrica, estavam sempre com um cheiro que penetrava no nariz, como de carne podre.

Fez sexo com algumas delas, que ficavam maravilhadas com o instrumento que tinha. Diziam que nenhum outro da cidade tinha nada igual.

Um dia no serviço, foi ao banheiro, entrou o filho do dono da fábrica, um tipo que tinha feito universidade, casado com a mulher que seu pai tinha escolhido.  Era um bom tipo para todos da fábrica, mas seu casamento ia a pique, pois não tinha conseguido fazer filhos.

Quando este viu seu instrumento, ficou alucinado. Fechou a porta do banheiro, pediu por favor se o deixava colocar na boca.   A princípio ficou assustado, mas deixou.

Este passou a espera-lo no meio do caminho que fazia para ir para casa.  Lhe oferecia dinheiro a troco que o penetrasse.   Foi guardando esse dinheiro escondido do irmão, pois sabia que se este descobrisse, com certeza iria gastar em bebida e drogas.  A tempos o xerife o tinha pilhado com um sujeito que vinha a vila passar drogas aos jovens.

Ele manteve seus encontros durante basicamente um ano.  O Pierce não era má pessoa, sempre lhe dizia, nasci no lugar errado, com o pai errado.  Contava que tinha passado uma larga temporada em Los Angeles, aonde tinha feito sexo com muitos homens.  Falava dos clubes que tinha frequentado.   Ele quando chegava em casa, anotava o nome dos lugares.

No fundo gostava de fazer sexo com ele, pois ao contrário das mulheres, tinha um cheiro muito bom.  Um dia lhe ofereceu uma caixa com um sabonete, perfume.  Quando abriu a caixa ficou sorrindo como um bobo.    Nunca tinha recebido na vida um presente.  Agora Pierce, cada vez que vinha, lhe dava além de dinheiro algum presente, uma camisa, roupa interior.   Disse que não podia usar por enquanto, porque senão seu irmão ia querer.  Foi escondendo tudo, um dia teria roupa para partir.

Nisso estavam já a mais de 1 ano, quase dois, quando Pierce lhe disse que alguém da fábrica os tinha visto, estava fazendo chantagem. O melhor era deixarem de se ver por algum tempo.

Chegou a sentir falta do mesmo.  Dias depois voltou a procura-lo, dizendo que não podia viver ali sem os encontros que tinham.   As vezes falava de seus sonhos de ir embora, mas que não sabia para onde ir.   Pierce lhe disse que devia ir para Los Angeles, tentar entrar para o cinema pois era muito bonito.   Ele nunca tinha ido a um cinema, nem visto um filme.  Pois ali na vila, ninguém tinha sequer televisão.   Tudo que sabiam do mundo era através da rádio.

No seu aniversário, Pierce, lhe trouxe uma caixa de bombons, bem como um envelope, isso é para ajudar no dia que fores embora.   Quando chegou no trailer, abriu o envelope, ficou de boca aberta, era muito dinheiro.

Um final de semana, lá estava ele outra vez tirando seu irmão da cadeia.   Desta vez tinha um corte grande na cara.   Uma enfermeira que trabalhava na fábrica, atendendo o pessoal, estava lhe costurando a mesma.  Tinha brigado com o traficante, porque não lhe queria dar drogas, já tinha gasto todo seu salário do mês, não tinha dinheiro.

O que foi sua sorte.  Justo nesse momento voltava o xerife dizendo que tinham assassinado o Pierce a menos de meia hora.   Ninguém sabe o que estava fazendo nas traseiras da fábrica, deve ter brigado com alguém, pois este lhe assentou uma facada mortal.

Achou por bem, avisar ao xerife, que este estava sendo chantageado por alguém da fábrica.

Como sabes disso?

Pediu para falar a sos com o xerife, contou o que tinha com o Pierce, o que este lhe tinha contado.  Não sabia quem era, mas alguém o deve ter visto conversando ou discutindo com alguém da fábrica.

Sem querer ele tinha um álibi perfeito.  Estava na própria delegacia, com o ajudante, a enfermeira, além do louco do irmão.

Resolveu dar mais uns dias, ir até a estrada, para conseguir pedir carona num dos caminhões que saiam da fábrica.   A maioria saia de noite, para ele era perfeito.

Preparou sua maleta de papelão, que tinha pertencido a sua mãe, com tudo o que tinha, guardou num lugar que tinha encontrado perto da estrada.  Agora tomava muito cuidado quando se movia.   Nessa noite quando voltava do restaurante, um grupo de jovens, incluindo o ajudante do xerife o cercaram, então quer dizer que gosta de dar o cu não é mesmo.  Pois eras  a garota do filho do chefe.  Iam se revezando, o penetraram todos.  Ficou ali jogado no chão, quase que a noite inteira.  Quando despertou, se sentiu sujo.  Filhos da puta, pensavam que eu era a garota, quando o Pierce é que era.

Sabia que se fizesse escândalo seria pior.   Já tinha visto o que tinha acontecido com uma das empregadas da fábrica.  Tinham feito o mesmo com ela.  Acabou se suicidando.

Não, ele não faria isso, apenas adiantaria sua partida.

Se limpou como pode, se arrastou até o banho comunitário do camping.  Tomou um banho, se lavando um milhão de vezes.   Não conseguia se sentir limpo.

Disse ao irmão que avisasse no restaurante que estava doente, que não iria trabalhar.

Sabia que um furgão saia todos os dias da fábrica por volta das 10 da manhã, levando uma carne estupenda a um restaurante em Dallas.   Era um furgão frigorifico, tinha amizade com o motorista, era de sua idade, tinham estudado juntos.

Este quando o viu na estrada, perguntou aonde ia?

Mais fácil eu perguntar aonde vais?   Podes me levar?

Sim, mas não diga a ninguém da fábrica.

Seu corpo inteiro doía, mal podia se sentar.  Mas não reclamou, procurou mover-se o menos possível.  Quando chegaram a Dallas, disse ao outro que ia tomar um ônibus para Nova York, que se lembrava por ter escutado nas aulas de geografia.  Não tinha a menor noção de aonde ficava.

Procurou um hotel barato perto da estação, um desses que as baratas são as rainhas do lugar, ficou dois dias se recuperando.  Foi a uma farmácia, se lembrou de uma conversa com o Pierce que dizia que sempre tomava um tipo de remédio, para não ter problemas de transmissão de doenças sexuais.  Comprou, leu a bula, até riu, pois dizia que se vendia a partir de receitas médicas.   O homem sequer olhou para ele quando vendeu.

Quando já não sentia dor no corpo, foi até a estação, comprou um bilhete para Los Angeles, tinha dinheiro, graças ao presente do Pierce.  Nunca iria se esquecer dele.  Tudo bem que lhe dava dinheiro, presentes, mas era extremamente carinhoso com ele. Conversava, falava de sonhos,  lhe incentivava a ir embora, dizendo se ele pudesse já teria desaparecido a muito tempo.

Chegou morto de cansado em Los Angeles, com 1,90 metro, não era fácil se acomodar no banco do ônibus.      Procurou logo uma pensão pelo lugar que tinha uma vez mencionado Pierce, tinha uma caderneta, com tudo o que ele dizia em suas conversas.

Quando entrou, viu logo que os homens o olhavam.  Quando pediu um quarto, disse quantos dias, o homem da portaria, lhe explicou que ali era um hotel por horas, que as pessoas iam ali para trepar, mais nada.

Anotou um endereço na mesma rua, é um hotel um pouco melhor, pertence ao meu irmão, diga que fui eu que mandei.

De fato, o homem riu, como pudeste pensar em se hospedar lá.   É um hotel de putas, viado que vão lá para transar, mais nada.

O tipo era agradável, alto como ele.  Se chamava Mark Wilson, disse que tinha tentado fazer carreira no cinema, mas que isso era impossível sem um padrinho.

Precisas de um bom corte de cabelo, uns sapatos melhores, nada de botas de cowboy, pois vão te tomar logo por um puto, que está aqui para arrumar um velho para fuder.

Ficou espantado com a imagem.   Mark o levou a um salão de cabelereiros, cortaram seu cabelo, muito loiro, depois foram comprar uns sapatos.  Devias fazer um tipo, como surfista de praia, lastima que esteja tão branco.    No final de semana vou à praia, te levo.

Que sabes fazer?

Disse que tinha trabalhado sempre num restaurante, que sabia fazer de tudo, desde ser um ajudante de cozinha, como limpar, carregar bebidas, fiz isso desde que fiquei sem meus pais.

Tenho um pequeno restaurante a volta da esquina, enquanto espera algum trabalho pode servir.    Lhe apresentou o cozinheiro.   Viu em seguida que os dois tinham alguma coisa entre si.  O Cesar, era italiano, bom estampa,  sabia falar bem inglês.   Foi com o tempo corrigindo seu acento.

No primeiro final de semana, foram os três a praia,  tinha comprado uma sunga apertada, seu aparelho como ele chamava seu membro, fazia um volume que chamava atenção.

Cesar brincou que não necessitava de enchimento para chamar a atenção, pois tinha bom tipo.

Não tenho enchimento nenhum, se soubesse tinha comprado um desses de surfistas, para não chamar a atenção.  Colocou uma camiseta grande para esconder o aparelho.

Nada disso, deixe a mostra, veras o sucesso que vais fazer.

Estiveram na água brincando, ele nunca tinha visto o mar, nem tinha ideia de como era, quando comentou que aonde vivia não existia sequer cinema, de noite o arrastaram para ver um filme.

Ficou alucinado, a primeira pergunta que fez, foi como se fazia um filme.

Os dois riram dele.  Depois pediram desculpas, tens razão, é uma pergunta séria.

Mark que tinha feito alguma coisa como pontas em filmes, lhe contou como eram as filmagens. Levam meses para conseguirem filmar, depois passam por uma mesa de corte, montam as sequencias que querem para dar sentido a história.

Agora no restaurante o Cesar sempre encontrava um jeito de roçar nele, ou com a mão, ou com a própria bunda.   Um dia Mark o viu fazendo isso, riu, John, enquanto não enrabar esse italiano, ele não vai sossegar.  Já fizeste sexo com outro homem.  Muito sem graça disse que sim.  Contou do Pierce.  Cesar vivia em cima do restaurante.  Nesse dia Mark, convidou o John a subir, virou-se para o Cesar, disse trouxe um tronco para te enrabar.    Este quando viu o aparelho, ficou alucinado, se ajoelhou colocando tudo na boca, acabou enrabando os dois.  Agora Cesar queria todo os dias.  Ele disse que nem pensar, que não tinha ido para Los Angeles para ficar fazendo isso.

Mark um dia apareceu com um sujeito bem vestido, lhe apresentou, como Joseph Anderson, o levou para o apartamento de cima.   Mostre teu aparelho a esse homem.  O sujeito o analisou, mandou tirar a roupa.  Perguntou que ginásio frequentava?

Nenhum, nunca fui a um.

Tens um corpo estupendo.  A cara também, não é de nenhum artista de cinema, mas creio que ficara bem nos filmes.  Transas só com homens ou com mulheres.

Ele comentou que as mulheres com quem tinha feito sexo, cheiravam mal, por causa do trabalho que faziam na fábrica.

Eu faço filmes eróticos, tanto para homens como para mulheres. Já viste algum?

Fui ao cinema outro dia com os dois, nunca tinha ido.  Mas não sou tonto.

Venha, foi com ele e Mark, a um lugar especial, ao lado de uma loja pornô.  Se sentaram, começou a passar um filme de um homem fazendo sexo com uma mulher.  A mulher gemia todo o tempo.  Aquilo não parecia dar prazer.  Depois passou uma de dois homens. Viu que os dois homens estavam excitados, muito mais interessante que o homem e mulher.  Não eram homens frágeis, sim homens fortes, inclusive um tinha barba, pelos pelo corpo.

Lhe disse o quanto pagava por filme. 

Lhe parecia muito dinheiro, ia dizer algo, mas Mark lhe cortou.

Nada disso, sabes que sei quanto pagas aos melhores, já viste o que tem esse garoto, vais pagar como que valem mais.   Bom primeiro quero ver como procede com outro homem.

Tens que concordar em dar beijos, etc.

Só uma coisa não faço senhor, essa coisa de passar a língua no cu do outro, não sei se está limpo ou não.  O homem ria a não mais poder, batia as mãos nas pernas.

Tudo bem, vamos fazer um filme. Com mais cinco atores, terás que enrabar todos eles ok.

Combinou com Mark, quanto pagaria. Dizendo, mas não explore o garoto.

De volta para o trabalho, Mark foi aconselhando.  O melhor que fazes, é nada de frequentar os lugares para que fiquem atrás de ti.   Crie um mistério para tua vida.  Te consigo um apartamento, faça os filmes, administre teu dinheiro, porque a maioria, ganham, gasta com besteiras.  Exija exames médicos dos teus companheiros, isso é muito importante para não pegares doenças contagiosas.   Use sempre camisinha, assim te protege.   Aliás , vamos fazer um exame médico teu, para apresentares também.  Sempre que transes com qualquer pessoa o faça com camisinha, não se esqueça.  Te ensino como usar, disse rindo.

Quem não gostou da história, fazendo uma cena, bem italiana, foi o Cesar, viu que ia perder um brinquedo que tinha gostado.   Mas Mark o colocou rapidamente em seu lugar.

Ele na verdade tinha gostado mais de fazer sexo com Mark que com Cesar, mas ficou quieto.

Foram ver um pequeno apartamento ali perto,  Mark ia pagar, mas ele disse que tinha dinheiro para isso.   Sabia que não devia pedir favores, pois o teria que pagar, isso comentava muito o Pierce.   Nunca deva nada a ninguém, pois passaram a vida te cobrando.

Mark tinha passado numa farmácia, comprado uma caixa de camisinhas das grandes, lhe explicou como devia colocar.   Depois explicou, eu sempre vi muitos desses filmes, inclusive conheci Joseph Anderson quando ele começou, fiz uns dois, mas não tenho tipo.

Lhe explicou como devia se comportar, que devia evitar olhar para a câmera,  ignore o sujeito, vou te mostrar como deves fazer. Lhe ensinou todos os truques para que a câmera focasse bem seu aparelho.   Agora o mais importante, exija uma pausa, para te recuperares.  Não aceite drogas de maneira nenhuma, nem cheires nada que te ofereçam.  Ficaras com cara de louco em seguida, todo mundo percebe que estas drogado.   Nem te deixe que Joseph de controle.  Cumpra o que ele diz para fazeres, mas exija sempre descanso. Ele vai lucrar muito contigo. Se esse filme fizer sucesso, em seguida pedimos mais.  Até parece que sou teu agente. Mas posso controlar essa parte se quiseres.   O dinheiro é contigo, não quero saber de nada.  Só quero uma coisa, que não faças mais sexo com o Cesar, pois senão não irá te deixar em paz.  Eu mesmo já estou cheio dele.  Assim que arrume outro cozinheiro o coloco na rua.

Mark, vou ser honesto, prefiro fazer sexo contigo, não gosto do cheiro dele.

Mark ria muito, sempre digo isso, o filho da puta não entende que tem mau cheiro.

Mas vamos fazer um acordo, prefiro ser teu amigo a ficar fazendo sexo contigo, podia querer sempre mais.  Está claro, não me permita pedir que faça mais sexo contigo, ok.

Tens algum plano para tua vida John?

Gostaria de estudar, terminei o curso, preciso fazer um que me permita ir à universidade.  Gosto de ler, mas nunca tive acesso aos livros.  

Quando ele disse isso, Mark teve uma ideia.   Lembra o que te disse da vida misteriosa, pois já a temos.   Vamos te comprar uns óculos, sem graduação que modifique tua cara.  Uma maneira de vestir diferente do que apareças nos filmes.  Um corte de cabelo que possas mudar de cara.

Pelo que me disseste que faz um agente, já tenho um.  Por que fazes tudo isso por mim Mark?

Porque se eu tivesse tido uma pessoa que me orientasse quando tentei fazer cinema, teria conseguido alguma coisa.    Mas ao contrário, me perdi, acabei cheio de dívidas, me achava o máximo, quando era um merda, um zero à esquerda.  Às vezes os pequenos papeis que fazia, eram cortados sem dó nem piedade pelo diretor.  Nunca sabiam meu nome.

As pessoas a quem eu contava que era o máximo, começaram a rir de mim.  Daí foi um passo para o álcool, drogas, graças a deus, meu irmão rapidamente me tirou disso.  Me deu o hotel para cuidar, com o dinheiro, comprei o restaurante.  Tenho idade para ser teu pai, outro dia adorei fazer sexo contigo.  Mas sei que isso pode me levar a me apaixonar por ti.  Não mereces que façam isso contigo.  Se me consideras teu amigo, me perguntes antes se deve ou não fazer certas coisas.

Que certas coisas?

Bom o Joseph, logo vai querer te vender para veados ricos, para que faças sexo com eles. Ele ganha dinheiro fazendo isso. Se fazes uma vez, farás sempre.  Em pouco tempo, estarás queimado, ninguém mais vai te chamar para fazer nada.

Se me permites, vou brigar com o Joseph, pois sei que ele não gosta, mas exija que teu agente este sempre presente nas filmagens.  Verás as filmagens serão, dois ou três dias como no máximo, com isso ele ganha uma fortuna, mas ganha mais se fazes coisas por fora. Como esses encontros que te disse.  Depois de um tempo vai querer, que sejas passivo em algumas cenas, alguns acabam de garanhão a passivos num toque simplesmente.   Eu se fosse você, me negaria, por isso te digo, quanto mais criares um personagem, mas difícil será que ele te controle.   Depois desse filme, existem outros diretores que irão querer fazer filmes contigo.

Quando ficou sozinho, ficou pensando nisso tudo.  Não queria simplesmente ficar fazendo sexo por fazer.  Entendeu tudo que Mark tinha falado com ele, inclusive tinha respondido todas suas dúvidas.   Tinha sido honesto com ele, como o Pierce tinha sido todo o tempo.

Vou experimentar fazer como ele diz.  Mas com esse dinheiro poderei estudar, porque me sobrara tempo.

Foram para a filmagem, antes já tiveram uma pequena briga com o Joseph.  Mark exigiu ver os exames médicos dos outros atores.  Inclusive mostrou o seu.

Não me diga que agora serás seu agente.

Sim, ele assinou um contrato comigo, só eu o represento.  Antes de começarem a filmagem, leu o contrato para ele. Na parte que dizia que Joseph era seu agente, ele disse que nem pensar, tinha assinado contrato com o Mark.   Não queria outra pessoa dizendo o que ele deveria ou não fazer com sua vida.

Te disse Joseph, não sou tão tonto como possa parecer.

Este lhe trouxe cinco atores, disse que eram os que iam contracenar com ele.  Uma das partes, transaras com todos.

Olhou a todos, disse, posso transar com cada um, com um descanso de duas horas, mas com todos nem pensar.  Não quero participar de orgias.  Mark tinha mostrado um vídeo assim, não tinha gostado.   No contrato, não diz que tenho que participar de nada disso.

Joseph ficou furioso.  Mas acabou concordando.

Disse como seria cada cena.  Esperava poder descarregar sua raiva, em cada vez que ele fizesse uma coisa errada.   Mas tinha entendido tudo que Mark tinha dito.   Ignorou completamente o homem da câmera, da iluminação.   Naquele momento só existia ele é o outro homem com que ia fazer sexo.  Cada um que ficava nu na frente dele, ficava excitado sem problemas.  No final, cada um dizia que tinha sido bom.

Levou dois dias fazendo o filme.  Mark tinha exigido metade do dinheiro já no primeiro dia. No último dia antes de começarem a filmar uma cena, ele exigiu o pagamento final.

Joseph, gritou que se algum outro aparecesse com um agente, ele despediria a todos.

Nesse dia, tinha outra pessoa no set de filmagem.  Um sujeito, meio gordo, com os cabelos cheios de brilhantina. Bem vestido, mas sem muita presença.   Depois da cena, com ele ainda nu, lhe apresentou o sujeito.  Este foi direto, quanto queres para fazer sexo comigo. Lhe ofereceu o dobro que tinha ganho com o filme.

Sinto, mas hoje não posso, tenho outros compromissos.  Agradeço sua atenção, mas sempre cumpro meus compromissos .

O homem ficou olhando para ele, sem saber muito o que fazer.  Enquanto se vestia viu que pedia ao Joseph que lhe devolvesse uma certa quantia em dinheiro.   Entendeu o que tinha dito o Mark, o Joseph o tinha vendido para uma noite com o homem.

Pegou sua mochila, saiu. Mark estava na porta, já com o carro funcionando.

Conseguiu se matricular numa escola para adultos, tirou documentos, com óculos, com outro tipo de penteado, outro tipo de roupa.  Usou o nome de sua mãe.  John Copertino.

Nada teria com o nome que tinha dado ao Joseph, John Boy.

Este ligou várias vezes ao Mark, querendo que o convencesse de marcar encontros.  Falando de dinheiro.

O dinheiro não tinha sido muito, mas juntou com o que tinha do Pierce, abriu uma conta no banco, o apartamento estava pago por três meses, ele seguiria trabalhando no restaurante, agora como encarregado.  Mark tinha despedido o Cesar.  Agora era um cozinheiro que tinha vindo com a mulher, viveriam no andar de cima.

Quando foi avisado que o filme ia ser lançado em vídeo,  Mark comprou um, para ver como ele se saia.  Ficou morrendo de vergonha.  Nunca se tinha visto nu, nem a cara de prazer que colocava nas cenas, tinha tido realmente prazer com cada um deles.

Agora deixa comigo, com esse vídeo, vou falar com outros diretores, veremos o que se pode fazer.  Mark tinha uma cabeça fantástica para o negócio, redigiu ele mesmo um contrato, se alguém queria seu trabalho, teria que ser dessa maneira.  Agora iam sempre a uma praia afastada, para que ele ficasse mais moreno de corpo inteiro.  Quando estavam por lá, sempre tinha vontade de fazer sexo com Mark.  Mas não se atrevia, a partir do que ele tinha dito.

Mark conseguiu contrato com outros diretores, estes logo aceitavam os termos do contrato.

Conseguiu aprovar nos testes que tinha feito, inclusive um elogio em matemática.  Com um filme ao mês, não precisava de mais.  Além de tudo tinha o dinheiro que ganhava no restaurante que lhe dava para pagar o apartamento, para viver.  Cada dinheiro ganho, depositava rapidamente no banco.   No restaurante era respeitoso com os clientes, mas nada de intimidades.  Mark estava contente com ele.

Mostrou suas notas de final de exame, como se estivesse mostrando a um pai.  Só não sabia que tipo de curso fazer na universidade.   Seus gastos extraordinários eram sempre com livros, conseguia ler nos intervalos quando não havia nada que fazer no restaurante, em casa. Nos finais de semana de verão quando iam a praia, sempre levava um.  Mark ria, dizendo que tinha descoberto um intelectual.

Mark, tento sim é recuperar o tempo que me foi negado.  Tinha passado seus aniversários, natal, ano novo, todas as festas com Mark.  Eram realmente como uma família.   Um dia o irmão deste veio lhe perguntar, se tinham alguma coisa.  Pois depois do Cesar, seu irmão estava diferente.  Mais sério, trabalhando sempre.   O hotel inclusive tinha melhorado no faturamento.

Não ia dizer, que ele levava as contas para o Mark, nem que tinha lhe sugerido uma série de coisas.   Absolutamente, somos apenas amigos, encontrei nele uma pessoa que pode ser meu pai.  Me ajuda, me estimula a estudar.   Creio que o senhor não conhece muito bem seu irmão.

Ele sempre me deu problemas, mas agora o vejo sério.   Mesmo que tivesse alguma coisa contigo, eu até gostaria.

Tinham passado dois meses desde seu último filme.  Não quis ver de maneira nenhuma, quando Mark, apareceu com o vídeo.   Só se lembrava de uma coisa.  Um garoto com o corpo bem feito, mas com um aparelho pequeno, foi o primeiro com quem transou.  Viu que estava assustado, o diretor tinha recomendado, calma com ele pois era a primeira vez.   Se  assustou quando viu seu aparelho.  Disse baixinho, relaxe, vamos procurar brincar, só quando tiveres relaxado te penetrarei porque senão o diretor ficará bravo.   Pela primeira vez, tinha brincado com um companheiro, lhe tinha beijado muitas vezes, o tinha excitado tanto que o garoto permitiu que o penetrasse.   Ao final lhe agradeceu sem graça.  É que preciso desse dinheiro.

Ficou com lastima dele quando o diretor lhe colocou com mais três para uma cena de sexo em grupo. Logo parou, porque viu que não ia funcionar.  Pareceria um estrupo.

O garoto saiu chorando do local.  Ia atrás dele, mas Mark disse que não o fizesse. Podes chamar atenção.  Viram o diretor lhe pagando, dizendo que não servia para isso.

Estava numa dúvida cruel, tinha ido a mais de uma Universidade, mas não encontrava uma coisa que lhe interessasse.   Não queria ser médico, matemático, olhava os temários, mas não lhe diziam nada.    Mark estava preocupado com ele por isso.   Estava fechado em si mesmo, como essa decisão fosse importante.

Finalmente, lhe entregou um cartão velho com um nome.  Cristhofer Columbus, a universidade que trabalhava.   Mas terá que me fazer um favor.   Se ele te perguntar quem te deu o cartão, nunca lhe diga que fui eu.   Ele foi o amor de minha vida, não quero que me encontre.

Tomou coragem, foi a Universidade, procurou pelo professor.  Na secretária, lhe disseram que estaria no dia seguinte dando aula num dos anfiteatros, o horário.

Se vestiu discretamente, chegou antes da hora, quando o professor ia entrar em sala, lhe apresentou o cartão, me disseram que o senhor pode me orientar, pois não sei que curso escolher.

Bom agora vou dar aula, faça uma coisa, sente-se lá em cima, assista a aula, depois falamos. Viu que ele ficava com esse cartão na mão, inclusive o tinha cheirado.

Era um tipo interessante.  Alto, cabelos encaracolados, misturando brancos com negros, uma barba pequena, mas cuidada, bem vestido.  Entraram os alunos, fazendo barulho, mas ele cortou em seguida.  Hoje vamos falar de liberdade, comentou os vários filósofos que tinham falado sobre liberdade.  Definiu o que cada um pensava a respeito.

Começou a perguntar a cada um o que pensava a respeito.  As respostas eram muito diferentes algumas das outras, alguns se referiam a termos políticos.  Até que um aluno, que o tinha olhado como reconhecendo como novo na sala na hora que tinha entrado.  Disse que para ele a liberdade era em termos sexuais.  Que só seria livre na hora que pudesse fazer sexo, aonde quisesse, com quem quisesse, não importando o lugar.  Se houvesse gente ou não.  Gostaria era de ter a liberdade que teve Matheus de transar com o senhor do membro poderoso, faria com esse homem em qualquer lugar.  Tinha sinalado um dos outros jovens.  Levou um tempo, mas reconheceu o rapaz do filme.  Ser sinalizado assim, lhe parecia de mal gosto.

Sem se dar conta, rebateu, creio que estas totalmente enganado. Primeiro estas julgando uma pessoa por alguma coisa que ela fez.  Isso é cortar a liberdade dos outros.  Outra, fazer em qualquer lugar, principalmente em frente de pessoas que não conheces, também é uma maneira de ofender.  Liberdade é também respeitar o espaço alheio, respeitar as pessoas. Ninguém nunca é livre, tudo na vida tem preço.  Julgar ou querer o que outra pessoa teve ou tem, isso não é liberdade, é inveja.

O rapaz ficou ofendido.   O professor lhe fez um sinal de muito bem.

Quando acabou a aula, fez um sinal para que descesse até ele.

Gostei da tua participação.  Meu trabalho é de filosofia.  Me conta que gostas de fazer.

Bom senhor, eu venho de uma vila, nos confins do Texas, vi um filme pela primeira vez aqui, acabei meus estudos, já tarde, sou mais velho que a maioria dos seus alunos.  Tive boas e más experiencias. Estive indo de universidade em universidade, olhando os programas, mas não encontro nada que me atraia.   Gostei do que se falou na aula.  Sou honesto, não conheço os filósofos que o senhor mencionou, escrevi num papel os nomes, irei me informar a respeito.

Uau, já queria eu que todos esses idiotas fizessem isso.   Apesar de ter-lhes ensinado, na aula seguinte já não sabem o conceito de nenhum.

Olha, o curso ainda dura dois meses, se queres consigo que assistas as classes como ouvinte, para tomar depois uma decisão a respeito.

Me parece interessante, pois não tinha pensado nisso.   Gosto demasiado de ler, leio tudo que possa me interessar, desde história do país, como do mundo. Quando entro numa livraria, é como se entrasse em minha casa.

Muito bem, agora a outro assunto.  Aonde, quem lhe deu esse cartão.  Eu desse cartão só fiz uns cinco.  Queria saber quem te indicou.

Ficou num beco sem saída.  Bom foi um grande amigo que tenho.  Me ajudou muito desde que estou aqui.

Não será por acaso Mark Wilson?

Como?

Sinto o cheiro dele no cartão.  Ele sempre teve um cheiro peculiar. Riu, olhando nos olhos do John disse diretamente, foi o grande amor de minha vida, num momento difícil da dele, não soube ajuda-lo, desapareceu.  Até hoje procuro por ele.  Adoraria poder falar com ele.

Como os dois tinham dito o mesmo, não via por que não dizer nada.

Falarei com a pessoa que me deu o cartão, procurarei saber por quê.

Se for ele, diga que sigo pensando nele, que faz falta na minha vida.  Que compreendi que errei.    Bom temos aula depois de amanhã, o assunto será sobre felicidade.  Procure escrever a respeito, gostaria de ler o que pensas.

Quando saiu, viu através de um vidro, mais adiante, que o sujeito com quem tinha debatido, falava sem parar, mais ao fundo estava sentado sozinho numa mesa o rapaz do filme.

Num impulso, entrou comprou um café, se dirigiu a ele, perguntando se podia sentar-se para tomar o café.  Este olhou, procurando se havia outras mesas vazias, mas estava todas cheias.

Nunca ninguém senta comigo, se não te incomoda, pode se sentar.

Não consegues te relacionar com os outros companheiros?

Ah, foste tu que me defendeste em aula, levei um tempo para levantar a cabeça escutar o que dizias.  Esse imbecil, desde que viu um vídeo em que participei, tem feito da minha vida um inferno.    Não entende que eu precisava de dinheiro para pagar a universidade, que não tenho pais, o meu trabalho mal dá para pagar o quarto em que vivo.  Vem esse filho de pai rico, ficar zombando de mim.

Morro de vergonha por ter feito esse vídeo, isso tudo ainda é pior.

Pois eu acho que te saíste bem.   Quando te disse que relaxasse, seguiste meu jogo, foi a melhor trepada que tive em muito tempo.

Como, levantou finalmente a cabeça, ficou olhando para ele, procurando entender.

Tirou os óculos, jogou os cabelos para trás.  A cara do garoto foi incrível.

Não diga nada, porque senão terei que dar uma surra nesse idiota.  Tampouco poderia vir as aulas, necessito estudar.

Mudou de assunto, voltando a colocar os óculos, soltar os cabelos, sorriu, gosta do curso, eu estou cheio de dúvidas, não sei o que estudar.   Estou muito atrasado, não tive oportunidades antes para estudar.

Sim, gosto demais, sonhei com fazer universidade a vida inteira.  Vivia num orfanato quase toda minha vida.  Lá abusaram de mim, por ser mais baixo, não ter um membro grande, todas essas coisas.   Então pensei se me fizeram isso, posso fazer para um vídeo, ainda me pagam, assim posso pagar a matrícula.   Mas me esqueci que as pessoas veem os vídeos, esse disse que compra todos teus vídeos, se masturba pensando tem ti.

Azar o dele, porque o vejo como tu.  Um idiota.

Lhe estendeu a mão, agora tens um amigo, mas por favor não comente com ninguém quem eu sou, pois, preciso estudar.  Ok.

Ok.   Pode contar com isso, nunca mais me chamaram para vídeo nenhum, sei que tampouco tu fazes muitos. 

Só faço para juntar dinheiro para o meu futuro.  Nunca vou a lugares que possam me comprometer, tampouco participo de festas ou coisas assim, me nego a fazer essas cenas de sexo em grupo.  Não é a minha.

Tocou um sinal, o rapaz se despediu, nos vemos em aula.

Espera não me disseste teu nome?

Matheus Smith, como todos abandonados, me chamo Smith.

Ficou com pena do rapaz, pois no que passou pelos outros o idiota fez de novo uma gozação com ele.   Passou batido.

Ele se levantou, passou pela mesa do sujeito, este estava de costa, o agarrou pelo colarinho, o levantou da mesa, se te atreves fazer qualquer brincadeira com meu novo amigo.  Podes saber que vais te arrepender amargamente, idiota.  Além de burro, idiota.  Quando o soltou, caiu no chão sentado.

Virou as costa, foi embora.

O difícil, foi conversar com Mark.   Não queria falar no assunto. 

Olha Mark, ele me disse o mesmo que tu, foste o amor de sua vida, reconhece que errou em não te entender.

Eu é que tenho vergonha.  Nessa época me drogava, ele até teve paciência demais, quando não pode mais me controlar com as drogas, descobriu o telefone do meu irmão, o chamou, se ofereceu para ajudar.  Mas meu irmão me internou para uma desintoxicação.   Nunca mais o vi, tinha e tenho muita vergonha.  Por favor não fale nada de mim.

Comprou os livros dos filósofos que o Cristhofer tinha mencionado, ele tinha mencionado um que falava em felicidade.  Foi lendo com um bloco do lado tomando anotações.  As coisas que este diziam, se referiam ao passado.   Um tempo que existia em Grécia.  Começou a analisar, comparando com o mundo atual.  Ele apesar de tudo que tinha passado, não se julgava infeliz. Tinha alcançado alguns objetivos de sua vida, escapar da vila, começar outra, estudar, ajudado pelo seu aparelho como ele dizia, estava preparando seu futuro.   Não sentia nenhuma vergonha como o Matheus por ter feito esses vídeos.   Pior seria se eu tivesse roubado, matado, ou coisa parecida.

Estava fazendo uma série de anotações, quando Mark apareceu, pois queria que lhe ajudasse com as contas do hotel.   Ah, te preparando para a aula seguinte.

Sim, estou lendo o que ele me sugeriu, vou assistir as aulas dois meses como ouvinte.

Ah, querem que faça um novo vídeo, dentro de umas semanas.

Mark, creio que essa aventura acabou, vou dar um tempo nisso.  Quero ver se encontro algo que goste de estudar.

Ótimo, sabia que um dia decidirias isso.  Lá se vai minha galinha dos ovos de ouro.  Ele pagava ao Mark 10% do que ganhava.  Este não queria, mas ele tinha insistido.  Não queria lhe dever favores.

Se arrumou bem, tinha deixado crescer um cavanhaque, que ainda estava nos seus começos.

Chegou pontualmente para a aula, deu um jeito de se sentar ao lado do Matheus.  Este sorriu quando lhe viu.

Pensei que tinhas sido uma fantasia minha, que não volveria a ver-te.

O professor entrou, começou falando de felicidade.  Muitos falaram sobre isso, alguns acham que ter muito dinheiro é a felicidade, outros que não tem, creem se o conseguem, a terão, ignoram o seu próprio dia a dia.

Falou de todos os filósofos que tinham falado de felicidade, citando alguns modernos.  Ele anotou rapidamente o nome para procurar ler esses que não conhecia.

Quando começou a perguntar a cada um o que era felicidade para eles, cada um dizia uma coisa diferente.  O idiota, disse que o único feliz naquela sala, era o Matheus, pois tinha tido o prazer que lhe enfiassem no rabo, uma coisa tão potente.

Colocou a mão na perna deste dizendo, relaxe.

Levantou a mão pedindo para rebater.  Pode falar disse o professor.

Deduzo então que este jovem, deve ser tremendamente infeliz, por invejar o que teve seu companheiro.  Pelo que vejo, se veste bem, embora, não encaixe com sua figura. Um tanto grotesca.  Gosta de ser o palhaço da turma, para chamar atenção, porque como é infeliz, não deve ter a atenção desejada em seu mundo.  Creio professor, que realmente o dinheiro pode ajudar, mas não faz uma pessoa  mais feliz.   Felicidade, pelos filósofos que li, falam de uma outra época, não a que vivemos.  Acho que felicidade, é poder chegar ao fim de um dia, saber que não fizeste mal a ninguém, não roubaste nem mataste.  Que estiveste sim, em busca de melhorar sua personalidade, apreender mais dos outros.  Posso dizer que sou feliz, porque persegui meus objetivos, os meios que usei, não me envergonho de nenhum deles.  O faria novamente.

O outro o olhava com a boca aberta. Ao final ao terminar de falar, ainda fez um gesto, passaste da raia.

Matheus ria, rindo era muito bonito, quase o abraçou ali mesmo.

No final da aula, o professor veio falar com ele, brilhante participação.  Vejo que estudaste o que falei.

Sim, anotei os novos que o senhor falou hoje, vou comprar para ler, para estudar.

Falaste com Mark a meu respeito.

Isso o pegou de calças curtas. Não teve outro remédio que ser simpático.

Sim, falei, mas ele tem medo de se aproximar do senhor.  Sofreu muito com tudo que fez de errado.  Creio mesmo que me ajudou por isso.

Não penso em deixar isso assim.  Tenho que falar com ele, por favor me ajude.  Me dê o número do teu celular?  Assim através de ti posso falar com ele.

O senhor me desculpe, mas não tenho celular.  Não tenho amigos, nem ninguém a quem chamar, por isso nunca me interessei em comprar um.

Mas tente que fale comigo, por favor.

Foi a cafeteria, queria falar com Matheus, lhe fez um sinal que iria ao banheiro, que lhe esperasse.

Quando entrou no banheiro, em seguida entrou o outro, tinha todo seu aparelho para fora, o outro abriu uma boca imensa. Caramba, posso segurar.

Não permito que nenhum idiota segure o que é meu.  Acabou de mijar, com o outro o olhando, guardou, fechou o zíper, saiu tranquilamente da cafeteria.

Com um café na mão se sentou na frente do Matheus.   Como estas, mais tranquilo.

Sim, vejo que levas bem o que fazes.

Olha Matheus, não tenho vergonha nenhuma do que fiz ou faço, é a minha vida, faço dela o que quero.  Tenho meus objetivos como tu.  Não quero que nada me desvie do meu caminho.

Mudando de assunto, que sabes desses filósofos modernos que o professor comentou hoje, eu nunca ouvi falar deles.

Viu que Matheus era extremamente inteligente, pois começou a enumerar um a um, falando o que cada um defendia.   Os mais atuais são os franceses.  O mais controvertido foi Michel Foucault.  Mas gosto também de Jacques Lacan, Pierre Bourdieu.   Se quiseres, posso ir contigo a livraria da universidade, tenho desconto ao comprar livros.

Uau, me fazes um grande favor. Podemos ir agora ou tens mais alguma classe?

Não podemos ir, esta semana já se acabaram as aulas.

Saíram os dois conversando, ignorando completamente o grupo do idiota, que comentava o que tinha visto. 

Contou ao Matheus o que tinha passado no banheiro, esse agora, vai tentar ser meu amigo, mas se engana, não o suporto.

Eu adorei fazer sexo contigo Matheus, mas isso não significa que devemos seguir fazendo ok.  Se puderes me ensinar o que sabes fico agradecido.

Naquele dia você me ajudou bastante, nunca tinha tido tanto prazer assim de uma vez.  Quem sabe um dia repetimos. Começou a rir, estes devem estar imaginando que estamos juntos.

Comprou os livros, pediu desculpas, dizendo que tinha que ir trabalhar.

Passou todo o final de semana, todo seu tempo livre lendo sobre esses novos teóricos como ele os chamava.  O que entendia, era que todos eles tinham vindo de uma vida não tão dura, que a realidade deles tinham sido outras.

Queria comentar isso com Cristhofer, foi anotando tudo o que queria perguntar.

Mark não apareceu nenhum dia, até que no domingo, lhe foi levar a caixa do restaurante, o olhou primeiro desconfiado.  Não comentaste nada com o Cristhofer, não é?

Não, mas ele sabe que o cartão era seu, pois diz que tem o teu cheiro.  Tampouco me devolveu, me perguntou se tinha um celular, queria falar contigo.  Disse que não vai desistir.

Merda, meu deus, eu que pensei que tinha esquecido esse homem, agora não sai da minha cabeça.  Terei que enfrentar essa situação.  Na próxima aula, vou te buscar, me enfrento a ele.

Nessa noite, analisou tudo o que tinha anotado, reformulando algumas perguntas.  Será que Matheus sabia alguma coisa a respeito.  Merda não tenho um celular para me contatar com ele. Até agora não tinha sentido necessidade de um.  Vários companheiros dos vídeos, tinham lhe perguntado qual o seu número, para marcarmos alguma coisa.  Ele sempre dizia que não tinha celular, nem telefone.

Saiu, foi a um chinês, que ia sempre comer no restaurante, lhe perguntou se tinha um celular para vender.  Este lhe explicou as opções.  Disse que queria um normal, para se comunicar com as pessoas.  Comprou um desse de colocar cargas.  Gastou todo o dinheiro que tinha no bolso.

Merda, está noite sonhou que estava conversando com o Matheus, os dois nus na cama, falando de filósofos.  Teve que rir da imagem.

Leu, releu, tornou a ler, analisar de todas as maneiras suas próprias perguntas.  Tinham que ter um gancho, para entender.

Tentou aplicar em si mesmo, analisando como era, de aonde vinha até chegar ali. Comparou seus pensamentos nos momentos que tinha no restaurante, a evolução do que sentia, até conhecer Pierce.   O achava mais inteligente do que ele, por ter feito uma faculdade, ao mesmo tempo frágil, por não saber lidar com a própria vida, por não poder direcionar o que sentia.  Eram tantos talvez, como o fato de ter se enfrentado seu chantagista, enfim, muita coisa desde que chegara.

O tempo urgia e rugia, tinha que avançar a alguma direção.  Tudo isso ia colocando no papel, analisando seus sentimentos com relação a participação no primeiro vídeo.  Não sabia se tinha uma emoção externa, ou se interiormente tinha sentido alguma coisa.  Tinha encarado sim como uma coisa normal.  Talvez no absurdo de estar executando um trabalho.   A única vez que sentira um prazer imenso tinha sido com Matheus.   Analisou se o sentimento que tivera em querer lhe proteger, lhe ajudar, significava amar.  Mas os dois tinham se conjugado ao final. Tinha sido um orgasmo ao mesmo tempo, espontâneo.  Nada de segundas toma, ou o raio que o parta.   Tinha sentido alguma coisa por alguém.

Não tinha visto as cenas seguinte dele com os outros.     Somente soube que não encaixava na orgia com os outros, pois ele seria o prêmio gordo, por ser mais jovem, mais vulnerável.

Disso acreditava que se tratava também, do poder de um homem sobre o outro. O fato de ter um aparelho maravilhoso, lhe dava esse poder.   Mas no fundo funcionava como uma instrumento aparte de sua linha de pensamento.

Organizou tudo o que tinha escrito, iria passar ao Mark, para ver o que ele pensava.

Esse só disse, caramba.  Conseguiste analisar uma cena de sexo, através de um afastamento de sua cabeça.  Analisaste os sentimentos do momento, como se fosse um agora.  Só posso dizer que muito interessante.  Com certeza Cristhofer vai gostar.

Estava nervoso, que nem se lembrava do que tinha dito Mark, que iria busca-lo.  Se encontrou antes com Matheus, lhe pediu para ler tudo o que tinha escrito.

Estava de boca aberta.   Não me diga que vais apresentar isso ao pessoal?

Não só quero mostrar ao Cristhofer, que posso analisar, segundo o padrão dos filósofos meus sentimentos, liberar tudo isso.  Não poderia te expor, tampouco me expor aos outros alunos, não entenderiam.

Tampouco mencionei teu nome, em momento algum.

Estou totalmente admirado, pois senti isso contigo.  Com os outros foi uma catástrofe, não pude reagir, me senti totalmente esmagado pela sensação de não sentir absolutamente nada, tinha sim a cabeça em ti, pois nossa cena tinha sido gravada antes.  Mas nenhum deles, conseguiu me fazer sentir nenhuma emoção.

A aula correu normalmente, parecia que Cristhofer não estava disposto a provocar nenhuma discussão. Estava tenso.  Falou de Pierre Bourdieu, sobre a liberdade na arte, que por muitas vezes era mal entendida por ambos os lados.  O que quero dizer com isso, alguém pode me explicar.   Uma garota, disse que a arte moderna, quando se preocupava somente em alterar a ordem, criar o caos não funcionava.  Era necessário a arte coerente, que questionasse as pessoas, mas entendia que nem sempre os artistas eram felizes em suas propostas, jogavam simplesmente a merda no ventilador.  Sem parar para analisar o quanto isso podia deixar de ser arte, se transformando num propósito vazio, que provocava naquele momento, mas era sempre suplantado por outro acontecimento que o ofuscava.   Vemos hoje nas notícias,  um acontecimento impactante.  No dia seguinte as pessoas já nem se lembram, porque aconteceu outro que acampara todas as notícias, assim vamos, se analisamos uma semana de acontecimentos, já não nos lembramos do que aconteceu numa segunda-feira.  Essa noticia já morreu.   O mesmo acontece em termos de arte.

Excelente, muito bem explicado.  Ninguém ousou a falar a respeito.

Quando acabou a aula, ele estava trocando numero de celular com Matheus, não sabes o quanto quis falar contigo, no momento que escrevia esse texto.

Cristhofer ia saindo, mas correu o alcançou, pediu se podia ler o que tinha escrito, baseado nas sensações do que tinha lido, tinha passado para um plano pessoal.   Não queria, nem quero discutir isso em aula.

Nisso, Mark se assomou a porta.  O silencio era tão grande que se podia cortar com uma faca.

Um olhava ao outro, como que dizendo, avanço eu, ou avanças tu.   Sem se dar conta, se encontraram no meio do caminho.

A pasta e os papeis ficaram em cima da mesa.  Os dois sem dizer uma palavra, se abraçaram ficaram um com a cabeça apoiada no ombro do outro.

Ele fez um sinal ao Matheus, para indicar, melhor saímos.

Antes bateu no ombro do Cristhofer, dizendo, cuidado com os papeis em cima da mesa.

Ao Mark disse te espero na cafeteria.

Sentou-se com Matheus.   Esse foi quem verbalizou o que tinha visto.    Nunca nada me pareceu tão bonito. Conheces o outro homem?

Sim é Mark meu amigo, foi ele quem me indicou que deveria falar com Cristhofer, para decidir o que devo fazer.

Sabe John, gostaria muito de ter um tempo para falar contigo, para explicar o que me levou a fazer o vídeo.

Isso não importa Matheus, tinhas necessidade de dinheiro, foste a luta.

Não me julgas por isso?

Evidente que não, pois teria que simplesmente me julgar, me condenar a fogueira sem dúvida nenhuma.

Ficaram rindo os dois da imagem.  Creio que nosso amigo, iria ficar contente de acender o fosforo.

Ao sentir que falavam dele, este veio ficou em pé ao lado da mesa.  Agora entendo, Matheus, gostas de ser bem servido.

Idiota, lembra-se do que te disse a respeito do meu amigo Matheus.   Continua valendo.

O que vi, outro dia não sai da minha cabeça. Tenho me masturbado continuamente imaginando seu caralho perto de mim.

Pois continue fantasiando, porque ele nem pensa em tocar esse teu cu sujo.  Começou a fazer o movimento de se levantar,  mas imaginou se o atacasse, isso lhe impediria futuramente de estudar ali.

Só disse entre dentes, fora daqui verme.

Ele saiu com seu grupo, ficaram os dois esperando.

Vinham os dois lado a lado, com um sorriso na cara, sentaram-se, Cristhofer colocou sua mão sobre a de John, obrigado.

Mas eu não fiz nada, sem querer trouxe um cartão, o resto foi por conta dele.

Ele ia apresentar Matheus ao Mark, mas esse adiantou-se, Mark Wilson, escuto falar bem de ti, li o texto, só posso dizer que esse garoto sempre é sincero no que diz.

Cristhofer foi avisar, que não daria a aulas de tarde, pois tinha um problema para resolver.

Se despediu do Matheus, dizendo, agora podemos nos falar pelo celular.  Estarei livre depois das 9 da noite, agora vou trabalhar.  Sinalizou o Mark, dizendo ele é o meu patrão.

O deixaram no restaurante, depois foram para o apartamento do Mark.

Ao começar a trabalhar, se desligou totalmente dos dois.  Se concentrou como sempre fazia nas suas obrigações.

Quando foi para casa, os encontrou no meio do caminho, vamos jantar, vens conosco.

Não preferem ficar sozinhos?

Mark me falou muito de ti.  Creio que vale a pena vir conosco.

No restaurante que foram, sentaram-se numa mesa ao fundo.  Li o que escreveste, depois tornei a ler com Mark me falando de ti.   Entendi teus sentimentos.  Realmente tens a capacidade de analisar as coisas.  Achei super interessante essa análise de ti mesmo, dos teus sentimentos com relação a tudo que te aconteceu.  Evidente creio que isso não deveríamos ventilar em aula, pois acredito que o grupo de filhinhos de papai, não iam entender.  Mas usarei o texto, ou subtexto para analisar com eles, que não entendem o que é liberdade.

Bom é vocês?

Bom matamos a saudade dos velhos tempos, estou feliz por esse reencontro,  sei que ele sente o mesmo que sinto, que podemos passar página, seguir adiante.  A princípio, pensei que eras seu namorado, que te tinha enviado para me provocar.  Agora entendo que ele não quer que passe contigo o mesmo que aconteceu com ele.

Bom Cristhofer, ele me preparou tão bem, que vês o resultado.

Querias que me aconselhasse que caminho devo seguir.  Não sei se encaixo nesse grupo que tens agora.  Primeiro porque sou mais velho que eles, minha experiencia é diferente.  Aliás vais me achar agora pedante.   Quando li os livros, uma pergunta ficou na minha cabeça.  Todos eles pelo que vi, procedem de famílias acomodadas.  Creio que era uma época em que as pessoas que estudavam filosofia, tinham algum poder financeiro, para se sustentarem.  A maioria eram depois de fazerem boas universidades, funcionários públicos, professores.   O que vejo é que nem sempre isso se aplica nos que viemos de outra estrutura.

Veja, creio que o Mark falou contigo, participei de alguns vídeos pornô gays.  Você viu que me fiz a mesma pergunta. O que leva uma pessoa a participar desse tipo de trabalho, pois eu o considerei como tal.   Um meio de ganhar dinheiro.  Sei que existe exploração em vários aspectos, mas graças ao Mark, não cai neles.  Continuei meu trabalho no seu restaurante, ajudo no controle financeiro do hotel.  Esse dinheiro vou guardando para um futuro, que ainda não sei qual é.  Descobrir que gosto de escrever, de pensar, raciocinar, falar de.

Só uma vez tive uma sensação diferente, que menciono no que escrevi.  Essa mesma sensação tinha com Pierce que me fez descobrir as relações entre homens.  Apesar de me pagar, pois achava que tinha que ser assim.  Nunca me senti um prostituto, porque gostava de estar com ele, das conversas que tínhamos.  Em algumas coisas, ele me abriu a cabeça.   Insistia muito que eu deveria partir, fazer uma nova vida além da que eu conhecia.  Descobrir novos mundos, eu poderia agora estar me prostituindo como comentei.   Mas não fiz isso.   Usei o dinheiro que ele me deu para partir, como ponto de apoio para estudar.  Amanhã se posso entrar para uma Universidade, terei suficiente levando uma vida simples para encontrar o meu caminho.

Poderia, estar sendo acompanhante de algum velho rico, para poder explorar, mas segundo esse senhor, sinalizou Mark, eu me perderia.   Concordo com ele.  Nunca bebi, nem fumei, vi o que as drogas fazem as pessoas, no caso meu irmão.

Quero sim conhecer alguém que eu possa falar, conversar, sem me esconder, tampouco sentir vergonha do que eu sou.   Isso não posso ter, pois fui consciente desde o princípio.  Tudo por culpa do “aparelho”.

Aparelho?  Que aparelho?

O rapaz, tem um belo mastro Cristhofer.  Se empina, os homens ficam loucos pelo aparelho.

Riram muito disso.  

Aliás teu aluno, o idiota como chamo, quando viu outro dia no banheiro da universidade, queria colocar a mão de qualquer maneira.  Tenho um verdadeiro horror a esse rapaz.

Bom, resulta que seu pai, é milionário.  Já esteve fazendo curso de arquitetura, de línguas, agora está em filosofia.  Mas mal sabe escrever, tem um problema de nulidade.

Ou de uma maneira agressiva, assume que é gay, mas que não se atira na lama.  Provoca, mas não age.  Seu grupinho já sabe que tenho um belo aparelho. Pois contou para todo mundo, isso me causa um problema, pois de alguma maneira ele irá verbalizar isso na sala.

Podias fazer uma caridade, deixar que tocasse o aparelho, quem  sabe se produzia um milagre?

Creio mais que na hora que tocasse, não soltaria mais.

Ah tempos soltou na aula, isso me lembro, pois nada tinha a ver com o assunto que propus, que era bissexual.

Pois é estive lendo a respeito.  Pelo que já vi, isso é um engodo de classificação.   Pois todo bissexual, fica é procurando transar com homens.  Fingem que lhes atraem as mulheres, mas no fundo querem um aparelho por detrás.

Novamente, provocou uma seção de risos.

Para ver como sou observador, por que defendes o Matheus?

Pergunte a ele, prometi não comentar a respeito, isso nem pensar.

Eu perguntei ao Mark, ele disse a mesma coisa, que isso era entre tu e ele.

Pois é se ele te conta bem, senão dá igual.

Bom como me pediste conselho, vou tentar te dirigir.  Se quiseres continuar assistindo minhas aulas, eu agradeceria, pois a tornas mais rica com seus comentário.

Mas se estivesse no seu lugar, faria também por enquanto um curso de escritura.  Escreves bem, argumentas.  E por último se gostas, fazer jornalismo.   Eu ficaria mesmo com o curso de escritura.   Pensas, desenvolves bem o que queres.  Por exemplo, nenhum aluno, se atreveria como tu a criticar nenhum desses filósofos.

Não sou contra eles, mas representam uma outra época.   Hoje o mundo anda a galope, imagina eu uma pessoa vinda de uma vila, aonde nem sequer existia cinema, televisão, tudo que podia escutar era a rádio da cidade mais próxima.  Então escutava as notícias, tinha que fazer com que minha cabeça montasse a imagem.  Hoje que escrevo melhor, poderia inclusive, fazer uma história sobre essas imagens.

Ótimo, me conte uma história por escrito de algum fato que escutaste, criando depois a imagem.   Descreva essa vila, a vida como transcorria, depois acrescente essa imagem de uma notícia de rádio.

Ok, vou fazer, quero comprar um laptop, outro dia conversando com o rapaz chinês da loja perto do restaurante, ele ficou assombrado com o fato de eu nunca ter tido um celular, tampouco saber como funcionava.    Quando viu que eu tinha uma série de anotações feitas à mão, me perguntou se eu tampouco tinha um computador, um laptop, ou uma tablet.  Por isso tenho que recuperar o tempo.

Vou fazer um curso de informática para me colocar em dia, senão o mundo vai correr mais rápido do que eu.

Pretendes continuar fazendo vídeos pornô?

Pelo momento sim, sem querer me transformei numa pessoa que gosta de fazer sexo.  Só não sei se gostarei de estar sempre com uma pessoa, ou ir por livre por aí.  É uma interessante, me lembro das mulheres conversando, principalmente quando escutavam um programa de rádio dedicado a elas.  Falavam de amor, carinho, etc.    Em minha casa, isso era escasso. Considero carinho, como me trata o Mark, o que tenho com Matheus, mas não sei se isso é o amor, como por exemplo vocês sentem um pelo o outro.

Gostava, torno a repetir do Pierce, mas fora nossos encontros, nunca convivi com ele.  Nem sei como era na realidade como pessoa.  Isso tudo o tempo urge para que eu descubra.

Não querendo interferir, mas já o fazendo, por que não experimenta com o Matheus?

Olha pelo que vi, é um sujeito que já sofreu muito, foi criado num orfanato, nunca teve família, vive num quarto.  Então creio que se alimento alguma coisa, tenho que ter certeza do que ofereço a ele.

Além de tudo o filho da puta, gosta de ser honesto. Mark aonde descobriste essa pessoa preciosa?

Mark contou que ele tinha chegado à cidade, com endereço do hotel de encontros do irmão. Todo mundo riu, quando ele quis alugar um quarto por muitos dias.

Aí meu irmão mandou para mim.  Vi que precisava de um mentor, nada mais. Podia ao descobrir o aparelho, querer que ficasse comigo, mas lhe quero como a um filho.

A princípio Cristhofer, queria ficar fazendo sexo com Mark, mas ele me disse que nem pensar, que o que sentia por mim era outra coisa.   Mas queria isso, somente porque sentia confiança com ele.

Estava falando com Mark, eu moro agora em Malibu, na praia.  Lhe disse que viesse passar o final de semana comigo.   Porque não vem tu, Matheus, aproveite, tenho um quarto a mais.

Ok, durante a semana combinamos.

Voltaram caminhando para casa, se sentia que os dois não queriam se separar.

Quem sabe algumas pessoas vão viver em Malibu?

Deixa de ser tonto garoto, tenho o hotel, o restaurante para cuidar.  Cristhofer tem que preparar aulas.    Já veremos como faremos no futuro.

Foi para sua casa é ficou pensando.  Voltou a sair, viu que o chinês jovem estava trabalhando no computador.    Perguntou se lhe podia ensinar e ajudar a comprar um.

Claro, eu trabalho a estas horas, porque faço a Universidade.   Já te vi por lá.  Amanhã se queres, depois das aulas, posso ir contigo a um amigo que tenho, te ajudo a comprar um bom, por um bom preço.  Nada dessas marcas modernas que todo mundo tem, mas não sabe usar em toda sua capacidade.   Vivemos aqui em cima da loja.  Daqui a pouco meu pai vai descer, se quiseres te dou uma noção básica.

Claro que sim.  Continuaram falando, até que o senhor chinês desceu.  Os dois subiram, John comentou que não sabia o nome dele.   Me chamo Chen, mas todo mundo me chama de James, nunca entendi por quê.   Se sentaram num quarto pequeno, mas cheio de caixas de aparelhos chineses.   Ele abriu o seu, foi lhe falando dos programas.  Perguntou para que fim queria o aparelho.

Para escrever basicamente.   Talvez posteriormente, me passa pela cabeça que gostaria de filmar ou fazer vídeo das pessoas.  Tu me disseste que posso fazer isso com o celular.  Creio que me facilitaria.

Então já sei o que queres.  Ficou falando horas sobre o assunto.  Quando foi para seu apartamento estava meio confuso, era muita informação.

Eram já quase onze da noite, resolveu chamar o Matheus, para saber como ia.

Que bom, eu não me atrevia a te chamar, mas queria falar contigo.  Estou um pouco chateado com o lugar que estou vivendo.  Mas infelizmente é o que posso pagar com meu salário de empregado só de seis horas.  Portanto tenho que engolir.  Tenho pensado muito em ti.

Eu também, mas amanhã irei a universidade, nos falamos ok.  Durma bem.

Sem saber muito por que estava excitado, de pensar no corpo dele.  Não sabia como lidar com a situação.    Terei que aprender sem dúvida nenhuma, se quero ter alguém em minha vida. Nunca tinha tido tempo para esse tipo de questão.   Na vila, tudo o que fazia era trabalhar.  O que tinha contado do rádio.   Escutava o que diziam, mas estava fazendo alguma coisa mecânica ao mesmo tempo. Então sua cabeça se dividia, uma parte prestava atenção ao que estava fazendo a outra imaginava a notícia.   Achava que isso acontecia com todo mundo. Agora tinha dúvidas, pois  restaurante, tinha uma televisão imensa.  As pessoas quando escutavam uma notícia, paravam o que estavam fazendo, as vezes com uma colher no ar.  Ele por hábito de escutar, imaginar, seguir trabalhando.

Algumas mulheres que iam de tarde, pediam para deixar em alguma série ou história que estavam acompanhando.  Se falava de amor, mas ele só escutava.  Havia um fato interessante, algumas vezes escutava um personagem falando de amor ou coisa parecida, mas a voz não concordava.  Lhe soava falsa.

Ficou um tempo na cama, pensando, em como sua vida tinha mudado.  Agora poderia dizer que tinha amigos, Mark, Matheus agora sentia confiança com Cristhofer, mesmo sendo recente, não entendia por que o Chen lhe explicava as coisas. Acabou dormindo com as mãos atrás da cabeça, despertou de madrugada com dor nos braços, virou de lado, sem querer imaginou, como seria isso de dormir com alguém.  Nunca tinha acontecido com ele, sorriu, essa minha cabeça.

No dia seguinte na faculdade, foi um encontro interessante, juntar Chen, Matheus, foi agradável, os dois logo se deram bem.  Chen comentou que já os tinha visto juntos, pensei que fossem namorados.

Nada somos amigos.

Chen, não me diga que eres gay?

Sim, só porque sou chinês, não posso ser gay.

Claro que sim, podes ser o que queiras na vida, mas não tinha desconfiado de nada.

Pois é meu pai vende vídeos, vi os teus, reconheci num instante.   Inclusive o que apareces com Matheus.  Quem sabe um dia fazemos a três.  Ficaram rindo, imagina se o grupo dos idiotas escuta esta conversa.  

Quem é o idiota?

Chen, aquele que fala, gesticula demais na mesa mais adiante.  Não nos cai bem.  Nas aulas vive provocando o Matheus.

Tens aulas agora?

Não, estou livre.

Venha assistir aulas conosco, vais gostar do professor, é muito boa gente.   Matheus, depois vou com o Chen comprar um lap top para mim.

Ao entrar na sala antes dos outros, apresentou o Chen ao Cristhofer. 

Teus professores falam muito bem de ti, dizem que em algumas classes eres o único aplicado.

Ai de mim que não fosse, não conheces meu pai.  Uma nota mediana para ele significa fracasso.

John, vou falar do trabalho que escreveste hoje, não te preocupe que não menciono nomes.

Quando começou a aula, a primeira coisa que disse, foi, recebi de um aluno, um trabalho fora das nossas propostas.  Se trata de seguir a vida adiante, além de uma ideia que os filósofos, viveram em outra época, que não a nossa, que todos vinham de famílias de bem, eram empregados públicos, professores, etc.    Não me ofendi por minha parte, porque encaixo nisso tudo.   Mas me coloquei a pensar.

As pessoas que dão um duro para vencer na vida, estudar, trabalhar, vencer seus próprios receios, anseiam a liberdade tanto como os outros que nascem em berço de ouro.  Talvez até mais porque suas dificuldades são maiores.   Mas essas pessoas têm uma coisa que nós não temos, me incluo nisso.  Uma liberdade, clareza de pensar, uma sensação que tudo que fazem tem seu preço.  Para conseguir o que querem pagam esse preço, não tendo nenhum pudor, ou medo disso. Acredito que essas pessoas sejam mais corajosas que muitas outras.

As vezes criticamos, as putas, porque fazem sexo por dinheiro, embora seja a profissão mais antiga do mundo.  As criticamos, mas sabemos de muitas pessoas que se prostituiam para pagar seus estudos, nem por isso tinham vergonha de reconhecer nem que fosse para si mesma.

Estamos sempre criticando as pessoas, que para alguns vivem à margem da sociedade.  Quem está errado, a sociedade que condena ou essas pessoas porque tem coragem de seguir um caminho mais difícil para conseguir o que querem.

A primeira pergunta do Idiota, foi se esse aluno estava sempre presente nas aulas?

O que te interessa?

Porque imagino quem seja.  Mas isso não vem ao caso.  Eu mesmo me critico, por não dar certo em nada.  Tive tudo sempre de bandeja. Basta estalar os dedos, tenho o que quero.  Isso fazendo uma análise de mim mesmo, me impede de ir em frente eu sei.   Mas fiquei viciado nisso, como um viciado em drogas, não pode passar sem elas.  Claro não existe nenhuma clínica de desintoxicação para isso. Ter tudo de bandeja.

Quando tento argumentar em casa, ninguém me escuta.  Quando falo com meu psicólogo, que não foi escolhido por mim, mas sim pelos meus pais.  Ele apenas diz que lute. Mas como, com que armas, por quê?

Pela primeira vez este ano, falaste em sério, sem falar besteiras. Até daria um ponto para ti, mas quando falamos em liberdade, sexualidade, todos esses assuntos, é como se estivesse entre duas barreiras criadas por ti.  Uma aula disseste que era bissexual.  Segundo essa pessoa, isso é um erro de classificação, pois todo bissexual quando procura outro homem, se comporta como uma mulher.  Quer ser o passivo.

De uma certa maneira concordo.  Primeiro porque  essa hierarquia sexual, nos foi ditada pelas religiões.  Relações de sexo, só entre homem e mulher para ter filhos.  Mas a realidade é outra, algumas religiões não permitem as prostitutas.  Poderia ilustrar para vocês uma serie de coisas que acontecem pelo mundo a respeito.  Mas a sagrada família, continua imutável.

Devemos seguir isso.   Nos basta como consolo.  Aonde fica a ideia do sexo por prazer, talvez por isso os vídeos de sexo façam tanto sucesso.  As pessoas se imaginam em lugar dos que estão vendo.  Era o que eles gostariam de estar fazendo.

Hoje por tanta informação que recebemos, seja através do cinema, das notícias, do disse me disse, vocês através dos meios de comunicação.   Confundimos tudo, sexo, amor, liberdade, enfim tudo virou uma maçaroca.

Achamos que se começamos cedo a fazer sexo, teremos um futuro como garanhões.   Mas não é verdade.   Os estudos dizem que as mulheres depois de certa idade, como começaram cedo, já não lhes interessa.   Os homens por outro lado, buscam novas experiencias.  Os casamentos fracassam, porque não entendem que esse amor-sexo, se acaba, fica apenas o companheirismo, compartir filhos.   Ou então cada um vai para seu lado, deixando uma tropa de filhos perdidos sem saber aonde é o seu lugar.

O silencio na sala era brutal. Gostaria que vocês escrevessem sobre isso. Queria saber até que ponto tudo que estudamos dos filósofos, podemos aplicar hoje em dia, nesse mundo nosso de massas.

O silencio continuava, até que tocou o sinal de finalização da aula.   Aplaudiram todos o professor de pé.  A melhor aula que tivemos até hoje.   O Idiota soltou, esse aluno, deve ser uma cabeça escondida aqui entre nós.

Quando saíram, fez um sinal de positivo para o Cristhofer.  Este ria muito.

Foram tomar um café, antes de saírem para ver as coisas de informática.

Chen estava dizendo que tinha amado o assunto, quando o Idiota, se chegou a eles, se dirigindo ao Matheus.  Nunca pensei que fosses capaz de escrever esses assuntos todos.

Sinto muito, mas não posso levar essa glória, não fui eu.  Quisera ter sido, mas infelizmente não sou capaz ainda de raciocinar assim.

Porra, então quem foi?

Não temos a menor ideia, estamos aqui na mesma, disse o Chen.

Saíram rindo dali.  Não era uma loja no sentido comum, mas bem uma oficina, aonde se faziam reparos, montagem de computadores, ao gosto do cliente.   O amigo de Chen, disse que poderia montar inclusive um laptop especial para ele.   Aonde a escrita, dicionários, lugares de consulta, fosse o primordial.

Quanto me custaria, lhe perguntou o John?

Quando lhe disse, viu que era barato.   Veja as grandes companhias montam os computadores, laptops de uma maneira geral.  Aqui fazemos as mesmas coisas, além de uma parte dedicada a fazer um para o cliente em especial.  Tudo o que ele precisa para trabalhar.

Ah queria uma parte para fazer edição de vídeos também.

Sem problemas.  Olhou o celular que ele tinha. Meu amigo, estas numa esfera inferior com esse aparelho.

Lhe contou que tinha comprado a poucos dias, nunca tinha tido nenhum, tampouco tinha a quem chamar, a não ser os novos amigos.

Posso lhe preparar um que tenha quase as mesmas coisas que necessitas.  Por exemplo estás na rua, surge uma ideia, podes edita-las imediatamente.

Mas se eu não sei como usar tudo isso?

Não se preocupe, Chen é uma fera nessa área, ele pode te ensinar, nem precisas fazer um curso, se tiveres a mente aberta, podes fazer o que quiseres.

Lastima eu não ter dinheiro, senão ia encomendar um igual para mim.   Uso um de segunda mão, que me deu um companheiro de quarto.  Comprou um novo me deu um velho.

Com a desculpa de ir ao banheiro, disse ao Chen e Matheus, me esperem fora, já vou.

Virou-se para o rapaz, se fazes dois, me cobraras mais barato?

Claro que sim,  posso te conseguir 20% de desconto.

Então faça um para o meu amigo também.  Queres que te dê algum sinal?

Se pagares em dinheiro, ainda te dou 10% em tudo.

Perfeito, tens o meu número de celular, assim podes me chamar.

Saiu sorrindo, creio que fiz um grande negócio, confiando em ti Chen?

Nada, só o fato de ter encontrado, vocês, eu que não tenho amigos na universidade, ganhei muito mais eu.

Assim que ele te entregar, te dou umas aulas de como usar.

Todos tinham que ir trabalhar, ele, Chen, trabalhavam perto, mas Matheus não, se despediu deles, marcando falarem-se por telefone.

No caminho, disse ao Chen o que acontecia com o Matheus, com respeito ao quarto que vivia.

O edifício da loja é do meu pai, creio que o homem que tem o studio ao lado vai sair.  Diz que é muito pequeno. É verdade, mas para quem vive num quarto deve ser ótimo.  Não diga nada, eu depois que falar com o velho digo para o Matheus.   Usarei uma história, tipo será ótimo ter um colega de universidade por perto, pois assim tenho com quem estudar.

Ficaram rindo os dois. Entendo, você como nos dois, precisamos de amigos. Se apertaram as mãos, se abraçaram.  Era interessante quem passasse, um homem alto, abraçando um chinês baixinho.

Quando ficou pronto, os laptops, o rapaz o chamou.  Foi até lá sozinho, recolheu os dois, além de seu novo celular.  Explicou que o seu era de pré pagamento. 

Espera, vou te conseguir um pin, pirata que fazemos para os amigos.  Poderás usar de qualquer companhia, não importa o lugar que esteja.   Mantem o mesmo número, não pagas nunca mais.

Bom conseguiste um cliente, vou te trazer mais gente.

Podias ir um dia no restaurante que trabalho, sou gerente, bem como administro as contas de um hotel, quase ao lado, quem sabes me orientas para a coisa funcionar mais rápido.

Sem problemas.

Vou falar com o dono, torno a te ligar, pode deixar que vou fazer propaganda do seu trabalho.

Foi para a faculdade, Chen já estava esperando.  Falei com o professor Cristhofer, ele me permitiu assistir as aulas.  Nesse horário tenho uma classe que não me interessa, dessas que lês o livro, fazes o exame, tiro a nota máxima.   O professor está para se aposentar, não tem nenhum interesse em ensinar.

Matheus, chegou em seguida muito chateado.  

O que foi que aconteceu?

Ontem tive uma briga com outro companheiro de quarto, cada dia ele traz uma garota para fuder, quer o quarto só para ele. Quase saímos nos tapas.

Bom, adiantaste o que iria te dizer.  Tinha comentado com o John, que meu pai, é dono do prédio da loja, vivemos em cima dela.  Tem uma entrada lateral, que dá para um studio muito pequeno, mas tem banheiro, uma micro cozinha, um quarto pequeno.  Lhe disse que eras meu companheiro de faculdade, que me ajudarias a estudar.  Quanto pagas no quarto em que vives?

Ele disse o valor.  Era caro.

Pois lá poderás pagar a metade, o resto vais gastar em metro, ônibus, mas estaremos os três um perto do outro.

Posso ver hoje mesmo se for possível.   Eu na verdade só tenho uma mala, alguns livros, nada mais.

Perfeito, depois da aula combinamos.

A mesa do Cristhofer, estava cheia de papeis.  Todo mundo tinha se esforçado ao máximo, inclusive Matheus e Chen.  Ele tinha escrito, sobre a reação dos alunos.

Entregou nas mãos do Cristhofer, dizendo que era diferente dos outros trabalhos.

O primeiro trabalho que ele pegou, era de uma aluna. Ele não disse o nome.  Falava do que tinham dito.  Comentava que fazia sexo desde os 16 anos.    Mas que os com quem tinha tido sexo, não importava o tamanho do caralho, o dizia explicitamente,  não sabem me satisfazer, na verdade só pensam neles mesmos.  Hoje quando muito dou uns beijos, arrumo uma desculpa, um consolador, me resolve melhor o problema.

Uma outra aluna, disse que concordava, verás que meu trabalho é mais ou menos igual, tenho um namorado, que se acha super liberal.  Mas na verdade, é controlador, machista, muitas vezes preconceituoso.  Como levamos tempo saindo, vou levando, mas sexualmente não me satisfaz.   Tive uma experiencia com uma conhecida, foi realmente muito melhor.  Porque sabíamos aonde tocarmos, provocar o prazer uma da outra.

Alguns rapazes estavam de boca aberta.  Um deles, disse que realmente ele se achava livre, mas quando tinha lido e relido tudo que tinha escrito, tinha se encontrado que era um cretino, pois sempre estou olhando a bunda e o caralho dos companheiros.   Sinto uma atração pelos homens, mas nunca tive coragem de me arriscar.  Fico pensando,  se gosto, como vou fazer, virarei um gay deslumbrado.  Perderei tudo que tenho com minha família.  Que espera que eu tenha filhos.  Enfim, procure o que escrevi, leia por favor.

Cristhofer, procurou, leu.  Quando acabou, todos aplaudiram.   Tiveste coragem de te enfrentar, agora resta saber realmente o que queres.

John levantou a mão dizendo, que se ele não se arriscasse, nunca saberia.  Imagina, tu metido num casamento que te faz infeliz.  Será todo um melodrama. Cobranças.   Mas se te arrisca, gosta, enfrentas tua família.  Por mais infelizes que possam ficar, creio que com o tempo, poderão te entender. Hoje em dia os casais gays, podem adotar crianças.  Existe muitas em adoção.

Talvez disse o rapaz, o que me falte sejam amigos com quem conversar, me abrir.

Não seja por isso, junte-se a nós, sinalizou ao Chen, Matheus.  Estamos sempre discutindo vários assuntos.

O idiota interrompeu, além de que nosso amigo tem um caralho de fazer gosto.

Olha, para que saibas, como nem sei o teu nome, te chamo sempre IDIOTA, pois tens o dom de ser além de tudo burro.   Ah, a ti não queremos no nosso grupo.  

A cara do outro era impressionante.

Sabes, esse é o teu problema, sempre misturas as estações, gostas de provocar, mas não sabes aceitar as respostas, lhe disse Cristhofer.

Se o John tem ou não um sexo monumental, deve ser ele que ofereça, não tu.

Continuou lendo o trabalho de muitos, alguns eram interessantes.  Um dos rapazes, quando ele terminou de ler, Cristhofer fez uma cara de interrogação.  Que miscelânea. Em que te perdeste? 

Olha professor, me confundi todo, passei uma noite inteira reformulando minha linha de pensamento. Sinceramente, creio que fui educado errado, cheio de normas, de linhas certas, linhas erradas.  Tinha sempre que escolher o que meus pais diziam. Agora me dou conta, que me sinto incapaz de encontrar qual realmente é linha que gostaria de seguir.  Mesmo sexualmente sou uma incógnita, para ter uma ideia, ainda sou virgem.  Nunca consegui ter uma namorada, as que me atraem, me veem como um idiota, que só pensa em estudar.   Eu entrei para a faculdade, com uma ideia, vou me descobrir, vou lutar por mim mesmo.  Agora não sei aonde me colocar.  Quem escreveu o primeiro texto, tem razão, fomos protegidos. A maioria dos filósofos com certeza não sofreram na carne, o que sofremos agora.  Essa coisa tão burguesa as vezes, tenho que proteger meus filhos, dizem meus pais.   Eu me pergunto, de que, se não sou capaz de dar um passo, sem olhar para eles, como que perguntando, é por aqui.

Um grande aplauso, abafou inclusive o sinal de término da aula.  Todos falavam, concordavam com o rapaz.  A cara do Cristhofer era ótima.

Foi com eles tomar café.  Hoje vão me criticar por me sentar com os alunos, chamou o que tinha falado por último, venha se sentar aqui.  Creio que este pode ser o teu grupo. O outro aluno, já estava com eles.    Quem escreveu esse texto, salvou minhas aulas, estava desmotivado, sentia que não conseguia motivar vocês.   Agora sei o caminho.

Os dois novos integrantes, trocaram número de celular.  Quando viram o que John estava usando, lhe perguntaram a marca.   Nada de marca, um amigo do Chen monta os laptops como queira, celulares, é genial.  Lhes disse os horários que trabalhava, que sim podiam se encontrar sempre depois das aulas, para conversarem, trocarem ideias.

Da outra mesa, o Idiota, olhava com cara feia.  Lhe fez um sinal, como dizendo foda-se.

Matheus ligou para aonde trabalhava, perguntando se podia faltar, no dia seguinte, faria o horário duplo.  Precisava resolver um problema imediatamente.

Viu que o caminho que os dois faziam não era complicado, é até mais fácil para chegar no meu trabalho.

Quando viu o apartamento, que mais poderia se chamar apertamento, pois era realmente pequeno.  Mas o sorriso que tinha na cara era espetacular.  Seria só para mim?

Sim, Chen se ria, como esperas compartir esse lugar tão pequeno?

Os apresentou ao seu pai, que já conhecia o John.  Tudo que ele pedia eram três meses adiantados, o Matheus murchou na hora. 

John fez um sinal ao Chen, este arrastou o Matheus dali.  Ele falou com o pai dele, eu pago os três meses, mas não deixe meu amigo na rua.

Não é necessário, só de ver meu filho contente, tendo amigos de universidade, fico tranquilo, não vou cobrar, não se preocupe.

Quando falou com os dois, ficaram super felizes. 

Matheus, vou buscar agora mesmo minhas coisas, me instalar. 

Venham jantar comigo os dois hoje no restaurante, por minha conta.

Chen perguntou o que ele tinha dito ao seu pai.

Nada, ele disse que mudava de ideia, pois estava contente que o filho tivesse amigos de universidade.

Foi em casa guardar os dois laptops, daria de presente o do Matheus, quando ele se instalasse. Afinal não o podia proteger muito.  Foi trabalhar, logo depois do almoço, apareceu o Mark, sorrindo.

Que passa?

Cristhofer, diz que tu revolucionaste sua aula, que os alunos estão mais participativos, me contou o que passou hoje.  O fato de o ver feliz, me faz feliz.  Escolhi bem te ajudar.

Comentou com ele, do rapaz do computador.   Podemos ter um acesso só ao negócio daqui poderia, fazer toda parte administrativa do hotel.

Seria legal, mas tens que pensar, que uma parte do hotel é do meu irmão.  Terei que falar com ele antes.  Ele não gosta muito dessas coisas modernas, quer é pagar menos impostos.

Bom podemos falar isso com o rapaz.  Posso montar uma reunião com ele, tu, teu irmão. Assim discutem as dúvidas.  Falo com ele a respeito.

Eu por mim, tu acertaste outro dia, iria viver com o Cristhofer, mas quem vai cuidar do hotel.

Um estalo em sua cabeça, Matheus, posso ensinar a ele a administrar, contou que ele agora ia morar em cima da loja dos chineses.   Baixinho disse que Chen, seu amigo, tinha se aberto, dizendo que era gay.

Cristhofer, disse que agora tens um grupo de conversa, ou coisa parecida.

Sim, que ia dizer, um ator pornô, com um grupo de debate de filosofia.  Ficou rindo, mas ao mesmo tempo em sua cabeça começava a tomar forma uma coisa.  Teria que pensar.

Gosto disso que fazes, estas falando, de repente, é como em tua cabeça surgisse uma ideia, teu olhar para, como se tu virasse para dentro.

Mais ou menos isso Mark.  Me surgiu uma ideia, terei que analisar para saber.

Mais tarde, levou um susto, por não estar acostumado, soou o celular, era Cristhofer, comentando o que ele tinha escrito.  Achei genial.  Se você trabalhar mais o texto, generalizando para os estudantes atuais, creio que poderei passar o texto para um amigo de um jornal.   Podes fazer isso.

Posso, assim estreio meu laptop.  Agora terei que comprar uma impressora para imprimir antes de entregar.  

Peça ao Matheus, os alunos podem fazer isso na universidade quase grátis.

Essa noite se dedicaria a isso.  Quando voltou para casa, procurou o laptop que tinha mandado fazer para o Matheus, levou até sua nova casa.   Ele tinha esfregado de cima abaixo tudo, tinha até outra cara. As janelas brilhava, entravam inclusive mais luz.

John, estou tão feliz, não podes imaginar. Graças a deus, fui fazer aquela vídeo pornô, assim te conheci, agora o Chen, os outros da turma. 

Toma um presente para ti, creio que tens bagagem para ir adiante.

Ele abriu, quando viu o Laptop.  Caramba é igual ao que compraste.

Mandei fazer dois, assim podemos compartir os trabalhos, peça o hi-fi do Chen, esse menino é genial. Nem sei como agradecer. Se levantou, o abraçou, quis beija-lo na boca.

Nada disso, não fiz com segundas intenções. Te quero como meu amigo.

Contou o que tinha falado o Cristhofer, vou escrever, gostaria que tu revisasse, falássemos a respeito ok. Te deixo com tuas arrumações.

Depois vamos jantar, esperamos o Chen acabar de tomar conta da loja. 

Não importa que não tenhas segundas intenções, quero te beijar, nada mais.

Ele nunca tinha beijado ninguém assim, ficou nervoso, garoto, garoto, toma jeito hem.

Falou com o Che, que esperava por ele para irem jantar por aí, quando estiveres livre me chame.

Foi para casa, tomou um bom banho, colocou uma camiseta nova que tinha comprado num saldos, umas bermudas, ficou esperando por eles é pensando no que tinha escrito antes.

Levou o Laptop para que Chen lhe ensinasse como funcionava.

Chen acabou dizendo que ele tinha um facilidade em apreender impressionante.

Imagina Chen, tinha sonhos, um projeto, principalmente por parte de minha mãe, iria para Dallas estudar, mas eles morreram antes, isso ficou impossível.

Pensei que nunca ia ser possível escapar da vida medíocre. Ganhava uma miséria no restaurante, o que valia era que comia lá. Trabalhava sim como um burro, o que me fez ficar com o corpo que todo mundo acha que passo horas malhando.

Cada livro velho que caia na minha mão, lia de cabo a rabo várias vezes, até saber de cor a história, a vezes podia dizer cada linha do texto.   Nem se fala nos jornais velhos que apareciam no restaurante.  Lia as mesmas notícias centenas de vezes.

Quem me ajudou nisso foi Pierce, que me passava alguns livros, que eu tinha que ler escondido, porque senão meu irmão ia perguntar aonde tinha roubado.

Tenho uma necessidade imensa de recuperar o tempo perdido.  Por isso ao contrário dos outros, presto muita atenção, sou capaz de apreender por osmose.

Ao contrário de mim, desde criança, meus pais insistiram que eu aprendesse cantonês, ao mesmo tempo que inglês. Dai foi fácil, podes dominar mais línguas. Imagina o diferente que era uma da outra.   Sempre gostei de estudar.  Na loja, leio tudo que me cai nas mãos.   Até as revistas gays.   Foi aí que comecei a me interessar mais pelos homens.  Via aqueles corpos maravilhosos, comecei a desejar.  Tive poucas experiencias, mas sempre frustrantes, pois creio mais que queriam saber como era fazer sexo com um chinês.   Mas na verdade nasci aqui, sou americano.   Antes de entrar na universidade, tinha um que achava que era meu amigo, me apaixonei por ele, mas tudo o que ele queria era que eu lhe roubasse coisas na loja de meu pai.

O único que foi legal comigo, foi o amigo do computador.  Ele gosta de fazer sexo, diz que tem a mesma paixão que pelos computadores.   Quando quero, o procuro, pois está sempre disposto.

Mas na realidade como vi o que escreveste, não tenho noção do que é amor.  Meu pai, espera é claro que eu case, tenha filhos, etc.  Mas sabe que sou gay, nunca escondi.

Ver vocês falando de sexo, de vida, eu de uma certa maneira fui premiado. Vivi, se pode dizer protegido dentro do orfanato, sofríamos abusos dos maiores é verdade, principalmente meu grande trauma, noites sem luas, escuras.   Nunca me apaixonei.  Meu único objetivo era escapar ou ter idade para sair dali.  Não tenho menor ideia de quem eram meus pais, dai meu nome.  Entrei lá num dia de São Matheus, Smith é o nome que dão a todos que não sabem quem são os pais. Mas  em contrapartida, me educaram, pude estudar, ter ambições.  Depois andei de emprego miserável, um atrás do outro. Até poder pagar a matrícula da universidade.   Por isso fiz o vídeo pornô.   Por minha sorte, me tocou você na primeira parte.   Tudo o que eu queria era sair correndo, principalmente depois que vi o tamanho do seu caralho.  Mas foste legal comigo, me ajudaste a me relaxar.   Mas com os outros foi uma tragédia, me sentia usado.  Depois aquele idiota, descobriu o vídeo, começou a me encher o saco, até que você de novo me salvou.

Como agora, tendo tu, Chen como amigos, esse pequeno apartamento, para muitos será uma merda, mas para mim é o meu palácio.   Pode ser que um dia tenha um melhor, mas no momento, é mais do que eu poderia esperar.

Brindaram com uma coca cola, a união dos amigos.

Como faço para ter hi-fi, perguntou ao Chen?

Daqui vamos a tua casa, procuro roubar de um de seus vizinhos.  Riram muito da travessura. John era mais velho, mas na verdade tinha vivido tão pouco, que podia se confraternizar com eles, como mais um.

Seu apartamento também era pequeno, a única coisa maior era o banheiro, que tampouco era imenso.  Estava virado para uma área de serviço, mas a sala com a cozinha junto, dava para a rua.

Chen, conseguiu rapidamente um hi-fi para ele.  Assim posso mandar o texto que vou escrever para os dois, assim me dão palpites, ok.

Se abraçaram os três ao mesmo tempo, para se despedir.

Sentia como se fosse explodir, afinal tinha amigos, além do Mark que era muito mais velho do que eles.

Nessa noite dormiu relaxado, sonhou com Pierce, sorrindo para ele, sentiu uma sensação de falta, porque por mais rápida que fossem os momentos que estavam juntos, havia uma certa dose de carinho.

Agora podia entender o que ele dizia, que não devesse nada a ninguém.  Sabia que seu pai tinha muito dinheiro, isso primeiro deve ter dado uma boa vida para ele, criado uma dependência.   O tinha obrigado a casar-se com uma mulher que ele sequer sentia atração.

Na sua cabeça, começou mesmo dormindo, forma-se a ideia do texto que ia escrever, a super proteção que alguns alunos tinham da família, que os incapacitava para seguirem em frente, criar uma independência.  Que era mais fácil, um aluno que vinha de outro extrato social, que por necessidade tinha que batalhar mais para conseguir seus objetivos.

Se levantou cedo, experimento fazer como o Chen tinha explicado, usando o Word, em seguida escrevia como uma metralha.  Visualizou aonde estavam as letras, mesmo usando poucos dedos conseguia escrever rápido.

Releu o que tinha escrito, acrescentou o comparativo da sua impossibilidade de estudar, como tudo isso agora lhe parecia um sonho.  Os primeiros momentos estudando, totalmente defasado em termos de idade com os alunos, para recuperar o tempo perdido.   Mesmo na universidade era o mais velho da turma.  Mas sua parte ingênua de adolescência, juventude, não tinham sido desenvolvida, por isso podia conviver com eles.

Mandou uma cópia como Chen tinha ensinado, para os dois.   Assim podiam ler e comentar, isso o ajudaria a entender a mecânica de escrever.   

Voltou para a cama, para dormir mais um pouco, pois logo seria hora de se levantar.   Cristhofer tinha passado uma direção de um lugar que davam curso de escritura.  Fez como sempre, tomou um bom banho, usando um sabonete cheiroso, deixou os cabelos soltos como seu personagem, além do óculos.

Era uma professora que dava o curso, pelo que tinha lido, tinha escrito vários livros, sempre tinha sido professora de escritura.   Era amiga do Cristhofer.  Maria do Rosário, era descendente de mexicanos.  Iria procurar seus livros para ler.

O recebeu em sua sala, aonde ajudava os alunos.  Leu os dois texto que ele tinha escrito para o Cristhofer, tinha levado o laptop, para mostrar o que tinha escrito nessa noite.

Gosto como escreves, tem uma certa frescura, eres honesto com o que escreves, não crias subterfúgios para enganar quem lê.    Lhe disse quanto custava a matrícula.  Mas lhe advertiu que como estavam no final do curso, antes das férias de verão que ele podia assistir as classe, participar.

Venha comigo, começo uma agora.  A turma era pequena, as idades variavam, algumas pessoas tinham mais idade que ele, outras jovens.

Lhe apresentou ao grupo, dizendo que ele ia participar para entender como funcionava.  Vou ler um texto que esse jovem escreveu, sem ter nenhuma experiencia nisso.

Leu, todos comentaram que tinha gostado.  Sorriu como se tivesse descoberto um novo mundo. Cristhofer tinha razão, podia ser seu mundo.



Teria duas aulas por semana, sempre tendo que levar textos, em um determinado formato, com uma quantidade de letras.  Nunca devia passar de uma certa quantidade de páginas.

Esse texto que escreveste sobre a vila, faça uma coisa, lembre-se do tempo que vivias lá, como era teu dia.   Nos conte, sem esconder nada, sem fantasias. Seja duro, direto. Ok.

Foi para o restaurante, andando nas nuvens, mas antes chamou Cristhofer para falar com ele. Não sei o que faria sem tu, nem Mark.  Este lhe cobrou se ia ou não para Malibu no final de semana.   Convidaste o Matheus?

Não toquei no assunto com ele.  Mas nessa primeira vez, prefiro ir sozinho. Ok.

A semana passou rápida.   Tanto Matheus como Chen, disseram que não tinha nenhuma critica ao texto, tinham achado bem.  Mesmo assim resolveu, incluir o que a Maria do Rosário tinha falado.

Reescreveu o texto inteiro, falando de uma pessoa que vem do cu do mundo, se encontra com outros alunos, que vem de uma família que os protege, a visão diferente de dois mundos, como entender a filosofia.  Mandou o texto para Matheus, perguntou se podia imprimir na universidade, pediu cinco copias do texto.

Entregou o mesmo ao Cristhofer, que o guardou diretamente em sua pasta.  Nesse dia, o Idiota não estava na turma.   As discussões foram excelentes.  Ainda discutiam os temas, liberdade e sexualidade.   As garotas que tinha ficado quietas nas aulas anteriores, agora falavam livremente do assunto.

No final de semana, avisou aos amigos, que estaria fora.  Ia conhecer outra realidade, ir a uma praia, em que a maioria das pessoas eram privilegiadas.

A casa do Cristhofer, era simples, mas grande.  O levou até um quarto grande, com uma cama, uma mesa para escrever, lhe deu o código de seu hi-fi, para que ele pudesse escrever à vontade.  A posição da mesa, era estratégica, pois ficava virada para o mar.  O sol estava muito quente, ficaram uma parte do tempo sentados na varanda.  Indo dar um mergulho de vez em quando.  Mas desta vez tinha resolvido não dar vexame.  Tinha comprado uma bermuda de surfista.   Mark fez uma gozação dizendo, por mais que tentes esconder, quando a bermuda se molha, mostra todo teu poderio.   Relaxa, isso é teu.  Não tens por que esconder.

Cristhofer, brincou dizendo, vou mandar o Mark para casa, para poder experimentar.

Viu que cada vez que saia da água, os que estavam por ali, sempre ficavam olhando. Mas mandou tudo a merda, se comportou normalmente.

De tarde depois de comerem, eles foram descansar, ele se dedicou a escrever.  Primeiro não tinha nenhuma ideia, mas depois resolveu comentar, a sensação de poder sentir o mar em sua pele, o porquê as pessoas olhavam como se ele fosse de outro mundo só por ter um membro grande.  Achava uma besteira, imagina se fosse grande, mas não funcionasse direito, o que diriam dele.   De uma certa maneira, era uma realidade.  Sabia de um ator pornô, que a tinha imensa, mas necessitava tomar Viagra para fazer os vídeos.  Num dia que estava nos vestiários, tinha acabado sua participação, este entrou dizendo que tinha que fazer um vídeo com ele, para ver quem tinha maior.  Ele com certeza iria comer seu cu, pois era um todo poderoso.    Mas como já tinha escutado a respeito da Viagra, perguntou, com ou sem.

Como, que com ou sem?

Viagra, quero dizer.  Porque para fazer isso, vais necessitar de muita.   Eu sou jovem, ainda não necessito.   Na hora que necessitar, darei meu cu, a todo mundo, menos para ti.  Vá te fuder, idiota.

Saiu, deixando todo mundo com a boca aberta.

Escreveu mais sobre o assunto, a preocupação constante que observava nas pessoas, era quem fazia o que.     Se esqueciam de algumas coisas importantes.   Isso só tinha experimentado com o Pierce.  O antes, e o depois.   Quando já realizaste o ato, alguns dizem que fumam um cigarro, mas o que mais gostava era das conversas. Poder falar livremente de coisas que estimulavam um ao outro.

Quando se virou, viu que Cristhofer, estava na porta observando.

Estás tão mergulhado no que escreves, que dá gosto te observar.  Levantas a cabeça, olha o mar, retorna aonde parou.   Sinto falta disso em mim.  A muito tempo que não escrevo nada que valha a pena.

Posso ver o que escreveste?

Sim, claro.

Viu que este lendo o texto, tinha um sorriso na cara.  O que me parece interessante, é que escreves, como se estivesse falando contigo mesmo, com outra pessoa. Uma linguagem simples, honesta, claramente.   Me permite, ligou um cabo usb ao laptop, imprimiu a pagina.

Na porta, agora estava o Mark, o que estão fazendo?

Venha ler o que ele escreveu, enquanto estávamos ocupados.

Mark ria, tua cabeça é incrível.  Fico imaginando se realmente teus pais te tivessem mandado para Dallas.  Ou seria um visionário, ou teria ficado na mediocridade.   Essa tua ânsia de aprender tudo, se deve ao fato de ter que recuperar teu tempo perdido.

A noite estava muito quente, aproveitaram para dar um mergulho, viram que o vizinho ao lado prestava atenção neles.

Cristhofer, comentou que ele devia pensar que era um depravado, estando com dois homens espetaculares em sua casa.  Sua cabeça deve estar fervendo de libidinagem.

Na semana seguinte, foram os três a aula, depois teria que passar na loja do amigo do Matheus para marcar o encontro dele com o Mark e seu irmão. 

Quando entraram na sala, o Idiota, estava prendendo uma coisa enrolada em cima do quadro negro.  Sentaram-se, John estava meio ressabiado, pois o outro não parava de lhe lançar sorrisos sarcásticos.

Quando Cristhofer entrou, a primeira coisa que perguntou o que era aquilo.

Ele soltou a fita que prendia um poster.   Era uma foto do John com o Matheus, retirada do vídeo.

Que merda é essa?

Ora professor, seu protegido, não passa de um ator pornográfico.  O Matheus deve estar contente pois tem um relacionamento com ele.  Esse chinês, deve fazer triangulo amorosos com eles.

John, pediu para falar.  Evidentemente não ia ficar quieto.

Vê quando me dirijo a ti te chamando de Idiota, não resta menor dúvida.   Realmente fiz uma série de vídeos pornôs.   E daí, o que tens tu com isso.  O aparelho é meu, sinalizou seu membro, faço com ele o que quiser.   Quanto ao Matheus fez isso, porque necessitava de ganhar dinheiro para pagar sua matrícula na universidade.   Graças a este vídeo ficamos amigos, coisa que tens só a estes que te bajula, porque tens dinheiro, nada mais.  Todo mundo o aplaudia, isso mesmo, é tua vida, o idiota não tem nada com isso. 

Além de que, me seguiste até o banheiro, quando viu meu instrumento de trabalho, querias logo colocar a mão nele, por despeito crés que vai provocar o que.

Meu pai está nesse momento reclamando disso para o reitor.  Vamos ver como fica a situação.

Cristhofer estava irritadíssimo.

Justo nesse momento entrou o reitor acompanhado de um senhor.  Quando viu o poster, ficou vermelho de ira.   O que é isso professor.

Cristhofer, sinalizou o idiota. Pergunte a ele. Que esta provocando a maior confusão aqui.

John tinha prestado atenção no homem que tinha entrado com o reitor, não lhe era desconhecido, na sua cabeça estalou quem era.   Era o dito cujo amigo do Joseph Andersen.

Pediu licença para falar. O Reitor pediu um minuto de silencio, dizendo que esse comportamento era imoral. Quando viu que ele levantava a mão para falar, diga o que tens a dizer.

Bom senhor, esse ataque é dirigido somente a mim, este senhor, a quem chamo de Idiota, por causa do seu comportamento em aula, foi quem trouxe esse poster.  Realmente fiz vídeos pornôs, pode comprovar esse senhor que está ao seu lado, muito amigo do diretor Joseph Andersen.  Esteve uma vez no platô, me ofereceu oito mil dólares para dormir uma noite com ele.  Sou ótimo em guardar rosto das pessoas.   Evidentemente não me prestei a isso, não sou prostituto.  Pelo que vejo a coisa é de pai para filho. 

O homem estava preste a ter um enfarte, o filho desceu de aonde estava, filho da puta, então o outro apartamento que tens é para isso, levar garotos de programas, atores de filmes pornô, bem que mamãe te chama de veado o tempo todo.  O reitor tentava acalmar os nervos, melhor é esquecermos dessa história toda.

Se levantou um homem que estava sentado ao fundo,  perdão, isso é impossível, me chamo Gerard Defert, sou editor do Los Angeles Independent, vim aqui hoje conhecer o jovem que escreve uns artigos fantásticos. Que não deve ser o caso desse a quem todos chamam de Idiotas.  Por favor preciso saber os nomes verdadeiros, para publicar numa matéria.

O homem saiu correndo da sala, com o filho atrás lhe chamando de filho da puta.

O reitor, perguntou porque o jornalista estava ali?

Eu mandei uma série de textos escritos pelo John, que esta acompanhando minhas aulas como ouvinte, alguns desses textos provocaram algumas aulas muito interessantes, virou-se para os alunos, perguntando se era verdade.  Todos gritaram que sim, que as aulas tinham deixado de ser chatas para serem interessante.  O reitor sinalizou uma aluna, o que me dizes senhorita.

Bom por causa de um dos textos, consegui tirar um tampão que tinha na minha cabeça, agora entendo os conceitos que me pareciam irrelevantes.  O companheiro John, tem o dom de nos sacudir de nossas vidas chatas.  Nem sabia que era ator pornô, mas tampouco me importa muito, porque gosto de mulheres.

Gostaria de ver algum texto seu rapaz.

Bom agora poderá ler através do meu jornal, pois pretendo contratar o jovem para que escreva na nossa coluna LGBT, poderá ser muito interessante.

John verbalizou uma coisa, as vezes uma atitude de alguém idiota, podemos sair ganhando.  Não tinha esquecido a cara do senhor, porque a oferta dele, era altíssima, imaginem 8 mil dólares, além do que ele já tinha dado ao diretor.   Isso porque eu era um belo desconhecido.

O reitor se sentou na mesa do professor, pode seguir tua aula, quero ver como esses jovens se comportam.

O rapaz que agora fazia parte do grupo, pediu para falar.  Outro dia discutimos vários filósofos que falavam em liberdade.  Aqui hoje assistimos, um ataque a liberdade individual.   Cada um pode ser o que quiser na vida, sem ser obrigado a sentir vergonha do que faz.  Acho louvável o fato do John, não ter vergonha do que faz.  Afinal creio mesmo que estava experimentando novas sensações, pelo que sabemos não fez mais nenhum. Mas se também fizesse, isso seria um problema dele.  O que me interessa é a maneira como fala das coisas com normalidade, sem criar uma fantasia por cima.

Nos contou outro dia que vinha de uma vila no fim do mundo, aonde não existiam nem rádio nem televisão.   Que tinha comprado aqui seu primeiro celular, mas não tinha se preocupado antes, pois não tinha amigos com quem falar.   Mas desde que está aqui, fez novos amigos, todos gostamos de lhe contar as coisas, sua argumentação é diferente do que estamos acostumados a escutar, mesmo dos nosso psicólogos.  Claro tivemos uma maneira diferente de sermos criados, mais protegidos, nossos pais sempre procuraram nos dar tudo.  Isso de uma certa ótica, não resolve os problemas.  O mundo muda a ritmo de galope, nosso país nem sempre podem acompanhar o ritmo.  Então ficamos, sem saber o que é certo ou errado.  Hoje tenho a certeza de que o que seria errado, termos um ator pornô em sala, é o certo, nos livramos de um idiota, cheio de complexos, rico, mimado.  Que passava as aulas, provocando a este ou outro aluno.

Ao contrário nesse mês, cresceu meu interesse.  Eu que pensava, no próximo ano, não farei mais esta faculdade, terei que procurar alguma coisa que me emocione.   Já não preciso, tenho aqui, agora.

Todo mundo o aplaudiu. Até o reitor, falas bem rapaz.

Estava lendo o primeiro texto que John tinha escrito, só o víamos balançar a cabeça, contaria depois Cristhofer ao Mark.

Quando acabou a aula, todos passaram por ele, Matheus, chocando as mãos, alguns que não conheciam o Chen, também o faziam.

O reitor disse que gostaria que todas as aulas tivessem um aluno como o John. Precisamos sacudir os alunos, alguns dormem nas aulas.

Quando ficaram só eles, Cristhofer, finalmente apresentou o Gerard.

Bom você, já escutou minha proposta, gosto dos teus textos que me mandou o Cristhofer, esse do domingo, achei sensacional.  Amanhã poderias passar no jornal, para combinarmos, como trabalhar.

Piscou o olho para o Cristhofer, gravei tudo do pai com o filho.  É mais, creio que esse homem está arruinado financeiramente.  Quem o sustenta é sua mulher.  Esta sim é riquíssima, passa a maior parte do tempo na Europa.   O filho deve ter sido criado por empregados, aos que deve humilhar sempre.

Foram para a cafeteria, o pessoal todo os aplaudia.  Agora a mesa deles era a mais concorrida, que se juntou ao grupo foi a garota que se assumiu como lesbiana.  Meu pai teve que engolir em seco hoje.

Quem é o teu pai?

O reitor, o coitado vai ter que se modernizar a toque de caixa.

Ninguém sabia disso, foi o comentário dela, não importava, agora se sentia mais livre. Não terei que fingir tanto.

Foi a loja do amigo do Chen, com a cabeça nas nuvens, tinham tentado derruba-lo, mas seu instinto de sobrevivência tinha sido mais forte.    No momento tinha ficado preocupado com o Cristhofer, pois o reitor lhe poderia chamar atenção, por ter um aluno como ouvinte, participando ativamente das aulas.

Falou com o rapaz, lhe passou o número do celular do Mark.  Terás que conversar com ele, com seu irmão, mas creio que podes convence-los a melhorar a maneira de controlar tudo.  A preocupação do mais velho, é não pagar mais impostos.

Ao contrário, esse tipo de programa, podes fazer de uma maneira que oriente os custos, para pagar menos impostos.   Ok. Já marcarei com ele, depois comento contigo.

Virou-se para o Matheus, dizendo que tinha visto o vídeo dele, se precisares de uma aulas, eu te ensino a se sair melhor fazendo sexo.

Ficaram rindo, John para o provocar, disse, até eu quero aprender.  Sem dúvida nenhuma podemos fazer um quarteto.  Ficaram rindo.  Já nos falamos sobre o trabalho.

Chen foi quem disse que ele adorava provocar.  Imaginem que foi ele quem me provocou, estava aqui resolvendo uma coisa com ele, simplesmente passou a mão pela minha bunda, depois me excitou, fechou a loja, ficamos transando. Foi minha primeira vez, primeiro beijo, meu primeiro tudo.   Ele conversa sobre o assunto com a maior normalidade.

Mudando de assunto, o que acham da proposta do jornal?

Eu sempre leio essa coluna por internet comentou o Chen, sempre tem assuntos interessantes. Pode ser uma boa para ti.

Mas não quero largar as aulas do Cristhofer, nem tampouco da Maria do Rosário.  Preciso apreender a escrever bem.

Que artigo era esse que ele disse que tinhas escrito no domingo?

Quando chegar no restaurante, mando uma cópia para vocês. Ok.

O resto do dia correu sobre rodas.  Mark veio conversar com ele sobre o assunto, contou que Cristhofer foi conversar com o reitor, é que este o elogiou. Que havia outro professor da mesma área, a quem os alunos viviam reclamando de antiquado.  Se estes escutassem passariam para sua aula.  O outro só termina esse semestre e se aposenta.

Comentou com ele o que achava da proposta de escrever para o jornal?

Como teu agente vou contigo para ver como e quanto vão te pagar. Afinal, ganho porcentagem, se queres realmente vou me informar quanto ganha uma jornalista da área, para teres uma ideia de como negociar.

Eu realmente gostaria que viesses junto, pois entende mais de contrato do que eu, consegues ver coisas que não vejo.

Ah, o rapaz já me chamou, marquei com meu irmão para sexta feira, pois este disse que era um dia que estava livre.

Contou o que ele tinha dito sobre um programa para otimizar as coisas, fazer com que gastasse menos.  Já falaste com teu irmão do Matheus.  Eu não comentei nada com ele, mas sei que está procurando alguma coisa por aqui.

Mark se informou a respeito, foram para o Jornal, a proposta era satisfatória, queriam que ele escrevesse para seu site LGBT, bem como publicasse texto que lhe interessassem.  Mas para manter o site necessitavam que estivesse várias horas ali por dia.   O contrato financeiramente era excelente, depois de alguns meses de prova, seria fixo.

Saiu quase saltando, teria tempo para ir as aulas, manter o que já tinha, tempo para escrever. Afinal seria uma experiencia interessante.

Estava trabalhando no restaurante quando o amigo de Chen passou, ia para a reunião com Mark queria saber um detalhe que lhe faltava.

Nem seu o teu nome direito?

Me chamo Juan Perez, mas pode me chamar de Mouse.   Meu pai também se chama Juan, mas todo mundo me chamava de Juanito, minha mãe de meu ratinho, porque sempre fui pequeno, nasci antes do tempo, dai o Mouse.  Ela diz que eu sempre tive pressa para tudo.

Bom Mouse, eu preciso falar contigo. Preciso de orientação para trabalhar, me surgiu uma proposta, mas nem sei se estou qualificado, por isso preciso falar contigo.

Ok, quando volte da reunião, te chamo pelo celular.

Ótimo, vivo aqui perto, podemos falar à vontade em casa.

Sem saber muito por que, foi para casa depois do trabalho, tomou um banho, ficou esperando a chamada ansioso.

Quando este chamou, lhe deu seu endereço, ensinou como chegar.

Perguntou se queria tomar alguma coisa, embora só tivesse na geladeira coca cola zero.

Serve, mas me conta o que te preocupa, pois te vejo ansioso.

Contou do jornal, do site. Querem uma coisa diferente do que existe.  Eles dão notícias, querem que haja algo mais.   Que eu escreva uma espécie de crônica por dia.

Interessante, eu sempre dou uma olhada nos jornais pela internet, não tenho tempo para os de papel.   Creio que também podes ter um site a parte teu.  Isso te ensino a criar.   Não é tão difícil hoje em dia.  Todos os canais estão abertos.   Lhe mostrou vários exemplos, estavam os dois olhando os sites, sentados um ao lado do outro, de repente tinham a cabeça quase juntas. Mouse virou-se simplesmente lhe colocou a mão no joelho, aproximou a cabeça, começou a beija-lo.  Não sabia como corresponder direito.  Nunca tinha sido amoroso com ninguém. Mesmo o Pierce, nunca tinham se beijado assim.

Quando viu estava nu em sua cama, tudo que escutou foi a voz rouca do Mouse dizendo, relaxa, depois pensamos.

Ele simplesmente o devorava. A diferença de altura dos dois não importava. Fez uma coisa que ele nem imaginou como chegar a isso, veio descendo pelo seu corpo, passando a língua em tudo, começou a passar a língua pelo seu cu, quando viu o tinha penetrado, ia protestar, mas o outro colocou o dedo nos seus lábios, tudo que fez foi chupa-los, depois simplesmente manteve seu aparelho duro como uma madeira, se lançou a ele, sentou-se em cima, sem saber muito o que fazia, mas guiado pelo seu instinto, ia correspondendo a tudo. Passaram a um a penetrar ao outro sem parar, no final tiveram um orgasmo juntos, Mouse sentado no aparelho, batia no peito gritando. Teve que rir.

Nunca viste um filme de Tarzan, o grito que dava, pois esse é o meu grito.

Nunca tinha tido um orgasmo ao mesmo tempo com outra pessoa.

Ficaram abraçados na cama.  Como se nada tivesse interrompido a conversa, disse que ele podia realmente manter um site, com seu nome, escrever o que lhe saísse da cabeça, sabia que ele era inteligente.  Vou preparar teu laptop para que possas trabalhar, depois te ensino, agora, vamos recomeçar.

Quando escutou recomeçar, pensou que ele queria se levantar da cama, para ir para a mesa, mas refizeram tudo outra vez, sentia uma ânsia sexual como nunca antes tinha sentido. Desta vez foram de espaço, agora ele sabia como explorar o corpo do companheiro.   Ele era magro, pequeno, na verdade não chegava a 1.70, mas sentia que adorava aquele corpo, quando fez como ele, o penetrou, depois se deixou penetrar, sentia que podia passar horas fazendo aquilo.

Quando se deram conta, era de noite.  Rindo se sentaram na cama, um olhando para o outro.

Falaram ao mesmo tempo, nunca tive isso com ninguém.  Estavam sentados entrelaçados um ao outro, se olhando nos olhos, falando baixo, como se não quisessem que ninguém os escutasse.

Mouse soltou, desde que te vi, não paro de pensar em ti. Mas pensei que pelo meu porte, pelos homens que tiveste nos vídeos, eu não te interessaria.

Imagine, aqueles, homens, eu chegava, dizia alo, fazíamos o que se tinha que fazer, adeus.

Se viram um contando sua vida ao outro, foram para a cozinha, prepararam sanduiches juntos, era como uma sincronização.  Retornaram na frente do laptop, como se não tivessem feito outra coisa até o momento.

Mais tarde foram dormir, Mouse fez menção de ir embora, ele lhe soltou, nem se atreva, nunca dormi com ninguém, mas com você eu quero.

Dormiram um agarrado ao outro, na verdade Mouse, encaixado com ele. De manhã, fizeram sexo outra vez.  Isso vai ser uma loucura, pois preciso me concentrar, só penso em fazer sexo contigo.

Foram trabalhar, Mouse disse que passaria em sua casa pois teria que falar com seu pai, de uma proposta.   Meu pai leva um grupo de trabalhadores, restauram casa, constroem, recuperam tudo que possas imaginar.  Como ele, são descendentes de mexicanos, já minha mãe, esta vai te adorar, imagina uma mulher, chinesa, cujos pais chegaram aqui sem nada.  Construíram uma vida, ela inclusive foi a universidade.  Fala vários idiomas. É professora numa escola perto de casa.  Os dois se conheceram por acaso, se adoram.

Ela sabe tudo sobre mim, vai adorar te conhecer.

No restaurante fez tudo maquinalmente, depois foi a aula de escritura, levando seu último texto. Desta vez a Maria do Rosário fez com que ele lesse, discutisse o mesmo com os outros.

Era o texto que falava da vila.  Contou pequenas histórias que tinha imaginado, a partir do que escutava pelo rádio, ao mesmo tempo que falava de seu olhar pela janela, vendo tudo deserto, os raros carros passando, levantando poeira nos dias de verão, os momentos que era interrompido por alguém pedindo café.

Ela disse que ele deveria explorar mais essas imagens.  Escreva agora, com era saindo do trabalho, indo para casa, as sensações que ele tinha.

Sua cabeça imediatamente começou a funcionar.

Sem seguida um companheiro falava sobre o que tinha escrito, em seguida começaram a debater.   Lhe perguntou por que seu personagem estava tão amarrado, era uma pessoa sem liberdades, ansiando voar.

Muito boa observação, reescreva, procurando que o seu personagem, voe como diz o John.

Ficaram conversando ainda um momento, o rapaz se aproximou, gostei do teu comentário, é que não sei expor meu personagem, ele é gay, como eu, que estou dentro de uma caixa forte, os outros estão dentro de armários, eu preso numa caixa forte.

Olha o melhor é descobrir o segredo da caixa forte, abrir, sair para respirar o ar puro.

Minha mãe tem o hábito de ler o que escrevo.  Nunca falei nesses assuntos com ela.

Ora com certeza ela sabe de ti, se não sabe, já é hora de respeitar tua vida, afinal, eres um homem.

O outro ria, contigo é fácil de falar as coisas.  Espero poder falar mais contigo.  Posso lhe dar o número do meu celular, assim podemos trocar ideia.

Agora ele podia fazer isso, se comunicar com as pessoas através do celular.

Mas cada vez que pensava no que Mouse tinha falado, acreditava, que se publicasse o que pensasse, poderia conversar com as pessoas.  Trocar ideias.  Quanto ao sexo por exemplo, via agora que confiavam nele para contarem seus segredos, como que querendo que saíssem a luz.

Embora não soubesse como seria se seus pais fossem vivos, com certeza sua mãe, diria, não perca tempo queimando as pestanas com o que os outros vão pensar, seja tu mesmo.

O problema era sempre seu irmão, com essa violência fechada dentro de si.  Nunca tinha entendido, era forte fisicamente, mas sua cabeça estava sempre perdida.   Lamentava terem vindo parar ali na vila, mas tampouco fazia nenhum esforço para escapar da vida que odiava. Seu modo de escape era as drogas, mas estas não levavam a lugar nenhum.

Resolveu que o texto que ela tinha pedido, seria sobre isso. Como as vezes ele reflexionava, ao caminhar para casa, sabendo que ia encontrar o irmão, ou bêbado, talvez drogado, dependia como se tinha dinheiro ou não.   Por isso escondia fora dali o dinheiro que lhe dava Pierce.

Telefonou ao Mouse.  Falaram como estava sendo o dia deles.  Te espero esta noite, tenho ideias na cabeça.

Ok, vou passar em casa daqui a pouco, falarei com meu pai, alias não te contei nada da reunião, assim falamos. Mas jantarei com eles. Ok.

Estava ansioso, nunca tinha tido essa espécie de sentimentos por outra pessoa.  Resolveu falar com Mark, pois ele era mais velho, estava sempre disposto a lhe escutar.

Não lhe perguntou nada sobre a reunião, foi direto no assunto.

Este ria muito, fico imaginando vocês dois juntos, mas fico contente que finalmente tenhas encontrado alguém.   Mouse realmente é uma pessoa além de inteligente, prático, sensível, soube por exemplo conversar como meu irmão de igual para igual. Não lhe ficou falando em termos que ele não entendesse.  O mais interessante é que meu irmão é difícil  de deixar-se convencer.   Para minha surpresa, fechou negócio com ele, sem sequer perguntar quanto ia custar tudo.   Me disse que hoje ia conversar com seu pai, depois marcaria outra reunião.

O que seu pai tem a ver com isso?

Melhor que te conte ele.  Quando vão estar juntos outra vez?

Hoje mesmo, ele vem dormir aqui comigo.

Caramba então o assunto é sério mesmo.  Fico contente contigo garoto, vais por bom caminho, tua vida está tomando um rumo excelente.

Quando escutou a campainha da porta, saiu disparado, abriu o arrastou para dentro, se comeram a beijos.  Tudo era novo para ele, a ânsia que tinha do Mouse era incrível. Só depois nus na cama, saciados, foi que começaram a falar.

Não consegui te tirar da minha cabeça. Procurei ocupação todo o tempo, pois não conseguia me concentrar.

O mesmo digo eu, minha mãe, bastou me olhar, para dizer, que eu devia ter encontrado meu príncipe encantado, pois meus olhos brilhavam.

Falei de ti, o que fazias, como escrevias, ela disse que queria ler algo teu.

Tenho que escrever um texto novo para a aula de escritura, de dou uma cópia.

Ficaram conversando muito tempo, finalmente Mouse contou da reunião.  Antes de falar alguma coisa, pedi para conhecer os dois hotéis. Fui olhar os quartos, um está relativamente bem, mas poderia ser melhor, o outro que dirige o irmão do Mark, é um caos. O pessoal que trabalha é relapso por estar a muito tempo no trabalho, ele faz vista gorda. Então propus que ao mesmo tempo que fosse feito o trabalho de administração, eles investissem em gastar dinheiro na remodelação.   Principalmente o que leva o Mark, está num edifício bonito.  Se os quartos fossem reformados, atualizados, com hi-fi, que os banheiros fossem modernos, isso lhe daria melhor renda.   Contei que meu pai, seu grupo de amigos fazem isso.  Que deveriam começar nos apartamentos de cima, até chegarem em baixo.  Que o do irmão fosse transformado, que os quartos fossem mais práticos, para quem vai somente fazer sexo.

Amanhã meu pai vem falar com eles, podemos seguir o trabalho.

Tu o que estava pensando?

Lhe contou do que tinha acontecido na aula, do rapaz que tinha vindo falar com ele, o papo que tinham tido.  Creio que se tenho um site como tu dizes, poderei quiça ajudar essas pessoas. Colocar meus textos, trocar ideias, que me mandem os seus, que possa divulgar o que pensam.

O que achas disso?

Acho excelente, vai ser um sucesso, acredito que terei que escrever, para que me des atenção.

Mouse, espero que tenhas paciência comigo, nunca gostei de ninguém, tampouco me senti atraído como me sinto por ti.  Tudo é uma experiencia nova.

O mesmo digo eu, imagina, nunca dormi fora de casa, ontem antes de dormir, mandei um WhatsApp, para minha mãe não estranhar.  Por isso falou do príncipe encantado.

Tive minhas aventuras, mas sempre ia para casa.  Nunca dormi com ninguém, é dormir encaixado em ti, foi excitante.

Voltaram a fazer sexo, depois ele disse que sempre fazia exame de prevenção de Aids, que não se preocupasse.

Bom John, é a primeira vez que faço sexo sem proteção, mas de qualquer maneira irei ao médico para fazer um exame também. Para que possamos desfrutar um do outro sem problemas.   Uma pergunta vamos contar isso para o Chen e Matheus, embora creia que eles estão tendo um rolo ainda em segredo também.

Não falei com nenhum dos dois o dia inteiro, porque estive trabalhando, depois na aula, finalmente te esperando como um louco.

Riram, ah na minha mochila, tem uns tamales que minha mãe mandou para ti.  São um pouco picantes, mas valem a pena comer.

Fome eu tenho de ti, isso sim. Fizeram sexo novamente, mais lento possível para desfrutar um do outro.

Conversou com o Mark, disse o que tinha imaginado. Não creio que de certo eu ficar preso ao jornal, venho acompanhando o site deles, está mais para notícias do que acontece em termos de policiais, maltrato, assassinato de gays, alguma coisa formal que acontece nesse mundo.  Eu queria ir mais por livre,  escrever o que saísse da minha cabeça, poder falar do que sinto, ao mesmo tempo receber texto de outras pessoas, comentar. Trocar ideias.

Segundo me disse o Mouse, esse blog ou site, podia estar ligado ao jornal, mas não que eu estivesse preso lá dentro.   Ainda estou estudando, não quero parar.

Telefonaram para o Gerard, ele comentou o assunto. Ok podemos te pagar por artigos que podemos encomendar á ti.  Quanto ao teu site ou blog, que esteja ligado ao Jornal também. Queremos mais é atrair gente que leia tantos os artigos que publicamos, como que falem.

Alias, vamos publicar dois artigos teus, com uma semana de separado, se quiseres podes passar aqui para receber o dinheiro. 

Quando disse o valor, ficou bobo, posso até deixar o emprego no restaurante.

Ou seja, vais me abandonar?

Não Mark, quem pode trabalhar lá é o Matheus, tenho certeza será uma boa escolha.

Nessa noite junto com Mouse, começaram a montar um Blog, pois este achava que era o que funcionava mais.  Montou o esquema, se associou a Wordpress, colocou o texto que tinha escrito primeiro.    Pediu as pessoas que lessem fizessem comentários.    Logo no alto da página, o nome do correio, para que as pessoas lhe mandassem textos, que se ele achasse bem, as pessoas pudessem comentar.

Depois passaram o tempo comendo Tamales que a mãe do Mouse tinha mandado no dia anterior.

No dia seguinte pela manhã, se encontrou com o dono dos apartamentos, que lhe disse que o apartamento do último andar estava livre, se ele quisesse dar uma olhada.

Claro que quero, subiu com o homem.  Este lhe explicou que o apartamento era relativamente maior.  O salão era maior, tinha uma varanda que metade estava fechada, poderia trabalhar ali tranquilamente.  Tinha dois quartos, um grande, outro menor, pensou imediatamente no Mouse, ali ele poderia trabalhar.  O banheiro também era excelente.   Precisava sim de uma pintura, limpar bem o chão que estava feio, gorduroso, de gente que faz muita fritura em casa.  Ele odiava isso.   Pediu a chave, quero mostrar para meu amigo. 

A esse rapaz, que agora vive contigo?

Muito simpático, educado, cada vez que me encontra pergunta como estou,  me diz bom dia, sorri.

Esse é o meu Mouse, pensou.

Nesse dia tinha aula de filosofia.  A turma estava imensa, muita gente da outra sala de aula. Os antigos iam se apresentando.  A filha do reitor, veio lhe dizer que seu pai queria falar com ele.

Antes do Cristhofer entrar, colocou no quadro, o nome de seu blog, bem como correio.  Poderão revisar o texto que serviu de base para o primeiro debate que saiu tanta confusão. Fiz algumas correções, a partir do que cada um disse. Está aberto também que se alguém tiver vontade de mandar texto, ou mesmo conversar sobre o assunto que escreva, terei o maior prazer em responder.  Percebeu que todo mundo anotava.

Quando entrou o Cristhofer, disse rindo, já perdi o meu cargo de professor, adeus, vou para a praia que ganho mais.    Explicou a ele o que tinha montado, o mesmo aconteceria com o blog do jornal.  As pessoas poderão mandar texto que queiram que seja publicado pelo jornal, em vez de ficar o dia inteiro por lá.   Combinarei com a pessoa, revisamos o que for necessário do texto, direi ao Jornal que pode publica-lo, o mesmo será pago.

Quem te viu, quem te vê, rapaz, estas indo vento em popa.

Com tantos alunos, novos, gostaria que se apresentassem, me dissessem por que trocaram de turma.

Bom eu nunca sabia o que ia encontrar, como vivia com meu irmão mais velho.  Tudo sempre era uma incógnita.  Não sabia se estaria somente bêbado, ou se estaria drogado.  Se tinha se metido em alguma confusão, acabava apanhando sempre.  Se teria que curar alguma ferida.

Digo que tem a ver com a liberdade, pois a dele, de ficar bêbado, drogado, cortava minha liberdade, pois era obrigado a cuidar dele.  Existe milhões de casos, de que as pessoas se veem obrigadas a cuidar de outra, o que se torna uma carga.   Alguns pais, tem filhos já com uma idade avançada, exclusivamente para  que cuidem deles, quando forem velhos.

Se alguém quiser comentar?

Começaram a falar todos ao mesmo tempo.  Cristhofer, colocou em ordem rapidamente a classe. Cada um que quiser falar, levantar a mão.

Foi como uma metralhadora, cada um verbalizava sobre o assunto, de todos os pontos de vista o que tinha vícios, tinha obrigação de se cuidar sozinho.  Todos achavam que  impedia a vida do outro a ir em frente.

Outros mesclava liberdade, com conviver, ajudar, etc.

Teriam que continuar o debate agora por mais dias, pois todos teriam direito a falar.  Ele sugeriu que todos escrevessem o que pensavam, ficava mais fácil de irem lendo, depois de cada texto, duas pessoas comentariam.

Foi depois de tomar um café com Matheus e Chen, que riam de alguma coisa.  O mais direto foi o Chen.   Então quer dizer que o Mouse está te ajudando nisso, ou em alguma outra coisa.

Já conversaremos sobre isso, como também creio que tenho que ouvir mais alguma outra notícia.   Apontou o dedo para eles, como dizendo, estou sabendo.

Mas agora tenho que ir falar com o reitor.

Quando entrou na sala Cristhofer já estava lá.

Bom, o que queríamos falar contigo, parece que já está acontecendo.  Tínhamos uma  proposta, com a turma maior, Cristhofer não poderá atender a todos, queríamos saber se estas interessado em atender alguns alunos, ajuda-los a aprender a debater, a pensar no assunto.

O reitor rindo disse, afinal, foi você que começou essa confusão toda.  Até que consigamos um professor que possa fazer isso já terá acabado o semestre.  Portanto te pagaremos.

Se vemos que funciona, quando consigamos novo professor, te mantemos, atendendo os alunos que queiram.

Ok, me interessa, a partir que vou tão somente vender textos para o jornal, não quero estar preso, com a obrigação de cobrir casos.

Trato feito então, te pagaremos pelas horas que atendes os alunos.

Saiu feliz da vida dali, andando ao lado do Cristhofer.

Já sei da história do Mouse, o fofoqueiro do Mark me contou tudo.  Espero que possas vir este final de semana à praia, podes trazer tua vítima.

Vítima?    Por quê?

É uma gozação John.  Quero conhece-lo também, minha casa está sempre aberta para ti.

Achava que devia contar ao Mouse a novidade, teve uma surpresa quando chegou a sua loja. Estava um sujeito o agredindo. Exigindo que lhe desse dinheiro.  Chamando de viado filho da puta para baixo.

Não teve dúvida, quando este deu um empurrão no Mouse, ele avançou para cima do sujeito, o segurando pelas costas.   Chama a polícia Mouse, vamos meter esse sujeito na cadeia.

A cara do Mouse, era de surpresa.  Pode deixa-lo John, é o meu irmão mais velho, que como sempre vem buscar dinheiro para drogas, como meu pai não permite que entre em casa, acha sempre que eu posso lhe dar.  Estava bem a semanas, esteve um bom tempo numa clínica, como era eu que pagava, acha que tenho que lhe dar dinheiro, por tê-lo metido lá dentro.

Soltou bem o sujeito, o virou de frente para ele, realmente o parecido era grande, salvo por uma coisa, parecia um homem, muitos anos mais velho que o Mouse.

Sente-se meu amigo, disse ao outro.  Não tens vergonha de fazer isso com teu irmão, sendo o único que te ajuda.

Não me diga que tu eres alguém dessas comunidades que ajudam as pessoas?

Absolutamente, mas não admito que venhas aqui incomodar o Mouse.

Por que não fazes um tratamento sério?

Que mas dá, fico sempre na mesma. Ninguém me quer como eu sou? 

Sabes realmente como eres?  Se o sabes por que não lutas para sair dessa, seguir em frente com tua vida.

O Mouse, sabe que o quero, não soube protege-lo, teve que ver coisas horrorosas por minha culpa.  O rapaz, chorava, soluçava, é a primeira vez que falo o que sinto.   Quando ele era garoto, era meu brinquedo favorito.  Sempre tão pequeno, frágil. Meu dever era protege-lo.  Ele tinha todo amor da casa, para mim não sobrava muito.   Mas era frágil, eu pensava que era o forte.   No fundo, depois de tudo que me aconteceu, tudo mudou, foi ele quem me protegeu sempre.

Caramba, que história. Nunca falaste nisso com nenhum psicólogo?

Tenho medo de que pensem que estou louco.  Mas ele é meu garoto, nunca o toquei, ele é o único que se preocupa por mim.  Pelos seus olhos sei que está apaixonado por outra pessoa.

Você não acha que é um direito que ele tem?

É verdade, ele poderia contar para todo mundo realmente o que aconteceu.    Mas eu não aguentaria.

Se eu te consigo um lugar para te tratar, irias?

Sim, não quero que ele fique infeliz por minha culpa.

Ali mesmo sentado no chão telefonou ao Mark, lhe perguntou aonde tinha se tratado?

Este queria saber por quê? 

Depois te explicou.

Ok, estou mandando a direção, não é caro. Fazem uma avaliação do teu problema, depois te mandam para um lugar fora de contato com essa puta civilização.

Em seguida, tinha no seu celular, a direção.  Chamou o Mouse, venha, peça um taxi, vamos levar teu irmão aonde o Mark foi tratado. Se levantou, o ajudou a levantar do chão. Este ficou olhando para ele.  Entendi, é por ti que ele está apaixonado.   Me  prometes cuidar dele?

Sim eu adoro teu irmão, não tenha dúvida que cuidarei dele.

Mouse fechou seu local de trabalho, entraram no carro, sentou-se ao lado do irmão, ficou segurando sua mão, até chegarem no endereço.

Ele pediu para falar com um nome que aparecia na mensagem do Mark.

Apareceu um homem imenso, de cabelos brancos, rebeldes. Em que posso ajudar?

Quem me mandou falar consigo foi Mark Wilson.   Lhe pedi a direção de aonde tinha sido tratado, me deu seu contato.

Lhe apresentou o Mouse, este é seu irmão, tem problemas com as drogas.  Saiu a pouco tempo de reabilitação.   Mas creio que como ele não se abriu realmente sobre a causa do seu problema, voltou a recair.

Quem fica responsável por ele?

Eu sou seu irmão, Juan Perez.  Lhe deu sua direção, número de celular.  Basta me dizer quanto é, eu pagarei o que seja para ver meu irmão melhor.

Qual o teu nome meu filho, se dirigindo ao irmão do Mouse.

Daniel, papai Noel, é o senhor?

Sim sou eu, piscou o olho para os dois, venha comigo.  Virou-se diga ao Mark que estou contente que siga em frente.  Deu dois papeis para eles, para mais informações. Lhes avisarei quando ele possa começar a receber visitas.

Saíram dali, foram andando em silencio.

É incrível como entras em minha vida como um furacão, pensei que ias dar porrada nele.  Ele não tem culpa de tudo.   Quando eu nasci, fora do tempo, toda atenção dos meus pais era comigo.  Mal o deixavam se aproximar de mim.  Tinha que me olhar de longe, recebendo todos os agrados da família.  Se tornou mal estudante, embora seja uma pessoa extremamente inteligente.  Quando eu tinha 12 anos, finalmente pode se aproximar.  Tinha recebido como obrigação me cuidar. Ia com ele a escola, estava todo o tempo cuidado de mim por causa do Bullying.  Mas depois que tudo aconteceu, ficou frágil.   Era eu que cuidava dele, colocava a cabeça dele no meu colo.  Um dia, estava cuidando dos ferimentos que tinha, ele em forma de me agradecer me beijou na boa. Justo nesse momento entraram meus pais.       Ficaram horrorizados, pensavam que ele tinha abusado de mim.   Por mais que eu explicasse, que só me beijava, não acreditaram.  O mandaram embora, ele só tinha 15 anos.  Foi jogado literalmente na rua. Quando depois de muito tentar, consegui que meus pais entendessem que não me tinha feito nada.  Não conseguíamos encontra-lo.  Quando finalmente o encontrei, tinham abusado dele, estava ferido, drogado, segundo o médico, muitas pessoas deviam ter abusado dele sexualmente.  Dai vem seu desequilíbrio, porque imagina que o fizeram com ele, na verdade foi comigo.  Desde então entra, sai das clínicas.   Quando está bom, o deixo trabalhar comigo, que durma ali.  Cuido de sua alimentação.   Mas claro um belo dia, volta tudo de novo.  Acha que alguém vai me fazer mal, que só ele pode me proteger..  Achei estranho hoje, me olhou, estas apaixonado não é verdade.  Já não vai me querer mais.  Aí se transtornou, vi que estava drogado, você apareceu, achei incrível, ele se sentar contigo, não faz isso com ninguém.   Cada vez que meus pais sabem que está aqui, passam para vê-lo, mas ele se fecha, creio que é pior.  Pois acha que vão condena-lo outra vez.

Entendo, meu irmão era igual.  Não o colocavam na rua, porque meu pai, tinha sido um excelente funcionário.   Ele pensava que era o culpado da morte de meus pai, quando foi meu pai que estava bêbado, que tirou o volante da mão dele.  O carro capotou várias vezes, ele e minha mãe morreram.  Ele se rebentou também, mas sobreviveu.  A mim não aconteceu nada. Mas sentia que tudo era sua culpa.  Depois perdemos a casa fomos morar num trailer num Parking, aonde viviam muitos funcionários da fábrica.   Volta e meia ficava bêbado, quando apareceram as drogas, lá estava ele, primeiro da fila.  Gastava todo seu salário.  Era a única maneira de esquecer de tudo.  Tive que começar a trabalhar, cuidava dele, quando criava confusão o carro da polícia ia me buscar, pois era o único que conseguia acalmá-lo. Te digo, não era fácil.   Também foi isso que me salvou, pois no dia que mataram Pierce, eu estava na delegacia por causa dele.   Foi meu álibi.   Não podia estar em dois lugares.  Já te disse quem foi o Pierce em minha vida.   Sem ele não estaria aqui.  Mas alguém o vinha chantageando, ele sabia que era alguém da fábrica, mas resolveu levar sua vida, sem pagar quem o fazia.  Continuou se encontrando comigo.   No dia do meu aniversário, me deu uma caixa com um sabonete, perfume, um envelope cheio de dinheiro, que escondi do meu irmão.   Depois que o mataram.    Um grupo da fábrica, junto com o ajudante do xerife, abusaram de mim, pois pensavam que era eu que dava o cu para o Pierce.  Todos abusaram de mim.  Resolvi ficar quieto, pois sabia que isso não daria em nada.  Ficaria para sempre com a fama.  Além de que estava farto de ajudar meu irmão.   Então desapareci do mapa, foi quando vim para cá.   Se me perguntas por que andei fazendo vídeos pornô, nem saberia dizer.  Eu nunca tinha sido amado, a não ser por Pierce.     Me parecia uma maneira normal de usar meu aparelho.   Agora ao contrário, eu sei que posso usa-lo para te amar. Ali no meio da rua, os dois pararam se abraçaram, se beijaram.

Venha vamos pegar um taxi, quero te mostrar uma coisa.  Nem tudo são más notícias hoje, acabo de ser contratado, para ser uma espécie de ajudante do Cristhofer.  Acham que tenho a capacidade de ajudar os outros. Mas talvez devesse fazer um curso de psicologia.  A outra novidade, quero que vejas algo.

Foram para casa.  Tens que me mostrar algo em casa, ou vais me arrastar para a cama.

Nada disso, subiram no elevador, até o último andar.  Abriu a porta, queria que desse uma olhada para ver se gosta, da que pode ser nossa nova casa.  Tem inclusive um quarto para que possas montar uma pequena oficina, para trabalhares, enquanto eu escrevo.

Mouse olhava para ele, sem entender muito bem.

Queres que venha viver contigo, é isso.

Sim Mouse, quero que venhas viver comigo.  Contigo ao meu lado, sou melhor.  Estou crescendo, em breve serei um homem como se diz, quando as pessoas fazem mais de 25 anos.

O que achas?

O que eu acho, é tudo que sonhei a muitos anos.  Ter encontrado a ti, agora sabe da minha vida, nem por isso te afetou, queres minha companhia.  Claro que quero, embora tenha medo.

Eu também, contigo vivo experiencias diferente,  nunca beijei ninguém como nos beijamos, nunca deixei ninguém me penetra, tu eu permito, dormir junto então, foste a primeira pessoa.  Estou sempre pensando em ti.  Tanto que ao sair da universidade, só pensava em contar a ti a novidade.  Antes contaria ao Mark, mas ele já deve saber pelo Cristhofer.   Depois terei que contar para que não fique com ciúmes.  Ah, os meninos já sabem.  Eu disse que também sabia deles.

Aqui precisa de uma boa limpeza, pintura branca por todas as paredes, limpar esse chão com uma raspadeira.   Posso pedir ao meu pai.   Mas primeiro terás que ir conhece-los no sábado.

Hoje dormirei na casa deles, porque tenho que contar o que aconteceu.   A não ser que querias vir comigo. Assim volto.

Claro que vou contigo, imagina, eles tem que saber com quem te metes.  Vou contar para eles que me seduziste, abusaste de mim, portanto nada mais normal que nos casemos.

Desceram, ficaram um tempo se beijando. Ele gostava de segurar a cara do Mouse com as duas mãos para fazer isso.  Eres um baixinho que mudou a minha vida.  Venha vamos enfrentar a família.

Podia ter-se arrumado, como qualquer noivo romântico, mas foi como estava vestido. Ia sugerir ir de taxi, mas teria que apreender como vivia Mouse.  Primeiro pegaram um ônibus, depois outro.  Viu que esse se dirigia ao subúrbio de Los Angeles, mas não comentou nada.   Somente lhe perguntou como ia dar a noticia a sua mãe sobre seu irmão.

Dessas coisas, falamos normalmente, só não vamos mencionar o nome do Mark, pois meu pai pode reagir mal.   Se eles perguntam, digas que é um estudante da Universidade que tu conheceste. Ok.

Concordava, não queria implicar seu amigo em confusões.  Só o fato de ter mencionado o que lhe tinha acontecido, deve ter mexido com ele.  Isso bastava, depois lhe explicaria o ocorrido.

Para quem tinha tido uma vida de merda, sem movimento nenhum, tinha agora uma vida agitada.  Sua vida anterior, na vila, ele poderia escutar até o ruído de um mosquito. Comentou com Mouse sobre isso, imaginas que a vila era menor que tudo que podes imaginar, uma rua principal, não propriamente uma avenida, sem asfalto, muita poeira no verão, muito barro na  época de chuvas.  Tudo de extremos.  No verão era impossível aguentar o calor do trailer para dormir, o jeito era colocar o colchão fora, para aguentar a noite.  No inverno ao contrário um frio de cão.   Estava sempre com os pés frio. Me encolhia tanto, que de manhã tinha dor pelo corpo todo.  Ia andando o mais rápido possível para o trabalho, para não sentir frio.   Tinha sempre frio.  O meu casaco era tão velho que tinha buracos, tinha sido de meu irmão, antes de meu pai. Se penso bem, minha vida mudou radicalmente.   

Podes imaginar, um dia inteiro sem dar uma palavra, vivendo simplesmente dentro de tua cabeça, fazendo tuas obrigações, como um exercício físico numa academia de ginastica.  Quando me perguntaram a qual ia, só podia responder que trabalhava.   Se por um acaso me procurava o Pierce, depois de lhe dar o que queria, meu aparelho para ele se divertir. Podia pelo menos conversar.  As vezes me falava de New York, do tempo que tinha vivido lá.  Das viagens que tinha feito a Europa.  As vezes tinha vontade de rir, pela comparação, nunca tinha saído dos limites da vila.  Mas na minha cabeça, eu voava de noite a esses lugares, que evidentemente podia imaginar, mas nem dizer que tinha visto num filme, ou na televisão podia.

Tampouco podia imaginar, uma cidade como esta, com esse movimento de carros, ônibus, todo mundo correndo de um lado para outro.   Me lembro de uma vez que estava na cozinha, a cozinheira escutava uma história de perseguição da polícia, era tão bem narrada, que podia escutar na minha cabeça, os carros de polícia, brecadas de carros numa curva, podia imaginar tudo isso.  Inclusive torcia pelos bandidos, porque eles davam emoção a história.  Nem podia imaginar o que tinham feito de mal.

Ao contrário daqui, que todo mundo toma alguma droga para ficar de pau duro, para relaxar, para correr, para relaxar o cu.  Tudo uma merda.  Só me sinto a vontade no meu pequeno apartamento. Agora contigo, me sinto em paz com o mundo.  Apertou a mão do Mouse, que estava olhando para ele, com uma ternura incrível no olhar.   Nada que ver com aquele garoto que tinha conhecido, a vispado, malicioso, brincalhão.

Quando chegaram, ele abriu a porta com suas chaves, gritando, estou em casa, tem alguém por aí, temos visitas, por favor apareçam apresentáveis.

A senhora que apareceu, tinha os cabelos presos por um lenço, um vestido simples, com um avental.    Realmente era chinesa, mas era tão morena, que se podia confundir com uma mexicana.   Meu filho, que bom que hoje estas em casa, parou a frase, porque viu aquele homem imenso, bonito, atrás de seu filho.  Virou-se para trás gritando, em espanhol, Juan temos visita.  Apareceu um senhor, que seria o Mouse quando velho. Estava de camiseta, bermudas, descalço.   Meu filho, porque não telefonaste avisando.   Nos pegaram de surpresa.

Não se preocupem, eu sou do interior, também andava assim por casa. Boa noite, sou John Copertino.

Copertino, eres descendente de italianos ou espanhóis?

Não tenho a menor ideia, meu pai nunca comentava nada sobre sua vida antes de ir para a vila trabalhar na fábrica.

Vocês, precisam escutar as histórias que o John vinha me contando, sobre sua infância, juventude.  Vivemos reclamando de tudo, mas a vida dele era pior que a nossa.  Portanto relaxem.

Pois não parece, tens cara de gente que vive, na alta sociedade.

Não diga uma coisa desta, eu simplesmente nem saberia me comportar num ambiente deste.

Venha para a cozinha, assim acabo de fazer a janta, porque jantas conosco, não é?

Se me convidam sim. Outro dia comi os tamales que a senhora me mandou, estavam deliciosos, apreciei muito o picante que estavam.  Seu filho ria da minha cara.  Trabalhei muito tempo num restaurante, a comida era bem mais essa coisa tão americana. Hamburguesa que faziam na fábrica, ou um pedaço de carne de segunda. Sempre com batatas fritas ou purê. Nada jamais criativo.  Só quando cheguei aqui, que provei outras coisas.

Leve o John para lavar as mãos, que vamos jantar.

Depois de sentarem-se ela fez uma oração em espanhol, agradecendo estarem bem de saúde, com força para trabalharem.   Não pararam um minuto de conversar com o filho, perguntando do trabalho, se estava vendendo bem.

Bom quem tem clientes como o John, vou super bem.   Quando terminaram ela serviu, doce de batata doce, que tinha feito.   É o doce que o Mouse gosta.

Depois do jantar, foram se sentar na varanda atrás da casa, que dava para um pequeno jardim, com algumas árvores.

O Mouse tem ficado em tua casa, espero que não esteja incomodando?

Doña Maria, eu já não saberia viver sem o Mousa. Soltou isso sem querer, tanto um como o outro ficaram olhando para ele.

Perdão, não queria ofender ninguém.

Então você é o príncipe encantado, de quem ele tanto fala.  Nos contou que escreves, que fazes classe de escritura, de filosofia.

Sim senhora, eu não pude estudar na minha juventude, tinha que trabalhar.  Quando cheguei aqui, assim que me instalei, arrumei emprego, comecei a estudar.  Gosto muito de estudar, estou recuperando o tempo perdido.  Mesmo na universidade, sou mais velho que o resto da turma.

Sabem, ele hoje veio me contar, que será ajudante do professor, que é seu amigo também. Assim lhe sobrara tempo para escrever mais.  Vendeu duas histórias novas para o Los Angeles Independent.

Teus pais devem estar orgulhosos de ti.

Não podem não senhora, morreram quando eu tinha 12 anos,  perdemos nossa casa, fui morar com meu irmão mais velho num trailer, tinha que trabalhar, para viver.

É interessante que o olhando, não parece que tenha feito nada disso na vida.

Tenho muito caminho feito doña Maria. Em minha vida, muita água passou embaixo da ponte.

O pai do Mouse, não dizia nenhuma palavra, mas tampouco tirava os olhos dele.  O examinava ele sabia.  Quando finalmente falou foi para perguntar se ele tinha boas intenções com o filho dele.

Sou uma pessoa honesta seu João, por isso disse que não saberia viver mais sem o Mouse, ele entrou na minha vida, ocupando todo espaço que estava vazio, era muito por sinal.  Nunca gostei de ninguém, tampouco amei ninguém, nunca soube o que era o amor.   Pensava que era uma invenção das radionovelas que escutava lá na vila.  Nunca via ninguém feliz, para dizer essa pessoa ama, por isso é feliz.

Gosto como falas, não tem papas na língua.  Sabes coisas da nossa família?

Quem vai responder sou eu pai.   Ele hoje conheceu o Daniel, quando chegou na oficina para me contar do contrato com a universidade.   Pensou que o Daniel estava me agredindo, estava drogado como sempre.  O ameaçou, mas quando viu que era meu irmão.   Se sentou no chão com ele, o convenceu de se internar.  Arrumou um lugar novo para ele, fomos os dois o levar lá.

Depois ele queria me mostrar um apartamento maior, no edifício que vive, com mais espaço, inclusive um quarto, para que eu possa trabalhar quando estiver em casa.  Veio aqui para pedir se o senhor pode mandar alguém ou um grupo arrumar o apartamento, vou viver com ele sim pai.

Mas evidentemente nunca deixarei de vir aqui ver vocês.

E claro os senhores pode ir nos visitar, será uma honra recebe-los em casa.

Os dois, olharam um para o outro, sorriram.  Ficamos contentes que o Mouse encontre alguém que goste dele como é.

Ele ia dizer que amava o filho deles, mas achou que era muito pedir.

Amanhã tenho que ir olhar os hotéis, é perto?

Sim eu trabalho uma parte do dia para o Mark, administro a parte financeira dos irmãos.   Sugeri que o Mouse falasse com eles.  É bem perto.  O apartamento que vivo agora, é pequeno, o outro um pouco maior. Mas está em mal estado. Precisa de uma pintura, uma faxina geral, a pessoa que vivia lá devia fazer muita fritura em casa.  Pois o chão está gorduroso.   Mas se o senhor pode fazer isso, terei prazer em pagar.

Imagina, se meu filho vai viver lá contigo, nem pensar.  Depois de olhar os hotéis, irei até lá para ver o apartamento.

Mouse o deixou a sos com os pais, dizendo que ia arrumar uma mochila, pois voltava com ele, imagina se ele iria saber ir embora, era de uma vila de uma rua só.

Viu que os pais tinham achado isso um exagero.  Ele confirmou, estou escrevendo uma história sobre isso, para o meu curso de escritura.  O Mouse disse que a senhora gostaria de ler o que escrevo.  Vou ser honesto, escrevo como penso e falo.  Por isso saem palavrões, termos pesados. 

Jovem nós também falamos palavrões.

Maria se virou para ele, você acha que o Daniel, poderá ter uma chance aonde vocês o levaram?

Tenho um conhecido da faculdade, que esteve internado lá, pelo que me contou sua situação era horrível.   Saiu de lá muito melhor, encontrou seu caminho.   Não é um hospital, pelo que entendi é um centro de apoio, com psicólogos treinados para isso. Tampouco pertence a nenhuma religião, pois aí seria arrumar uma coisa, complicar por outro lado.

O médico ficou de nos avisar quando ele puder receber visita.  Vou sempre acompanhar o Mouse nessas visitas, pode ficar tranquila.

Na hora de ir embora, ela trouxe uma bolsa, cheia de comida, para vocês sempre terem o que comer.  O abraçou, deu dois beijos no seu rosto.  Adorei te conhecer, venha sempre que quiser.

O pai lhe apertou a mão, amanhã nos vemos.

No ônibus, o Mouse apertou sua mão dizendo, viu como foi fácil, pelo que conheço eles te adoraram.  Já podemos nos casar.  Colocou a cabeça no seu ombro, foram de mãos dadas todo o tempo.  Se perguntou em que época ele faria isso. Mas se dava conta, que estava apaixonado loucamente pelo Mouse.  Faria qualquer coisa por ele.

Nessa noite em casa, como sempre falavam na cama aos sussurros.  Se beijavam, faziam carinho um no outro, até que começaram a fazer sexo.  Mouse disse que queria tentar uma coisa, será que com o tamanho do seu aparelho, podemos nos penetrar ao mesmo tempo. Sem saber como conseguiram. A sensação era diferente, um estava dentro do outro, os movimentos eram mais suaves.  Quando finalmente chegou o orgasmo, os dois soltaram um grito de gozo.

Dormiram nus abraçados agarrados uma ao outro. De madrugada despertou, ficou olhando o sorriso na cara do Mouse.  O beijou suavemente. 

Eu sei que estas me olhando, me despertei também. Se agarraram de novo, voltaram a dormir.

Hoje teria resposta do Mark a respeito do Matheus, pois necessitava de mais tempo livre para escrever, se preparar para o que viesse da Universidade.

Chamou o Mark, este foi até o apartamento.   Lhe contou que ia mudar de apartamento, que tinha ido à casa do Mouse.     Fiquei preocupado, por tocar no assunto do lugar aonde estiveste internado.  Um senhor de cabelos brancos que você indicou, que o Daniel irmão do Mousa, chamou de Papai Noel.   Ele é muito boa gente, com certeza vai acolher o Daniel sobre suas asas.  A mim me tratava como a um filho.

Não fiquei preocupado, essa parte de minha vida, me fez me separar do Cristhofer, foi ele que me conseguiu esse lugar.  Em termos hoje resulta mais fácil lidar com tudo isso, pois já não temos nenhum segredo entre nós.

Como vai tu com o Mouse?

Bem demais, até me dá medo.  Vamos viver juntos no apartamento de cima, o pai dele que hoje vem falar com vocês, ficou de dar uma olhada para restaurar, pois está em má condições.

Ou seja, ganhaste ao mesmo tempo uma família.

Que Deus te escute.   Me trataram super bem, sem querer soltei que já não saberia viver sem ele.  Nos completamos. 

Que bom saber disso.  Cristhofer me contou do teu novo contrato com a Universidade.

Pois é isso queria conversar contigo, necessito de mais tempo, preciso escrever histórias para o jornal.  Cuidar do meu Blog, a universidade, aulas de escritura.   Terei que organizar melhor o meu tempo.  Seria bom colocar o Matheus no meu lugar. Bom porque ele teria um emprego melhor, tu uma pessoa que possas confiar.

Já falei com meu irmão foi reticente, mas quando comentei que ficarias sem tempo, concordou.

Ótimo,  vou falar com ele para passar aqui mais tarde, depois o mando falar contigo.  Creio que será uma boa coisa para ele.

O irmão lhe chamou para justamente dizer que o pai do Mouse estava lá.  Bom vou correndo, depois o posso ensinar o caminho até aqui.

Mandou um WhatsApp para o Matheus, tinha certeza de que daria certo.  Achou melhor incluir Chen na conversa.  Que se pudessem os dois passassem por seu apartamento no final da tarde.

Lembrou-se de toda conversa do ônibus, começou a escrever tudo que tinha falado com o Mouse, depois queria trabalhar o texto.   Tenho que ter uma impressora, para fazer isso, imprimir, poder escrever como gosto, mudando o texto.

Falou com o Mouse, se podia conseguir para ele uma impressora barata, pois pensava somente imprimir em negro.   Meu pai já passou aí?

Não, estive conversando com o Mark, quando seu irmão avisou que já estava no hotel.

Bom quando ele chegar, se queres, fecho aqui, vou para aí.

Fique descansado, não creio que meu sogro me trate mal.

Tens que comprar um pen drive, para passar o texto, depois levas para imprimir.

Foi rapidamente na loja do pai do Chen, comprou o pen Drive, este comentou que quando Chen quis vender essas coisas na loja, pensou que não daria certo.

O acompanhou até a porta, de repente virou-se, lhe perguntou se podia fazer uma pergunta.

Claro que sim.

Achas que dará certo essa relação com o Matheus?   Gosto demais do meu filho, quero que seja feliz.  Sei que os dois se gostam.   Mas não entendo a relação entre dois homens.

Tudo que o senhor pode fazer, é apoiar seu filho.  Um dia ele virá falar consigo a respeito. Mas antes de tudo o Matheus é um bom rapaz, não tem família nenhuma, isso está sendo muito importante para ele.  Creio mesmo que o senhor ganhou outro filho.

O homem ficou olhando para ele, mas viu que estava pensando com seus botões.  Foi para casa, passou o texto para o Pen Drive, levou para imprimir.

Quando ia voltando, encontrou Mark com Juan, iam em direção a sua casa. 

Mark comentou com Juan, o deixo em boas mãos.

Se cumprimentaram, perguntou pela senhora Maria.

Estava louca para vir, pois queria ver aonde vai viver nosso filho.   Esse filho para ela, é como um bibelô.   Pois como nasceu tão pequeno.  Imagina, cabia em minhas mãos.

Um dia ela terá que me mostrar fotografias do Mouse, quando pequeno.

Entraram em seu apartamento, deixou os papeis em cima da mesa.  Falei com o Mouse agora mesmo, queria uma explicação de como fazia um trabalho no computador.  O senhor vê o apartamento é pequeno, próprio para uma pessoa.

Vejo que eres limpo, organizado.   Quantos livros?

De não ter nenhum, a não ser os que deixavam esquecidos no restaurante que trabalhava, tenho que me controlar para não comprar muitos.

Venha vamos ver o outro.  Subiram.  Ele parou na porta, como querendo ter uma visão de tudo. Concordo, precisa uma boa mão de pintura, a madeira do chão deve ser bonita, mas precisa ser raspada. Foi examinando tudo, abrindo torneira, dando descargas no banheiro, acendendo luzes, realmente, precisa primeiro de uma boa limpeza.  Quanto a cozinha, eu jogaria todos esses moveis fora, compraria novos.  Não basta uma limpeza, estão com a gordura impregnada.

Concordo com o senhor.    Mouse disse o mesmo, que o senhor podia conseguir uma por um bom preço, pois conhece muitos lugares que vendem.   Eu prefiro coisas práticas.  Mas queria duas coisas, Mouse me contou que foi o senhor que lhe fez os moveis aonde trabalha.  Mostrou o quarto pequeno.   Queria ter uma mesa de trabalho como sei que o senhor sabe o que gosta, poderia fazer para mim.    A outra coisa, o levou para a varanda.  Uma parte estava fechada, mas em mal estado, queria fazer uma nova, levantar um assoalho, para ter aqui uma mesa de trabalho, cadeirões.  Para que possa trabalhar aqui seja verão ou inverno.

Mas uma coisa senhor Juan, tenho que pagar pelo seu trabalho. Não posso aceitar de mão beijada. Ok.

Bom que pague o trabalho dos que vem aqui.  A mesa de trabalho, pago eu. Quanto a cozinha, vou ver se encontro uma do agrado de vocês, ou então peço a Maria que escolha, o que achas?

Perfeito, pela cozinha de vocês, vejo que tem bom gosto.

Ela diz que a cozinha, é o seu lar.  Agora que está aposentada, vive ali, fazendo comidas.  Sabe mais de comida mexicana que muitas dali.  Ficaram os dois rindo.

Nisso chegou o Mouse.   Não te disse que me chamasse quando meu pai viesse?

E que o encontrei aqui já na porta com o Mark.

O que achas pai?   Pode fazer alguma coisa pela gente, vamos pagar tudo ao senhor.

Nada disso, acabo de fazer um trato com o John, não te metas nesse assunto.

É sempre igual, quando montaste meu lugar de trabalho, fizeste igual. Não me deixaste pagar nada.

Vê o que dá mandar um filho a universidade, porque fez duas ao mesmo tempo, acha que sabe mais do que um simples operário.

Mouse se abraçou ao pai, não seja assim.   Sabes que te amo, eres o melhor pai do mundo. Todo mundo deve ter inveja de mim.

Eu por exemplo tenho, meus pais morreram muito cedo.  As vezes gostaria de poder falar com eles, mas não tem jeito.

Então posso fechar contrato do apartamento?

Tenho homens para entrarem aqui, quando quiseres.   O primeiro será raspar essa madeira do chão, ver a cor original. Depois retirar essa cozinha, vou ver com tua mãe, ela que escolha uma.

Mas pagamos nós não é John.

Claro que sim.

Depois, vou retirar isso que tens no varanda, construímos uma mais segura, como tu queres John.

Então fecho o contrato, dou as chaves para o senhor, é fácil pois a maior parte do tempo agora estarei em casa trabalhando.

O senhor tem que voltar para casa?   Podíamos ir comer juntos.

Mas antes chamarei a Maria, senão terei uma fera em casa.  

Mouse sorria, estava feliz.   Isso fez que ele estivesse também, eram sentimentos novos para ele.

Foram a um que estava perto dali.  A conversa caiu novamente em cima do Daniel.   O senhor sabe, quando vim embora, deixei meu irmão para trás.  Encontrar, conhecer o Daniel, me fez pensar que tenho que saber o que aconteceu com ele.   Se culpou sempre da morte de meus pais, mas ele não foi o culpado.  Quando eu lhe dizia isso, me jogava na cara, que eu o fazia para que ele deixasse de beber, tomar drogas, que eu não o entendia, só quando estava fora de si, era que se sentia bem.   Sei o quanto é difícil, imagina um garoto de 13 anos, cuidando de um maior do que ele.   As vezes ficava furioso, me pegava.  Mas com o tempo eu era mais forte, o obrigava a vomitar, o limpava.  Quem o retirava da cadeia, tinha que ir, pois era seu único parente.   Menos mal, que o xerife mandava um carro me avisar em seguida.

Vou tentar saber dele. Agora quiça eu possa ajudá-lo.

Sim meu filho, farás bem, colocou a mão em cima da dele, lhe dando palmadas.

Quando voltavam para casa, depois de o terem deixado ao lado da sua caminhonete,  Mouse disse que ia sentir ciúmes dele com seu pai.

Deixa de besteira, garoto, senão te pego.

Já não ia trabalhar na parte da tarde, mostrou para ele o texto que tinha escrito.

Ele se sentou com as pernas cruzadas em cima do velho sofá, foi lendo, passando as páginas.

Incrível, quase posso ver o que dizes aqui.  Na minha cabeça, se vai construindo a imagem, como você detalha o trailer, o que diz das coisas, das sensações.

Está super, depois que fizeres a correção que queres, posso levar essa cópia para minha mãe?

Claro que sim.

Encomendei uma impressora simples para ti, assim acabas com esse teu problema.

Comentou com o Mouse o que tinha dito o pai do Chen.  

Esse Chen, com aquela cara de santo chinês, de santo não tem nada.

Gostava de fazer sexo com ele Mouse?

Tens que pensar que não te conhecia, queria fazer sexo com todos, mas agora só posso pensar em ti, no aparelho, disse isso com um sorriso na cara.   Na verdade, gosto de ti, só por causa do aparelho.

Olha seu sem vergonha, venha aqui, me ajude. Como consigo encontrar a vila de aonde sai.

Ele veio se sentou na perna dele, colocou um mapa no laptop, vamos ver se te lembras do nome do lugar.   Foi ampliando o mapa.   Qual o nome da cidade mais próxima. Que dizias que ficava a duzentos quilômetros.   Foram se aproximando, talvez seja melhor procurar pelo nome da fábrica de carne.   Quando colocou o nome, logo apareceu a vila.

Agora, o melhor seria falar com o xerife.  Conseguiu o número da delegacia. Quando conseguiu falar com o mesmo.  Se identificou, perguntou se podia falar com ele a respeito do irmão.

Primeiro um silencio muito grande, ele ficou dizendo alô, alô.

Filho, depois que foste embora, ele colocou na cabeça que alguém tinha te matado, porque andavas com o Pierce. Te procurou por todos os lados, vivia chorando quando se drogava, dizia que devia ter tomado conta te ti melhor.    No inverno passado, ninguém sabe como conseguiu, acreditamos que roubou do traficante uma boa dose de cocaína.  Consumiu tudo, teve uma overdose.  Não se conseguiu fazer nada.   Já estava morto quando o encontramos.   Mandei enterra-lo ao lado dos teus pais.   A fábrica pagou todas as despesas.

Ele estava em silencio, tentando assimilar tudo. 

O xerife continuou, ele continuava com essa obsessão que tinha matado os pais de vocês, tu me disseste isso uma vez, mas todos sabem que foi teu pai que lhe tirou o volante das mãos.

Ah, vou te dar um número de telefone de Dallas, é de um advogado, quer falar contigo a respeito de alguma coisa do Pierce.  A grande novidade, é que seu pai, casou com a viúva do filho, agora tem um bebê.  Espero que não o estrague como fez com o outro.   Pierce era uma excelente pessoa, mas infeliz.

Anotou o número do telefone, agradeceu pelo que tinha feito pelo irmão.

Que lastima, nunca soube se recompor depois da morte dos velhos, sempre se culpando, era difícil controla-lo, quando estava bêbado ou drogado.   O xerife, tinha a paciência, o colocava numa cela, depois mandava alguém me avisar.   Mandava um carro levar a gente para casa.

Depois chorava como uma criança. Se ficava violente, primeiro queria me pegar.  Dizia que eu tinha roubado meus pais dele.  Que não o queriam, eu era o preferido. Bom pelo menos descansou.

Mouse, ficou fazendo carinho nele, fizeste o impossível.  Eu sei o quanto é difícil, cuidar de alguém maior que tu.

Bom para acabar o assunto, ligou para o número que o xerife tinha passado, pediu para falar com a pessoa, se identificou.  O xerife, disse que o senhor queria falar comigo.  Do que se trata.

Bom, primeiro tenho uma carta, para o senhor, estava junto com o testamento do Pierce, a outra é que deixou uma pequena herança para o senhor.  Basta me dizer o número de sua conta no banco, que posso depositar.  A carta se me dá o endereço, mando. Ok.

Ficou atontado, estava no testamento do Pierce?

Fez o que o homem tinha falado.

Não entendo, sou honesto de dizer que senti a morte do Pierce, porque perdi um amigo com quem falar depois de ter deixado que ele usasse meu aparato.  Rindo disse, mas ele não sabia usar como tu Mouse.

Venha vamos para a cama um pouco, quero ficar abraçado contigo.  Estou precisado saber que estou vivo, com a pessoa que quero.

Ficaram um largo tempo na cama, abraçados.  Até que escutaram chamarem na porta, ufa esqueci que o Matheus e Chen, viriam agora no final da tarde.

Os dois entraram, Matheus era só sorrisos.  Contou que o Mark tinha falado com ele, lhe oferecendo teu lugar.   Imagina para mim seria perfeito, posso ir à universidade, depois vir trabalhar.  Tinham se sentado no sofá, estavam os dois de mãos dadas.

Mouse começou a rir, quer dizer que os dois estão namorando, nem nos contaram.

Bom a coisa começou porque nos dois nos sentíamos sós.  A convivência nos fez começar a conversar, um belo dia, estávamos na cama.  Gostamos de fazer sexo um com o outro.   Mas vocês não ficam atrás.

Bom, imagina eu John um ator pornô, sou sequestrado com um senhor maníaco sexual, que vive de coisas estranhas, cabos incluídos, agora vai ter que casar comigo, pois, eu era virgem.

A princípio não tinham entendido, a história, mas riram.

Que nada, eu primeiro conquistei o aparelho, pois senão não ia conquistar o resto. Dai foi um pulo. 

Bom o que acham de irmos por aí, tomar alguma coisa.  Contou para eles, que iam se mudar para o último andar.   O pai do Mouse, vai reformar o apartamento para a gente.

A coisa já está assim?

Claro se vamos nos casar, temos que ter uma casa grande para as crianças, só não sabemos ainda quem vai ficar grávido de quem.   O clima era de brincadeira.

Mas em sua cabeça, a história do seu irmão, continuava dando voltas.

Quando voltaram para casa, Mouse se sentou no seu colo no sofá.  Estavas brincalhão, mas tua cabeça estava em outro lugar não é.

Como sabes disso?

Porque já te conheço,  sei quando estas dentro da tua cabeça.  A tua cara fica diferente, mas creio que nem todo mundo percebe.

Da maneira como estava sentado em cima dele, segurando sua cabeça, passando a mão pelos seus cabelos compridos, lentamente o começou a beijar, com sempre acabaram na cama. Agora dormir nu, era para eles a coisa mais perfeita.

Em menos de um mês o apartamento ficou pronto. Convidaram os amigos para conhecerem. Maria se apossou da cozinha, fez comida mexicana para todos.

Quando foi liberada a visita ao Daniel, primeiro foram os dois, ele não se lembrava nada do John, mas gostou de conversar com eles.

John, convenceu Maria de ir à vez seguinte, apareceram os dois. Os levou a parte, lhes pediu que fossem franco com Daniel, diga a ele, que sabem que ele não fez nada mal ao irmão. Diga que lhe querem, mostrem amor por ele.   O abracem, beije, façam carinho, é disso que ele precisa.

Os dois ficaram olhando para ele, sérios. Vamos tentar.

Ficaram os dois fora conversando, quando eles saíram, vinha com os olhos cheios de lagrimas. Você tinha razão, ele precisa de coisas simples, nada de muitas palavras, abraços apertados.

Agradeceram muito o fato dele ter encaminhado como devia ser o encontro.  Passaram a ir duas vezes por semana.

Agora os finais de semana se dividiam, um passavam na praia com Mark e Cristhofer, o outro na casa de Maria e Juan.  Se comportavam como uma família.  Quando Daniel sair, foram os quatro busca-lo.  Juan o colocou para trabalhar com ele.  Ele sempre encontrava um momento para conversar com John, se abrir.  As vezes creio que eras melhor que um psicólogo.  Me entendes, ou pelo menos se coloca no meu lugar.

Quando o verão seguinte ficou muito quente, passavam o final de semana mergulhando, Mouse o tinha ensinado a nadar.  As vezes a noite, entravam no mar, ficavam abraçados.  Um dia viram que o vizinho ficava olhando.  Foram se sentar na praia, lhe fizeram um sinal para se reunir com eles.

Acabaram descobrindo que o vizinho era um ator de cinema.  Usava a casa quando estava gravando uma série.   Era um pouco mais velho que John.  

O caralho é que não tenho amigos, estou sempre rodeado de gente que não me interessa, ou se aproximam para conhecer o ator.  Não a pessoa que sou.   Eu sei quem eres sinalizou o John, tenho teus vídeos.  Já me masturbei pensando muito em ti.  Riram com ele.  Menos mal que o vídeo serviu para alguma coisa.

Me obrigaram a casar-me, mas não durou muito, por sorte, ela se casou em seguida com outro com quem estava tendo um caso.    Venho faço as filmagens volto a New York, lá consigo escapar de vez em quando, disfarçado, para ter alguma aventura.

Porque não sai do armário, tens medo?

Nem é por isso, sempre fui solitário, quando comecei a fazer teatro, foi para isso, perder a timidez, deixar de estar só.     A única parte que funcionou, é que adoro fazer teatro, faço filmes e séries, para ser conhecido, para as pessoas irem ao teatro.

Mouse disse que John escrevia, escreve para jornais, já vendeu vários trabalhos para revistas.

Sobre o que você escreve?

Sobre as pessoas, incluindo eu mesmo, meu sentido de passado, coisas que observo nas pessoas.

Se fosse escrever sobre mim, o que faria.

Faria um monologo, tu sentado simplesmente embaixo de uma luz amarela, com sentido de antiga, iria falando da solidão, o fato de estar sentado, observando o movimento lento das ondas, olhando através da cortina, o tempo passar.

Caramba, realmente tens uma ideia de contar uma história.   Seria capaz de escrever isso para mim.   A muito quero fazer alguma coisa assim.   Olharam para trás, viram o Mark  com Cristhofer, os chamaram, apresentaram Tom.  Ficaram os cinco conversando.  Cristhofer se levantou, foi buscar bebida para todos.

Mark comentou que antigamente, muita gente fazia isso se sentava na praia em volta de uma fogueira, mas hoje os jovens são capazes de sentarem-se imediatamente tirarem o celular do bolso, ignorarem a presença do companheiro ao lado.

Uma grande verdade, sem dúvida nenhuma.  Sempre que queiras, a porta de casa está aberta para os amigos Tom.   Tinham resolvido tirar uma semana de férias, estaremos todos esta semana aqui.

Eu estou acabando as últimas cenas da série que estava fazendo.   Menos mal que meu personagem morre.   Podias me passar os textos que tens escrito John, gostaria de ler.  Além da ideia que tiveste.

Bem posso tentar escrever, embora não tenha nenhuma experiencia em escrever assim.

Cristhofer, comentou, imagina, sempre que contas algo, fazes de tal maneira que as pessoas ficam imaginando as cenas.   Já discutimos isso, as pessoas que escrevem em teu blog também. Consegue fazer com que elas te escutem, imaginem o que estas falando.

Bom tente escrever algo, gostarei de ler com certeza.

Bom sujeito esse, nem tem pinta de ator famoso.  Comentaram quando voltaram para casa.  Ele esta é interessado em ti John, disse com uma certa ponta de ciúmes Mouse.

Caralho, agora tenho o amor de minha vida com ciúmes.  Sabes que só tenho os olhos para ti.

Bom isso é verdade, podias estar saindo, a discotecas, bares, a aventuras.   Mas vocês não desgrudam um do outro. 

Outro dia Cristhofer, entrei na casa deles fiquei espantado.  Se podia escutar até uma mosca voando pela sala.   Mouse em sua oficina, este mergulhado no teclado na varanda.

Quando sentiram minha presença depois de chamar várias vezes, vieram se sentar comigo, mas foi interessante, cada um entrou por um lado, foi como se tivessem um imã, ficaram sentados no sofá, um nos braços do outros.  

Ainda não nos viu na cozinha, formamos como uma equipe, um ajuda o outro.   Quando escrevo o texto o primeiro que lê é ele. Só me diz que está bom, ou se necessito dar uma olhada no assunto outra vez.   Cada coisa que ele construa, em seguida vem me mostrar.  Fala sobre a ideia, como vai conseguir. Mas as vezes esquecemos que estamos os dois dentro de casa, pois cada um está metido em sua própria cabeça.    De noite, estamos sempre dispostos ao sexo, posso contar para eles Mouse.

O que podes contar para nós?

Melhor conta o Mouse, tem cara de sem vergonha quando fala nisso.

Encontramos uma posição ideal, quando fazemos sexo, sempre acabamos um dentro do outro, pois com o tamanho do aparelho, o fato de eu ser pequeno, mais maleável, conseguimos, estar dentro um do outro ao mesmo tempo.

Ficaram os dois de boca aberta.  Teríamos que filmar isso.  Íamos vender esse vídeo, como água.   Aos domingos, Chen e Matheus se juntavam com eles para disfrutarem da praia.

Se fazia muito calor, se sentavam na sombra da varanda, ficavam conversando.

Ele escreveu o texto, para o Tom.  Ia construindo a cena, desde um palco vazio, só com um banco para sinalizar a solidão.  O personagem passava sua vida, observando as pessoas através da janela, escondido entre as cortinas, sem nunca se mostrar. O tempo ia passando para ele, para as pessoas que ele via.   Mas achava que tudo era um miragem,  não notava que ia ficando cada vez mais curvo.  Desde a primeira cena, deveria estar careca, assim um dos movimentos que sempre fazia, era passar a mão pela sua cabeça.

No princípio uma voz, sempre lhe perguntava.  Filho queres alguma coisa do mundo real, até que essa voz ia envelhecendo, mas sempre uma voz, uma batida na porta.   A voz desaparecia, esse se perguntava, porque não lhe trazia mais um troço do mundo real para ele comer.

A cena final, estava imóvel, não se movia mais, só a própria voz em off, comentava, será que ninguém vai entrar para me encontrar.  Agora eu posso sair pelas ruas, ninguém me vê, passo pelas pessoas, como sempre imaginei, mas não só no me veem, mesmo que eu as toque, não me sente.  Devo estar morto.  A luz se apaga.

A única pessoa que leu o texto inteiro foi o Mouse, ao final chorava.   Como podes imaginar uma coisa desta, incrível, todos esses sentimentos.

Tom, veio eufórico, teria que ter uma pessoa, que me ensinasse como fazer fisicamente cada passagem de tempo. Mas isso não seria problema.  Quero comprar os direitos dela, quero montar esse espetáculo.

Melhor falar com Mark, pois ele é meu agente, negociar o preço.

Mark como sempre se informou rapidamente de quanto podia valer uma peça de teatro. Negociaram, em momento algum se falou em cinema.  Portanto isso não constaria no contrato, mas ele muito sabido enfiou no contrato, se no caso de uma possibilidade de se transformar num filme, teria que ser negociado novamente.

Foram para a estreia os seis.  Os quatro eram a primeira vez que faziam uma viagem de avião.

Passearam sem John, que passou todo o tempo antes da estreia no teatro.  Observando, absorvendo seus possíveis erros, para uma próxima vez não cometer.

Tom fez questão que ele participasse das entrevistas.  Um dos entrevistadores, lhe perguntou sobre seu aparelho.

Como lhe perguntou John?

Sabemos que o senhor foi antes um ator pornô, que fizeste 4 vídeos, depois desapareceu.

Olha acho que as pessoas, são um mundo completo em si mesmo.  Podem ser milhões de coisas, num determinado momento mudarem seu rumo.  Sei que o senhor, faz esse programa de entrevista a muitos anos.  Tenho certeza ao afirmar que as vezes sente que está farto não?

O outro não esperava esse argumento.  Pode ser que sim.

Sabe como eu sei, porque o senhor ao ler a pergunta que ia me fazer, fez um movimento com a boca, outro com a mão, como dizendo, que merda é essa.  Porque tenho que perguntar isso, não é verdade?

Começou a rir, fui desmascarado.   Sim é verdade, não entendi se estávamos falando de um espetáculo, o que tinha a ver lhe perguntar se tinhas sido ator pornô.

Essa é a questão.  Sonhas com a liberdade.   Na peça se fala de uma pessoa que esta presa dentro de si mesmo, durante quase toda sua vida, a pergunta final é por quê?

Quando escrevi essa história, me lembrei a princípio, conversas que tive, com um companheiro de classe de escritura.   Os personagens que ele criava, eram ele mesmo, buscando desesperadamente escapar do mundo que vivia.  Tinha uma mãe, asfixiante, que como tinha ficado só com ele, tinha vivido sua vida inteira, cerceando sua liberdade.   Infelizmente a história acabou mal.   Por mais que essa pessoa fosse a um psicólogo, a mãe não abria mão de seu domínio.  Ele se apaixonou por um homem que poderia ser seu pai. Pois necessitava de uma figura paterna.  Quando a mãe descobriu, ele se suicidou.  Só a ideia dessa solidão é que está presente na peça.  Alias Tom borda o personagem a perfeição.

Já tinham me dito isso de ti, tirou o ponto que tinha na orelha, agora farei eu mesmo as perguntas, jogou todo os cartões no lixo.  Voltando ao que ia dizendo, quando falas ou escreve, a sensação é que estamos vendo tudo isso que vais descrevendo.  Por curiosidade, fui olhar os textos que escreves para o jornal, revistas.  São impressionante, eu lhe diria que devias reunir todos num livros de contos.

Muitas coisas estão baseadas em verdades.  Falo muito de mim mesmo no que escrevo, a vila que menciono, existe, eu vivi nela, essas coisas aconteceram comigo.  A história que conto do rapaz viciado em bebida, drogas, é como eu via meu irmão devorado pela culpa de uma coisa que ele não cometeu.   Mesmo quando pode se liberar, se negou, porque a versão que tinha, estava instalada na sua cabeça, não havia volta atrás.

Essa eu recomendo a todos, acabei chorando como uma Madalena.

Às vezes, falas da tua paixão por outra pessoa.  Acreditas mesmo nessa história da meia laranja.

Quem respondeu foi o Tom, eu conheço sua meia laranja. Um vive no espaço, escrevendo como louco, o outro é prático,  uma sumidade em informática.  Pode montar ou construir um computador especialmente para ti, com tudo o que desejas.  Ou mesmo um celular.  John, mostre seu celular para ele.  Fez um sinal para a plateia, Mouse, venha aqui, lhe explique como funciona isso. 

Meio sem graça Mouse subiu no palco, foi até o apresentador, lhe explicou como era o celular, é feito para ele, tanto pode anotar o que quer, a partir de uma ideia, como pode gravar um acontecimento ao mesmo tempo que escreve, ou fala. Construí para ele, pois as ideias lhe vem aos borbotões, ele tem medo de perder a mesma.

Interessante, olhem a diferença de altura dos dois, sente-se com seu companheiro.

Não somos só companheiros, somos casados, assim que aprovaram a lei, nos casamos, um sem o outro é difícil viver.

O publico delirava. Sabia que nada daquilo estava programado.  Ao finalizar a entrevista, o entrevistador avisou, senhores, meu último programa, vou a vida.

Ninguém acreditou, mas no outro dia, todos jornais falavam de sua última entrevista, que ele deveria ter sido sempre assim.

A estreia foi sensacional, Mouse tinha que voltar para casa, por trabalho, John tinha que ficar para entrevistas.   O resultado, foi que só concordou dar entrevista nos dias que o Mouse podia ficar.   Não ia ficar longe dele de maneira nenhuma.

A sucesso fez que a peça ficasse em cartaz mais de 4 anos, isso era bom porque estava sempre entrando dinheiro, pois o acordo que Mark tinha feito era bom. Os direitos da peça eram do Tom, mas ele como autor, receberia uma pequena margem da arrecadação.

Mas tudo tem seu começo, meio e fim.

Um final de semana, estariam os seis para comemorar, o sucesso da empresa do Chen.   Mark estava no telefone, falando com um produtor de cinema.   Queria transformar a história em filme, Tom dizia que os direitos eram dele.   Mas Mark avisou para revisarem o contrato que ele tinha, que havia uma cláusula especifica que dizia que para cinema, ou série, teria que ser negociado novamente.

Isso irritava o John, que foi se sentar na praia.

Sem saber, como, num dado momento que faltava alguma coisa, Mark  e Mouse saíram para comprar.  Quando voltou para dentro de casa, ficou procurando o Mouse.  Até que Cristhofer avisou que tinha saído com Mark.

Quando chegaram Matheus com Chen, falaram que tinham passado por um acidente horroroso, que estavam desviando todo o tráfego.   Nem o celular de Mark respondia, como o de Mouse. Até que escutou o de Mouse tocando no quarto.   Ele deixou seu celular em casa, temos que conseguir falar com Mark.   Até que uma pessoa respondeu a chamada dizendo que era da polícia.

Avisaram que estavam os dois no hospital.   Correram para lá.   Mark tinha morrido no caminho, na ambulância, não tinham podido fazer grande coisa por ele, o volante tinha esmagado seu peito, fazendo com que as costelas perfurassem o pulmão em muitos lugares.   Mouse estava na sala de operações.    Chamou imediatamente Daniel, pediu que trouxessem seus pais, pois não sabia de nada ainda.  Andava pela sala, como se estivesse percorrendo um largo caminho.  Quando chegaram, abraçaram a ele.  Mas ele não podia parar, em sua cabeça revivia desde a primeira vez que tinha visto o Mouse, revivia em sua cabeça cada instante desses anos que tinham vivido juntos.  Pensou que estava fazendo isso, para lhe dar forças para continuar vivo.

Quando saiu da operação, estava em coma.   O médico avisou que a situação era muito crítica, ele se revezava com os pais do Mouse, os momentos que podiam ficar com ele.  Daniel, não saia do seu lado, a muito tempo tinha o hábito de chamar John de irmão grande.  John sentia uma pressão dentro do peito imensa. Cada fibra de seu corpo doía, até que o médico o examinou, lhe deu uma medicação para a pressão.  Mesmo assim não saiu do hospital.  No segundo dia, pediu ao Matheus para ir buscar roupa para ele, não podia se mover dali.   Maria segurava sua mão, com a outra como uma boa mulher mexicana tinha um rosário.  Sem querer, pois nunca tinha tido religião, de escuta-la começou a rezar com ela.

Isso pareceu lhe tranquilizar.  Essa noite dormiria no quarto com o Mouse.  Passou a noite segurando sua mão. Em dado momento, viu o Mouse sentado na cama, lhe agradecendo por esses anos felizes. Não conseguia fechar a boca.  Vai entrar mosca, comentou Mouse como sempre fazia. Sentiu seus lábios contra o seu, nesse momento, viu que sua mão ia ficando cada vez mais fria, chamou as enfermeiras, mas não adiantou.

O médico finalmente disse, que se vivesse iria viver para sempre numa cadeira de rodas, seria quase um vegetal.

Seu desespero era tanto que saiu do hospital, acompanhado pelo Daniel, havia uma praça na frente.  O grito que tinha dentro escapou, mais que um grito um Urro.  Depois foi caindo num precipício imenso.  Daniel o arrastou para urgência.  Esteve catatônico vários dias.  Agora eram por ele que velavam a família.  Por isso sequer foi ao enterro do Mark, foram todos, mas Daniel ficou com ele.  Mark foi cremado, suas cinzas jogadas ao mar em frente da casa aonde ele dizia ter sido tão feliz.  Cristhofer estava totalmente abalado.   Mesmo assim vinha ao hospital.

Gradativamente ele foi melhorando.  Uma semana depois, Maria lhe disse que estavam esperando ele melhorar para fazer o enterro do Mouse.  Foi como um zumbi, na hora que lhe perguntaram se podia falar algumas palavras sobre Mouse.  Só posso dizer que perdi a outra metade de minha vida.  Uma pessoa pequena, mas com uma alma tão grande.  Que me ensinou a amar, a querer, me deu uma família, enfim perdi tudo.   Foram anos felizes, mas parece que a justiça divina sempre tem seus próprios planos.

Estavam os amigos que tinha feito na Universidade, os das aulas de escritura.  Estavam ali para o apoiar.

Resolveu ficar na casa do Cristhofer, pois não se podia imaginar no seu apartamento.  Passou vários dias olhando o mar.   Até que uma noite, lhe apareceu Mouse em sonhos, lhe perguntou por que não conta nossa história, num livro, mas ele não queria compartir a história do amor deles.

Tom veio de New York, para passar uns dias ali.   Quando lhe falou do contrato, ele disse, fale com Mark, ele é meu agente.  Cristhofer ficou gelado.  Ele tinha se esquecido que Mark tinha morrido.

Merda, perdi tudo.  Mark te diria que não leste o contrato direito, tirou uma cópia que tinha no seu computador, vê, está aqui, se queres negociar, porque vais fazer o papel principal bem, senão, outro será.   Ou podemos negociar da seguinte maneira, em três partes.  Uma parte vai para a Fundação que ajudou Mark e Daniel.   Outra para bolsa de estudos em nome do Mouse, a terceira decides tu.  Mas nem tu, nem eu vamos ver nenhum puto tostão desse dinheiro ok.

Vá para tua casa pense, te espero na praia com a resposta.

Quando ficaram sozinhos, pediu desculpas ao Cristhofer, ainda não tive tempo sofrer a perda do homem que mais me ajudou na vida.   Mil perdões.  Estou aqui na tua casa, sem notar que tu também sofre.

Se abraçaram.   É duro te entendo, porque sinto o mesmo que tu, me falta uma parte.  Mas temos que andar pra frente senão essa dor nos devora.

Achas que fiz bem com isso do dinheiro, eu não preciso, depois a doação seria em nome do Mark, o Mouse gostava da gente que se esforçava estudando.  Assim pessoas como o Matheus não teriam dificuldades para pagar a universidade.

Acho estupenda a ideia. Esperemos que esse emplumado, aceite.   Ele de qualquer maneira, vai receber dinheiro como ator.

Estava sentado na praia, conversando mentalmente com Mouse, era como ele ainda fizesse parte de sua vida.  Tom foi chegando viu que ele estava com olhar distante.

John sinto muito tudo que falei. Concordo plenamente, vamos simplesmente dividir em duas partes, uma para a fundação, outra para as bolsas de estudo em nome do Mouse.  Eu vou ganhar com ator, depois tenho dinheiro.

Já falei com o produtor, com o diretor, este perguntou se não querias participar do filme.

Nem pensar, no momento mal consigo escrever, quanto mais fazer um filme.  Obrigado, mas não.

O dinheiro deve ser entregue ao Chen, que vai administrar tudo isso.

Agora tinha o hábito, de andar pela praia largas caminhadas, tinha deixado a barba crescer, os cabelos estavam larguíssimos.

Um dia um homem se aproximou dele, disse que via pela bermuda que ele devia ter um membro enorme, se não queria fazer filmes pornográficos.

Por essa eu já passei senhor. Estou diferente, disse seu nome.   O outro entendeu, mas tenho outra vida.

Ia aos sábados visitar Maria, Juan e Daniel.  Este agora era o sustentáculo da família.  Os pais precisavam dele.   Contou o que tinha feito com os direito do filme.  O que acham.

Maria, chorava, não podia esperar outra coisa de ti, meu filho.

Tu porque não voltas a estudar, Daniel, não perca tempo, temos que seguir em frente.

Como sempre quando ia embora, havia comida para levar.   Quem gostava era o Cristhofer.

Esse lhe contou que tinha uma oferta para ir dar aula numa universidade, que já o tinha convidado antes em New York.  Que tinha resolvido ir.   Deixarei a casa, se queres fique morando nela.

Ok, não poderia voltar a viver no apartamento, só quero trazer meus livros, pedirei ao Juan que retire as coisas do Mousa, seu irmão está trabalhando, fazendo o que ele fazia.  Mouse lhe ensinou a trabalhar.

Assim ficou definitivamente na casa.  Matheus, Chen vinham sempre passar o final de semana, até lhe avisaram que contavam com ele, pois iam se casar.

Fez um esforço monumental, para assistir a festa, mas num determinado momento, resolveu ir embora.

Quando ia saindo, foi parado por um homem, se via que uma mistura de chinês com alguma outra raça de pele escura.  

Que vergonha saindo de fininho da festa.   Não estas gostando?   Alias gostei muito o que falaste dos dois na cerimônia.  Esses dois merecem.

Sei que o Chen, eu o chamo de James, cuida de tuas finanças como cuida da minha.  Vai abrir um escritório.  Me chamo Charles Nguyen Brow, minha mãe era vietnamita, meu pai um soldado negro que me trouxe com ele para cá.

Tenho negócios em Malibu, o vejo muito na praia caminhando.   Agora vives lá.

Se sentiu à vontade com ele, contou que tinha ficado com a casa de Cristhofer, que estava em New York.

Se vais para casa posso te levar, mas é de bom tom, se despedir dos noivos.    

Fez o que ele disse.   Fazia muito tempo que não conversava normalmente com uma pessoa, sou psicólogo dos ricos disse rindo, além de trabalhar na fundação que vocês ajudaram.   O papai Noel, como chamam todos, está muito velho, divido trabalho com ele.

Que bom que fazes isso,   Mark esteve lá, bem como Daniel, irmão do meu marido.

Estás casado?

Não, estou viúvo, foi tudo muito forte,  ainda não me sinto bem perto das pessoas.

Mas quando se deu conta, estavam os dois sentados na praia conversando. 

Charles lhe contava que entendia, porque também tinha perdido o amor de sua vida, vivemos juntos muitos anos.    Meu pai não aceitava que eu vivesse com um homem, mais velho do que eu, ainda por cima branco.    Mas fomos contra o vento, ele era meu orientador.  Me apaixonei no primeiro dia que o vi.   Com ele podia falar de tudo, como estou fazendo contigo.

Um dia cheguei em casa, tinha tido um enfarte.  Quem me ajudou foi o Papai Noel, que era amigo dele.  Foi quando comecei a trabalhar com ele.

O mais difícil foi viver na mesma casa, por isso me mudei para cá.  Adoro o mar. Gosto de fazer isso ficar vendo a noite cair sobre o mar.  Tomar banho de noite.

Isso fazíamos sempre, acabamos criando o hábito de ficar sentados como agora, conversando, lhe falava do texto que estava escrevendo no momento,  ele me falava de algum novo cliente que queria alguma coisa especial que ele teria que inventar.

Passaram a ser ver sempre, saiam para jantar, pois ao meio dia, era complicado.  Contou a Maria e Juan, mas disse que até agora não fizemos nada, só conversamos.

Eles riram.  Sabe, no primeiro dia que vieste aqui, depois comentei com Mouse, se não eras ator pornô, porque se via pela tua calça que tinhas algo grande.

Ele começou a rir, agora sei de quem ele herdou esse sentido de humor.

Se quiseres um sábado venha com teu amigo por aqui.

A casa do Charles era imensa, maior que a do Cristhofer.   Mas com um sentido diferente, era mais requintada.   Isso tudo era do meu homem, aqui na verdade tem pouco coisas minhas. Estou pensando em fazer uma subasta das obras de arte que ele tinha, vender a casa comprar uma menor. Pois tanta coisa me confunde.

Quando foi a casa do John, como eu gosto desse teu canto de escrever.   Simples, prático. Sem dúvida nenhuma ótimo.  Assim quero eu uma casa. 

Estava mostrando ao Charles o texto que escrevia a partir de uma notícia de jornal.  Um garoto que tinha sido encontrado dentro de um armário de metal, por uma alerta de incêndio.  Tinha sido raptado a um ano.  Como não conseguia escapar, provocou o incêndio.  O dono da casa, um respeitado médico de criança.  Que vinha abusando dele, todo esse tempo.  Mas claro tinha escapado da polícia.

Charles apoiou a mão no seu ombro, mas não sentiu nada, estava comentando com ele a notícia, que lhe parecia um absurdo.  Esse mesmo médico vinha já de outra parte do país, por um caso similar.  Então percebeu que Charles agora, encostava seu membro em seu braço.  Se levantou meio sem jeito.

O que queres, tentava arrasta-lo para o quarto, sem querer olhou pela porta aberta, era como se Mouse estivesse lhe esperando na cama.  Os lençóis eram os mesmos de sempre, se abraçava ao travesseiro dele para sentir seu cheiro de canela.

Afastou o Charles, sinto, mas não posso fazer isso, sentia a tentação, mas seu corpo inteiro rechaçava o do outro.  Sua cabeça girava, sentiu que ia agredir ao Charles.  Mas seu raciocínio  reagiu, talvez ele tivesse dado a entender que queria.   Se afastou, lhe pediu desculpas, se tinha insinuado alguma coisa.   Mas não estava preparado para isso.

Charles foi embora furioso. Na porta parou, estas perdendo tempo, nossos cadáveres, estão enterrados, estamos vivo. Jogou a primeira coisa que esteve ao alcance de sua mão.

Se jogou na cama chorando, viu Mouse ao seu lado, desse tamanho todo, chorando porque não estou aqui.   Tens que ir em frente, por favor.  Embora eu não gostasse desse sujeito, é tua vida.

Estendeu o braço querendo alcançá-lo, a imagem desapareceu.    Passou toda a noite sentado na cama, ora chorando, pois lembrava o quanto tinham sido felizes quando estavam ali. Ficou abraçado ao travesseiro dele, sentindo o cheiro.

Não sabia como ir adiante.  Então se lembrou que no dia seguinte, era o dia do ano que tinham estado pela primeira vez, sempre comemoravam com uma farra como dizia o Mouse.  A coisa piorou, sentia que seu corpo doía inteiro.   Se levantou da cama, vestiu sua bermuda de surfista, foi a praia em meio da neblina, se jogou na água.  Estava gelada, mas não se importou.

Depois ficou sentado, só se via as pequenas ondas que chegavam na areia.  Pensou minha cabeça esta como essa neblina que não deixa o sol chegar até mim.

Se levantou foi para casa, tomou um banho, fez café, foi se sentar na frente do laptop.  Começou a escrever sobre isso, a neblina que as vezes não nos deixam ver o sol que tanto necessitamos, porque o cérebro, ou está te protegendo, ou te enganando.

Era sábado, dia que tinha que ir almoçar com a família de Mouse.  Telefonou a Maria se desculpando.  Como sempre foi honesto.   Não posso entrar hoje em sua casa, pois esperarei ver um Mouse que não chega.   Preciso ficar sozinho.

Acabo de escrever um texto, vou te mandar.  Há anos tinha esse hábito, não importava o assunto, mandava uma cópia para ela.  Sabia depois que haveria algum comentário, alguma correção de gramática.

Ela não insistiu.  Fez o que tinha prometido, lhe mandou o texto.

Nem uma hora depois, escutou chamarem a porta, imaginou que era o Charles, sinceramente não tinha vontade de falar com ele.  Muito contra vontade abriu a porta.  Mas surpresa, era o Daniel.

Perdão, minha mãe, me pediu que viesse te fazer companhia, mandou comida como sempre é claro.   As vezes penso, que ela crê que a comida resolve tudo.   Mas a alma não cura, verdade?

Sim Daniel, entre, sempre é bom te ver.   Tinha desenvolvido ao longo dos anos, um carinho especial por ele. Venha estou escrevendo na varanda.    Quando saíram o sol, saia no meio da neblina.  Vês, trouxeste o sol.  

Sem saber muito por que, contou o que tinha acontecido na noite anterior.  Não posso ou não consigo fazer sexo com outra pessoa, quando não paro de pensar e querer estar com o Mouse. Rindo, comentou, esse baixinho filho da puta, entrou tanto na minha vida, que não posso ou não quero que parta.

Eu entendo tudo isso.   Você sabe uma parte da nossa história, mas não toda.  Quando me expulsaram de casa, por confundirem as coisas.   Ele quis contar a verdade, mas não lhe permiti.   Fiquei dormindo uns dias numa garagem abandonada perto de casa.   Ele ia todos os dias me consolar, pedir que eu lhe deixasse contar a verdade.   Mas me doía tanto, que não podia,  era como se me tivesse maltratado duas vezes.  Depois de toda tormenta que foi minha vida, foste o primeiro a dar um toque em meus pais, que toda a verdade tem duas caras.  Minha mãe, me contou o que falastes com eles, quando foram me visitar no hospital.

Aceitei o seu perdão, porque era mais fácil de superar.   Um dia o Mouse, quando trabalhávamos juntos, me perguntou, porque eu não lhe deixava contar a verdade,  lhe disse que não, tornou a dizer se podia pelo menos contar a ti. Que ele também precisava se liberar desse segredo.  Me resisti.    Mudamos de assunto, ele me contou sua principal preocupação, não sabia o que aconteceria se você morresse primeiro, creio que não resistirei.  John é mais forte do que eu, superara, se me vou antes.

Ele sempre foi assim.  O que aconteceu, imagina, ele era o mais magro da turma, o menor de todos.  Os da sua idade, sempre eram mais altos.  Mas em contrapartida, era o mais inteligente. Por isso faziam Bullying com ele.   Mas se fosse fora da sala de aula, eu o defendia, lhe protegia, voltávamos sempre os dois juntos para casa.    Um dia me atrasei porque a professora me chamava atenção para minhas notas, quando olhei pela janela, uns da minha turma, estavam o sacudindo.   Deixei a mulher falando sozinha, sai correndo, o arranquei da mão desses idiotas, o levei comigo. Creio que apertei tanto seu braço, que ficou depois cheio de marcas.  Mas esses que eram mais altos do que eu, nos perseguiram,  eram seis. Me agarraram, me jogaram no chão, abaixaram minhas calças, começaram a me penetrar.  Ele tentou me defender, mas um deles lhe deu um empurrão, o jogando longe, eu fiquei com a cara encostada na grava, com os olhos lhe fazia um sinal para esconder-se.   Ele me obedeceu, mas ficou de longe olhando. Um atrás do outro me penetraram.  Sentia vergonha de não poder me defender.  Ficaram me dizendo no ouvido, que os da minha raça, erámos podres.  Bastava ver como fedia o meu cu, mal lavado. O último, foi o que incentivava todo mundo, quando acabou, se levantou, colocou um pé sobre minhas costas, dizendo, a partir de hoje me pertences.  Esse cu sujo é para nosso prazer.   Desmaie, quando despertei, Mouse estava sentado, com minha cabeça no colo, me pedia desculpas, a culpa é minha, se te tivesse esperado aonde devia, isso não tinha acontecido.  Mas vi uma bola por ali, resolvi chutar.  Vamos contar a nossos pais, assim nos trocam de escola.

Mas não lhe permiti, tinha vergonha, ficava imaginando a ira do Juan, o escândalo que faria Maria, não podia permitir isso.   O pior era que ele tinha assistido tudo.  Por sorte os dois não estavam em casa.   Tomamos banho juntos, eu sentado no chão, ele me lavou inteiro, quem sabe a água limpa tudo.  Me beijava na cabeça me consolando.    Eu só podia pensar, no horror que devia ter sido para ele, ver tudo.   Nessa noite ele teve febre, pesadelos.   Maria como sempre me culpou.   Ele ia falar, mas coloquei um dedo na boca, em sinal de silencio.

A partir desse momento, me tornei um mal aluno, não queria estar naquela escola.  Ele se adiantou vários anos, afinal os professores não tinha nada a lhe ensinar.   Sempre sabia tudo.

Lhe disse que escondesse bem sua sabedoria, pois sempre tentaria se aproveitar dele.

Um dia, me viu chorando sentado na sala, meus pais não tinha chegado ainda, começou a cuidar de mim.   Trouxe água com açúcar, passava a mão pelos meus cabelos, me beijava, fazia tudo para me consolar.  Quando o beijei, foi em sinal de agradecimento.  Nisso entraram meus pais, pensavam que eu estava abusando dele, por ser o mais velho.  Podes imaginar, não queriam escutar.  Tinha vindo da escola, aonde diziam que eu tinha me tornado um péssimo aluno, que ficava superprotegendo o Mouse.  Que brigava com os outros alunos.  Que iam me expulsar.

Era uma verdade, não podia ver nenhum garoto se aproximar dele, que imaginava o pior, estava fazendo aulas de defesa com o irmão do meu pai, agredia os garotos, não podia permitir que fizessem com ele, o que fizeram comigo.

Me expulsaram de casa, mesmo ele tendo falado que não era culpa minha.  Mas não podia permitir que minha vergonha fosse a toma.  Me escondi como te contei.  A partir disso, foram anos de drogas, abusos, eu fazia qualquer coisa para conseguir qualquer coisa que me consolasse a alma.  Doía muito a verdade. Entrava, saia de reabilitação que ele conseguia convencer meus pais de pagarem.  Mas não conseguia ir em frente.  Naquele dia que te conheci, é mentira que não me lembrasse de ti.   Quando vi como ele te olhava, entendi que te amava, relaxei, deixei vocês fazerem comigo o que quisessem.  Em outras circunstâncias, teria saído correndo.  Mas você sentou-se comigo falou pausadamente, até com carinho, passaste a mão na minha cabeça várias vezes. Até me convencer.  Mas fui, porque nesse momento descobri que te amava.   Queria ficar bom, por tua causa.  Ias sempre me visitar com ele. Mas não sabia, que ele ia uma vez por semana, fazer um trabalho, como dizia Papai Noel, nos sentávamos com ele, falamos tudo pela primeira vez.   Ele disse que isso o fazia sentir-se livre para te amar como devia.

Depois você convenceu meus pais a me aceitarem.  Seguiram me olhando, me vigiando, mas eu entendia.  Ele como sempre dizia, o Papai Noel, sabe, porque não podemos contar para nossos pais, para o John ele entenderia, passou pelo mesmo que tu.

Ele era muito inteligente.   Fez duas universidades ao mesmo tempo.  Quando nos víamos, dizia que queria deixar tudo, pois não tinha nada para lhe ensinar.   Mas foi até o final, porque queria dar aos meus pais uma alegria.  Saiu das duas com as melhores notas.  Isso que não queria chamar atenção.  Logo conseguiu um emprego em uma companhia de informática.  Mas ficava furioso, pois desenvolvia os programas, mas não o deixavam sequer apresentar, pois diziam que ele com a cara de garoto que tinha, não iria convencer os clientes.  Foi mudando de emprego, até que um dia, eu lhe disse por que não fazia o que realmente gostava,  montar coisas, ele nunca dizia a ninguém que tinha feito duas universidade.  Pois montar aparelhos era o que ele amava.

Tem uma história que vais amar. Ele tinha uns dois anos, já era inteligente, meu pai queria incentivar que no futuro fosse engenheiro, arquiteto, ou coisa parecida.  Então lhe deu um jogo desses de madeira, que se podia montar edifícios.  Cada semana trazia algum novo que ele mal tirava da caixa, já estava montado.  Chegou a ter como uma cidade.  Era o jeito dele ficar quieto.  Mas quando chegava alguém em casa tropeçavam nisso, desmanchando o que ele tinha feito, ficava de mal humor.  Um dia viu minha mãe, passando cola no trabalho para seus alunos.  Roubou a cola de cima da mesa, remontou a cidade como queria. Colando todas as peças no chão. Assim ninguém poderia destruir o que tinha feito.  Minha mãe ficou uma fera, pensava que tinha sido eu.  Ele ria, porque ela não podia tirar as peças do chão, como dizendo viu te venci.

O mesmo fazia com os puzzle que colava as peças na tampa da caixa, para que não pudessem desmanchar o que tinha feito.  Entendi então que o que ele gostava era isso, montar coisas.  Um dia, quando roubava para comer.  Vi um estojo de ferramentas de precisão, roubei, lhe dei dizendo que era para ele finalmente montar sua oficina, largar esses empregos de merda.

Disse que ia atender seu irmão mais velho.   Meus pais ficaram horrorizados, quando disse que não queria trabalhar para mais ninguém. Queria sim montar as coisas com que sonhava.  Meu pai acabou montando as mesas de trabalho.  Quando estava bem, me deixava trabalhar com ele, me ensinava o que tinha que fazer.   O que mais gostava era estar com ele.   Dormia ali, num saco de dormir.  Cuidava de mim.  Mas tudo o que eu tinha dentro, acabava mandando tudo a merda, chegava um momento que não podia mais, pois tudo voltava a minha cabeça.  Um dia quase matei um sujeito que queria fazer sexo comigo por drogas. Queria tanto a mesma que aceitei, mas vi que o sujeito ia me matar ao final.  Lhe feri, fugi. Procurei por ele, estava contigo, fiquei como louco, dormi ali na porta da oficina.

Me deu um banho, me colocou para dormir, tudo isso falando de ti.   Dizia que eras espetacular como homem, como pessoa, que ele tão feio tinha sorte.  Mas que tu, não sabias fazer sexo direito.  Ria dizendo que estava te ensinando.

Uma pura verdade. Eu só sabia colocar, mover-me nada mais.  Foi ele quem me ensinou desde beijar, fazer carinho, amar.   Por isso me custa tanto, procurar outra pessoa.

Olhou o Daniel, com outros olhos, era uma pessoa sofrida. Merecia ser amado.

Lhe perguntou por que não tinha ninguém?

Porque te amo desde o dia que te vi.  Talvez por isso também, meus traumas não me permite fazer sexo com outras pessoas.

Fisicamente ele não se parecia com o Mouse,  este era o retrato de seu pai, Daniel se parecia com sua mãe, cabelos lisos, negros, uns olhos negros profundo. Sempre com olheiras, algumas vezes o via com os olhos vermelhos de quem chorou.

Sim sou um bezerro desmamado.  Choro sempre que me lembro do Mouse, me faz bem, pois assim ponho para fora o que sinto.

O sol estava a pino, venha vamos tomar um banho de mar para relaxar.  Lhe deu um short do Mouse, mas ficava pequeno para ele.   Achou um que o Cristhofer devia ter esquecido por ali.

Foram para a praia, a água, agora lhe parecia mais agradável.  Ficaram furando ondas, contou ao Daniel, que Mouse tinha lhe ensinado a nadar.

Depois se sentaram ao sol na areia, ficaram conversando, até que ele sentiu uma sombra atrás dele.  Era o Charles.  Ia apresentar o Daniel, mas não teve tempo.  Como uma metralhadora, lhe acusou de ter outra pessoa, por isso não conseguia fazer sexo com ele.

Preferes os garotos complicados, pois esse o conheço da fundação.  É isso o que gostas não é.

Vejo que tudo te caiu mal.  Daniel é irmão do Mouse.  Está aqui porque eu precisava alguém para falar. Nada mais.

Falar, escrever, é tudo o que sabes fazer?

Sim, se queres também posso fazer sexo contigo, mas cobrando como um ator pornô que fui, mas saibas que só enfio meu aparelho no cu de quem eu quero. Entendeu, agora estava furioso. Esperava mais de ti.  Mas vejo que me enganei.

Vamos Daniel, vamos almoçar, que ganhamos mais do que ficar discutindo.

Daniel ria, dizendo nunca te vi furioso.  Eu me lembro dele, Papai Noel, uma vez pediu que me atendesse, mas não confiava nele.   Não entendia o que fazia ali.   Me disseram que era psicólogo de ricos, que estava ali, por causa de seu parceiro como dizia, que era amigo do Papai Noel.

Imagina, me desabafei com ele, pensando que ia me entender, mas tudo que queria no fundo, como muita gente é sexo.   Lhe disse que era impossível.  Não queria que na minha cama saísse o cheiro de canela do Mouse.

Em casa todos temos cheiro de canela, é minha mãe que aprendeu a receita de minha avó mexicana de fazer sabonetes de canela.

Vou trazer para ti.  Nisso seu celular começou a tocar.  Ele viu que era sua mãe, colocou em viva voz, antes de dar tempo dela falar, foi dizendo, temos mais um cliente para seus sabonetes de canela.   Eu disse ao John que todos em casa temos o mesmo cheiro. Canela.

Ah, já comeram?   Esquente bem a comida para vocês.  Como estas John?

Agora melhor, estivemos conversando os dois, creio que foi bom para os dois, nos desabafamos, um com o outro, somos mais amigos.

Fico feliz.    Daniel, durma aí, não deixe o John sozinho. Ok.

Sim mãe, fico aqui, assim posso aproveitar a praia no domingo. 

Passaram o resto do dia conversando, Daniel falando dos sonhos dele.  Gostaria muito de um dia ter dinheiro suficiente para ir a Paris.  Tudo por causa do Mouse, sabe dos jogos de madeira, tinha uma parte, que as casas eram como na França, tinha inclusive uma torre Eiffel, ele dizia que um dia iriamos,  lá de cima iriamos cuspir, para ver se caia na cabeça de alguém.

Impossível, pela altura, nunca chegará no chão.

Ficaram rindo os dois. Que bom que estas aqui comigo, ficou segurando a mão dele, eram diferente da do Mouse, mais brutas, levantou a mesma para olhar, estavam maltratadas, pelos trabalhos que tinha feito com seu pai.  Havia cortes nos pulso, na palma da mão.

Pois é, tentei suicídio muitas vezes, mas me arrependia, pois imaginava o Mouse sozinho. Depois entendi que era eu que estava sozinho.

Vou cuidar de ti garoto, vou cuidar de ti.  

No dia seguinte quando se levantou, a mesa estava posta com o café da manhã, faço isso todos os dias para minha mãe ficar até mais tarde na cama.

Eu disse que ia cuidar de ti, mas vejo es tu que cuidas de mim.

Acordei de madrugada, fiquei pensando.  Contou da história com o Pierce, quando recebi a tal carta, não imaginava nada a respeito.   Me falava, de como eu fazia sua vida suportável lá na vila, mas não quero que fiques aqui, tens que ver o mundo.  Deixei algo para ti, na minha herança, para que possas sair pelo mundo.   Me lembro quando falava das minhas viagens, o brilho dos teus olhos imaginando.   Por isso esse dinheiro é para isto.

O dinheiro está todo no banco a anos, sem usar.  Tens passaporte?

Não, e tu?

Tampouco, vamos tirar agora mesmo os dois  um passaporte. Tenho vontade de ir por algum tempo para relaxar.   Foram tirar passaporte, descobriram que tinham que marcar hora. Mas não importava, seria no dia seguinte.   Foram visitar os pais dele, para contar.   Maria ficou super feliz de vê-los.   Bom Maria, falamos muito ontem, mas muito mesmo.  Foi bom para os dois, nos desafogamos de nossas magoas com a vida.

Já te contei, porque leste uma história que falava do Pierce.  Quando fui me informar do meu irmão, me avisaram para falar com um advogado.  Este me mandou uma carta, colocou dinheiro na minha conta, que separei do resto.   Tinha confiança com ela para contar as coisas.  Então resolvemos os dois fazer uma viagem para nos afastarmos um pouco.

Mãe, contei a ele do jogos de armar que o Mouse tinha, com dois anos.  Lembra-se que estava farto que as pessoas passavam, desmanchavam o que tinha feito.  Que ele resolveu colar as peças todas no chão.

Sim teu pai, eu também , pensamos que tinha sido tu, até que o vimos fazendo o mesmo com os puzzle.  Foi quando, descobrimos que ele só gostava de fazer uma vez, repetir não era com ele.

Espera, trouxe uma caixa grande, ali estava uma mescla de cidade, todas coladas. Uma mistura de Paris, Londres, Roma.

Que legal que a senhora guardou.  

Uma vez ele quis jogar tudo fora, mas escondi.  Dizia que isso era coisa de criança.

Então aonde pensam ir?   Ir aonde perguntou o Juan desde a porta.

Fez uma coisa inédita, abraçou beijou o filho, fez o mesmo com John.

Os detalhes te conto depois, os dois vão fazer uma viagem grande, amanhã tem que tirar o passaporte.

Que bom para vocês, estou pensando em ir visitar uns parentes no México com tua mãe, assim que acabe as obras que estou fazendo.   Quem sabe vocês chegam a tempo para irem juntos.

Comeram, o Juan já não se lembrava da história das cidades coladas.  Podemos usar isso como presépio no próximo natal. Verdade?

Uma semana depois estavam os dois num avião, a Daniel lhe dava um pouco de medo, segurou sua mão. Não passa nada, vamos realizar nossos sonhos.

Quando chegaram em Paris, ficaram num velho hotel que o Cristhofer tinha recomendado, quando soube da notícia disse que tinha inveja.  Quando voltarem, venham ficar uns dias aqui comigo, me sinto sozinho.   Disse que mudar, não tinha resolvido seus problemas, a única coisa boa, é que me aposentarei com mais dinheiro.

No avião comentava isso com o Daniel, ele vai acabar voltando, será difícil também para ele encontrar um novo amor.   Quem os levou ao aeroporto foram Matheus e Chen, estavam pensando em adotar uma criança

Começaram a andar pela cidade como qualquer turista, visitando os lugares, quando subiram a Torre Eiffel, Daniel, fez uma oração pelo irmão, choraram os dois.   Passaram uma semana andando por tudo.  Chegavam ao hotel mortos, mas felizes.  O melhor era que não paravam de falar, de comentar qualquer coisa.

Depois alugaram um carro foram para o sul, passearam pelas praias, estranharam a água que era mais cálida.  Desfrutaram muito.  Quando chegaram a Aix En Provence, houve uma  confusão no hotel, pois tinham reservado uma cama de casal.  Não havia outro quarto disponível.  Daniel, disse que não passava nada.  Eram só duas noites, se apanhariam.

Andaram o dia inteiro, foram jantar num bom restaurante, tomaram água, Daniel sempre dizia que ele podia pedir vinho para ele,  mas não,  quero te acompanhar nisso.  Não podes beber, eu também não bebo.  Foram dormir, despertaram os dois um no braços do outro. Daniel, levou um susto, pois estavam os dois empalmados.   Dai para o sexo, foi só um passo. Em momento algum ele comparou com o Mouse.  Sabia que era uma outra pessoa. Eram como dois desconhecidos, conhecendo o terreno.  Foi com calma com Daniel, sabia dos seus traumas.

Deixou que ele lhe penetrasse, foi lhe ensinando como fazer as coisas.  Depois, ficaram abraçados um ao outro, sorrindo.

Não sentiste em momento algum, que eu era o Mouse?

Não vocês são diferentes em tudo.  Mas gostei de fazer sexo contigo, vou te ensinar a fazer como eu gosto, quero te satisfazer também.  Tinha um dia de passeios,  resolveram fazer só a metade, desfrutar mais de sexo outra vez.   Só te penetrarei quando queiras ok.  Depois foram almoçar, no meio do caminho entre Aix e Arles.   Pararam no meio de um bosque, fizeram amor ali outra vez.  Agora Daniel, estava mais desinibido.

Como podes querer fazer sexo comigo, sou feio, tampouco atraente.

Mas estou feliz quando estou contigo.  Voltaram para Paris, de lá resolvera ir a Londres, conseguiram trocar o bilhete de avião, para que a volta fosse desde Londres.  Fizeram a viagem de trem, não paravam de falar da paisagem, do que viam.

Em Londres foi difícil arrumar hotel, mas conseguiram um, perto da estação de trem.  Andaram por todos os museus, foram a livrarias, voltavam cansados para o hotel.  Mas andavam tranquilamente de mãos dadas pela cidade.  Todo mundo olhava, aquele homem alto, com o outro um pouco mais baixo, com uma cara diferente.

Pediram para uma pessoa fazer uma foto dos dois, abraçados, mandaram para Maria.

Avisaram o dia que chegavam.  Ela respondeu que os esperava para comer.

No último dia, no meio do que estavam fazendo na cama, Daniel, sentou-se  em cima dele, é hoje, quero que me penetres.  Fizeram bem devagar, chegaram a um orgasmo juntos, os dois gritaram.   Depois lhes deu um ataque de risadas, pois acreditavam que tinham acordado o hotel inteiro.

No avião, Daniel, lhe disse que tinha medo, o que vai acontecer conosco agora?

Queres viver comigo?

Sim, mas não quero ser um substituto do Mouse.

Não eres substituto de ninguém, o que eu sinto por ti é diferente, tenho um companheiro para tudo, gostamos de muitas coisas iguais. Com teu irmão era diferente, discordávamos sempre. Ele adorava me provocar numa discussão, que eu não gostava.

Além de que, não pensei nele desde que estou contigo.  Não gostas de estar comigo?

Te disse que te amo desde o primeiro dia que te vi.  Nada mudou, apenas te amo mais, não gostaria de te perder.

Um casal ao lado, os olhava como que criticando.  John virou muito simpático dizendo que voltavam da lua de mel.   Que tinham se casado recentemente.

Boa resposta, disse uma aeromoça que passava.

Não tinham avisado ninguém mais que voltavam.   Foram para Malibu, estranharam escutar ruído em casa.   Tudo que ele disse foi, eu sabia que ele ia voltar.  Agora teremos que procurar uma outra casa para a gente.

De fato, Cristhofer estava ali.  Depois que falei com vocês, vi a merda que tinha feito em fugir, não me esqueci nenhum dia do Mark.   Parou ficou olhando ora para um, ora para o outro. Não me diga, estão junto os dois.   Que legal isso.

Depois de contarem a viagem toda, temos que ir almoçar com a Maria e o Juan, queres vir.

Não, mas quero falar contigo.

Enquanto Daniel tomava um banho, lhe perguntou se gostava dele. Se não estava junto porque ele lhe recordava o Mouse.

Completamente errado, ele é totalmente diferente do Mouse.  Estou apaixonado, é um companheiro ideal.  Falamos muito, nos divertimos, gostamos de muitas coisas em comum.

Mas eu queria dizer, que vou procurar um lugar para viver com ele. Ok

Como queira, sabes que podes ficar, desde que devolva meu quarto.

Maria, estava sozinha em casa, teu pai chega daqui a pouco. Olhou os dois de frente, bem pela foto eu percebi, mas vejo que estão juntos. Ia fazer a mesma pergunta, mas John respondeu rapidamente.  Ele é diferente, o amo por isso.

Quando Juan chegou os abraçou, beijou.  Hoje terminei de restaurar um apartamento num lugar que iam gostar, na verdade é uma casa, nos canais de Venice Beach, era para um casal que iam se casar, mas romperam a relação.  Agora vai colocar à venda.  Está no lugar mais calmo dali, mostrou as fotos que tinha feito.   Pergunta ao dono quanto quer pela casa.   Tenho dinheiro guardado pode ser que possa comprar.

Ele telefonou, perguntou quanto o outro queria, esse disse que para ele, que tinha restaurado a casa com todo amor e carinho, era mais barato.

Pai, temos uma novidade.

Eu já sei, vi a foto, se vocês tem certeza eu fico contente.

Vamos morar juntos. O que achas.

Então podem comprar a casa meio a meio.  Teu irmão nos deixou muito dinheiro, nada mais certo que comprar uma parte para ti.  Que achas John?

Bom pelo preço ia ter que fazer um empréstimo. Isso resolve o Daniel, ele tem que saber resolver as coisas de sua vida.

Sabe, sinto falta de uma coisa que não fiz com o Mouse.  Se ajoelho, quer se casar comigo  Daniel.  Os pais estavam em pé abraçados, o ajudaram a se levantar.  Daniel, chorava muito, sorriu timidamente, dizendo sim quero.

Mas antes vamos fazer uma coisa, vamos ao México com os velhos.

Tínhamos até mudado de plano, pois os parentes já nem existem mais, emigraram para algum lugar daqui.   Mas podemos ir a México capital, algum lugar com mar para relaxar.  O que acham.

Toparam.    Antes, John mudou suas coisas para a casa nova.   Estavam adorando o lugar, era a típica casa para construir uma família.   Avisaram ao Matheus e Chen, estes apareceram com um carinho de bebê.  Disse tinham conseguido a adoção, porque ninguém queria o garoto, tinha AIDS, mas já estava em tratamento.   Era pequeno, esteve muito tempo numa incubadora, mas nos apaixonamos por ele, nada mais o ver.

Ficamos preocupado por se teria só um tempo de vida, mas o médico diz que com os tratamentos de agora, não tem que ser assim.   Ele terá uma vida normal.

Contaram da casa, da viagem, é a que iriam fazer com os pais do Daniel.  Que iriam se casar, os queriam para padrinhos.

A viagem ao México foi melhor do que podiam esperar.  Juan se divertia, tomava suas cervejas, mas nunca insistiu que os dois bebessem.   Quando perguntou ao John por que não o fazia, este lhe respondeu que estava compartindo uma vida nova, não quero perder Daniel, por uma besteira.  Nunca bebi muito, sempre um pouco, embora ele insista.  Prefiro não fazê-lo. Desde esse momento, Juan também deixou de beber.

Tinham comentado do bebê de Matheus e Chen, gostaríamos de conseguir adotar uma criança, mas creio que será difícil.  Eles conseguiram porque a criança tem AIDS, mas está em tratamento.

Pouco antes de se casarem, Maria um dia lhes chamou, venham rápido aqui em casa.  Quando chegaram lá estava uma garota, que eram de um lugar que Maria ia sempre ajudar. Uma casa de acolhida, para jovens que estavam pelas ruas.

A jovem tinha fugido com seu namorado, ao saber que estava gravida.   Seus pais eram rígidos, nunca iam aceitar uma criança fora do casamente.   O rapaz tinha morrido num acidente.  Estava sozinha.   Lhe falei de vocês, ela disse que pode deixar o bebê.   O que acham.  Pensamos em fazer o seguinte para ser mais fácil.  Adotamos nós, ou um de vocês.

Mamãe, a mim ninguém daria um bebê.   Então ao John.  Vamos ver o que consigo no centro.

Ela mexeu seus conhecimentos, conseguindo que o John adotasse a criança, um garoto de olhos azuis.   Quando o viram, foi amor à primeira vista.

Juan estava fazendo seu último trabalho, reformando uma casa, ali perto da deles.  Mas desta vez era para os dois, vamos viver perto de vocês, assim podemos cuidar do menino, quando vocês precisem sair, ou trabalhar.  Quando foram escolher o nome, John disse que quem escolhia era o Daniel.  Este sem dúvida disse, uma coisa fora do normal Mouse Juan Perez.   O que acham?

Ficaram bobos, porque a criança começou a sorrir. Vê ele gostou.

Agora eram uma família real, as vezes que iam na praia, sentia que outros homens olhava o John, mas ele ria dizendo, podem olhar, cobiçar, mas é meu.

John o tinha ensinado a técnica que fazia com o Mouse, de se penetrarem mutuamente. Isso era para os dois como uma comunhão de seus desejos.

Na festa, na hora do brinde Daniel, com um copo d’água na mão, um brinde ao meu irmão querido, que me apresentou o homem da minha vida.  O amei desde o primeiro momento que o vi.  Esperei minha oportunidade.  Descanse em paz meu irmão Mouse,  Ao escutar seu nome, o bebê que estava no colo da Maria, começou a sorrir.

Criavam o filho com muito amor.  John sempre dizia que tinha certeza, era a reencarnação do Mouse, olha ele tem os mesmos cabelos cacheados, só que loiro. Era super inteligente, falou antes do tempo,  gostava de construir coisas.  não gostava de brinquedos como as demais crianças, gostava de coisas para montar.

Daniel só dizia que o nome então era perfeito, pois amava o filho com paixão.  Os dois trabalhavam em casa. Daniel tinha uma oficina aonde montava computadores, celulares como tinha aprendido com o irmão, na antiga garagem da casa.   Ele tinha seu escritório no andar de cima.  As vezes escrevia com o garoto sentado no seu colo.  Um dia brincando com ele, apontou as letas do seu nome.  Mouse.  O garoto em seguida escreveu o nome.   Começou a gritar, chamando o Daniel. Este apareceu assustado.  Olha o que faz esse sem vergonha.

Como é o teu nome.  O menino olhou para o Daniel, escreveu Mouse.

Puta merda, tens razão esse menino, tinha que ser nosso, meu querido Mouse. Estendeu os braços o garoto, foi, lhe deu um beijo.  Estava acostumado a isso, a dar beijos em todo mundo.

Maria e Juan, não acreditavam.

Daniel, tinha lhe montado como um brinquedo, um computador pequeno, cheio de filmes infantis.   O sentou no chão na frente do brinquedo.  Lhe disse, como te chamas, o garoto escreveu Mouse. Daniel tinha feito de tal maneira o brinquedo, que ao fazer isso, se escutava a voz do Mouse original, de uma gravação que tinha achado, que repetia, sou Mouse.

O garoto, parecia gostar de escutar a voz, escrevia uma e outra vez o nome.

Os avós babavam com ele. 

Não vou finalizar dizendo, foram felizes, comeram perdizes, pois isso não existe.