lunes, 27 de diciembre de 2021

2032 OVERLIVE

                                                2032 OVERLIVE

 

Quando despertaram o FAKE OUR NOT FAKE, ou seja a informação e a desinformação ao mesmo tempo, ninguém sabia o que era verdade ou mentira.

George Orwell, autor de 1984, nunca imaginou que a realidade suplantaria sua ficção, devia estar se removendo na tumba, de ódio.

A humanidade, tinha estado anos, metida nunca controvérsia, ao mesmo tempo lutando contra uma vírus que ia se mutando, matando as pessoas enfermas, como se fosse uma das muitas pragas do Egito.

As pessoas eram vigiadas, desde o momento que saiam de suas casas, além de não poderem verbalizar nunca o que pensavam, logo desapareciam num estalar de dedos.

Talvez por isso quando foram atacados pelo vírus, ninguém mostrou compaixão, ou qualquer outro sentimento relativo a outras pessoas.

Seus pais retornaram da Africa, aonde tinha estado fazendo pesquisas, trabalhavam para um grande laboratório que de uma certa maneira usava as pessoas de regiões remotas para testar novas vacinas.

Como dizia sua avó, tratam as pessoas como se fossem cobaias.

Para complementar, houve uma chuva me meteoritos, que ninguém sabia de aonde tinham vindo, que entraram na atmosfera da santa terra, atingindo todos os lugares possíveis, não eram grandes, mas soltavam um gás, que funcionava pior que um vírus.   Atingiam as pessoas que já tinham sobrevivido a todas as variantes possíveis do vírus anterior.  Os jovens, por um acaso não eram atingidos.  Tinha um efeito estranho, atacava diretamente o pulmão das pessoas, fazendo com que secassem, em dias a pessoa estava como uma múmia, se faziam piras como antigamente, inicialmente, retiravam os documentos das pessoas, mas claro, os militares, policiais, bombeiros, também foram atingidos, logo deixou de haver controle.

Com ele, a coisa tinha acontecido de uma maneira surpreendente, dois meteoritos, caíram em cima do laboratório que trabalhavam seus pais, não sobrou ninguém, pois com os produtos químicos, que existiam lá, foi como acender um fósforo.

Ele como tinha sempre vivido com sua avó, nem pensou muito, não tinha que ir a escolas, estavam todas fechadas, a casa aparentemente estava abastecida, não se sabia por quanto tempo, pois a escassez de comida era preocupante.

Um dia ela não levantou, as senhoras que trabalhavam na casa, chamaram imediatamente a polícia, em seu lugar vieram os bombeiros, ela iria diretamente para alguma pira, ele foi levado, apesar de ter 16 anos para um orfanato, só teve tempo de pegar algumas roupas.

Mas o mesmo, por alguma razão, como estava num local de Washington, que tinha sido muito atingido com meteoritos, a maioria dos cuidadores morreu, era impressionante, ver uma pessoa secando.    Ele tomou uma resolução, quando escutou que seriam transferido para algum lugar, que ninguém tinha escutado falar, mas claro faltavam meios, a descoordenação eram grande, a maioria que estava ali, escapou, ele não teve duvida nenhuma, com sua mochila, se mandou.

Quando chegou ao apartamento de sua avó, isso andando de noite, com uma bicicleta roubada, levou um susto, pois uma das mulheres estava sentada na poltrona preferida dela, com suas roupas joias, como se fosse a dona da casa, era como entrar numa tumba, estavam todos mortos.

Ele recolheu as joias, já sabia que moeda nenhuma valia nada, os dólares já só eram papeis para queimar, tudo funcionava na base da troca.

As pessoas que ainda sobreviviam, entravam nas casas para roubar, principalmente algo de comida.

Foi o que ele fez, colocou na sua mochila, roupas de inverno, que se aproximava, o resto latas para comer.  Se lembrou de uma vez que tinha ido com seus pais, a uma floresta, aonde alugavam uma cabana, tinha na cabeça o caminho.  De noite, tirou de uma das bicicletas da casa, um cesto, encheu de comida, foi nessa direção.  As ruas estavam desertas, a maioria das câmeras de vídeo que antes vigiavam tudo, estavam destroçadas, as vezes via um carro da polícia, ou algum de bombeiros, indo em direção a algum incêndio.

Depois de um dia, finalmente chegou à cabana, alguém tinha estado ali antes, pois estava tudo destroçado, talvez em busca de alimentos.

Nessa noite nevou, ele por sorte com a comida tinha trazido um saco de dormir, daqueles quentes, era um frio diferente, depois de um tempo a neve se transformou numa coisa estranha, era cinzenta, como se o ar estivesse sujo.

Ele não se atrevia a acender a lareira, embora ali tivesse lenha, com medo de chamar a atenção, sabia que em algum lugar da casa, havia um alçapão, para o porão, tanto procurou que achou, guardou ali a comida que tinha trazido, bem como a bicicleta.

Dois dias depois escutou gente falando, vinha da estrada mais abaixo, se escondeu rapidamente.

Entraram na casa, reviraram a mesma em busca de comida, como não acharam nada foram embora, por uma fresta olhou, eram garotos da mesma idade dele, bem como alguns menores.

Entendeu que não era seguro ficar ali, começou a cada dia se adentrar na floresta, um dia se perdeu, mas deu de cara com uma cabana, em bom estado, tão bem escondida no meio das árvores que era difícil encontrar, tinha dado com ela por um acaso.

Desde o principio lhe pareceu a cabana de um guarda-bosque, embora tenha estranhado a quantidade de armas que encontrou por ali.

Mesmo o sujeito que encontrou enrolado numa manta, sentado num cadeirão, estava vestido com uma roupa de aspecto militar, que ele nunca tinha visto, tinha uma arma na cintura, além de uma escopeta serrada em cima das pernas.

Retirou as duas, o que achou entranho, foi um molho de chaves, diferentes, que tinha na cintura, nunca tinha visto nada igual.

O levou para fora, o arrastou com o coberto, o mais longe possível, cavou uma tumba rasa para o mesmo, cobrindo a parte de cima com pedras, ramos, pois não sabia que ali existiam animais.

Começou a verificar tudo em volta da cabana, mas afastado, encontrou porque sem querer tinha dado uma topada com alguma coisa dura, quando tirou os ramos de cima, viu como uma tampa de metal, quase igual as das companhia de gás, ou eletricidade.   Não tinha nada escrito, mas sim uma abertura para alguma chave.

Se lembrou do chaveiro do homem, voltou a cabana para procurar.

Foi provando uma a uma, a mais estranha, fez uma coisa, como um estalo, a tampa se levantou sozinha, por algum sistema mecânico.

Quando desceu, a cada movimento que fazia, se acendia uma luz.

Parecia um imenso bunker, do qual tinha lido em algum livro de seu pai.  Segundo estes era por se acaso surgisse alguma guerra atômica, que os países viviam ameaçando uns aos outros.

Aonde acabou depois do imenso corredor, foi numa sala grande, cheia de poltronas, em cada uma tinha uma manta.  Ele achou estranho pois ali não fazia frio.

Tinha levado uma lanterna da cabana, escutou um ruido, era a tampa que se fechava sozinha, seguiu em frente, como ele imaginava, a cada lugar que ele entrava, as luzes se acendiam, se ele ficava parado, se apagavam.   Na casa de sua avó, existiam nos corredores, por se acaso levantavas de noite.   Ela dizia que era um invento antigo.

Deu com uma imensa biblioteca, a maioria de livros científicos, mas uma delas, de livros para as pessoas relaxarem.  Ali também existiam sofás, poltronas confortáveis.  Era como se tudo tivesse estado preparado para ser usado.

Mais adiante, pelo corredor, se encontravam quartos, todos mobiliados, banheiros, simples, abriu uma torneira, saia agua, terei que aproveitar para tomar um banho, foi o que pensou, não fazia isso a dias.

No final desse corredor, encontrou, uma sala, com um homem sentado, estava seco, sentado, com as mãos em cima de um teclado, por todas as paredes se viam grandes telas de televisão, todas funcionando ao mesmo tempo, se viam lugares de Washington, a Casa Branca, o pentágono, as principais vias de acesso da cidade, tudo era como um lugar fantasma, quando tentou mover a cadeira, o homem caiu para frente, usava um uniforme da CIA, ele entendeu imediatamente, era um bunker para os funcionários, ao mesmo tempo aonde estava um sistema de vigilância.   Em seguida, os salões eram mais simples, bem como os quartos, em dois deles encontrou pessoas da mesma maneira, levou para lá o que estava na sala das telas de vigilância.

Depois encontrou refeitório, uma cozinha super abastecida, bem como geladeiras, congeladores, todos funcionando.   Viu Yogurts, não resistiu, provou um, estava fantástico, já nem se lembrava da última vez que tinha comido um.

Nos congeladores, existiam carnes, peixes, tudo muito surtido, para muito tempo, uma coisa lhe chamou a atenção, um frigorifico imenso, desses de grandes restaurantes, abriu, dentro tinham duas pessoas congeladas, deviam pensar que ali estariam a salvo.   Mais carnes, metades de animais inteiros congelados.

Fechou rapidamente, pois sentia frio.  Assim seguia indefinidamente. Até que chegou a uma porta, aonde escutou um ruido de um regenerador, abriu lentamente, esperando encontrar alguém, como tinha ficado imóvel, as luzes se apagaram, não havia ninguém.

Voltou atrás, abriu a tampa, foi até a cabana, levou suas coisas para lá. Inclusive um resto de latas, teria que encontrar uma maneira de ver como esconder esta tampa, embora sabia que só se abria com essa chave.

Mas era melhor prevenir.

Foi até a tal cozinha, tinha deixado suas coisas num dos quartos confortáveis, tomou um bom banho, inclusive de água morna. Ali tinha tudo, se esfregou bem muitas vezes, colocou uma roupa nova, sabia que na grande cozinha tinham duas máquinas de lavar roupa, bem como secadoras, lavou tudo, até o tênis que usava que estava super sujo.

Depois preparou para ele, dois hamburguês, grandes, tinham também pão congelado, poderia viver ali por anos.

Depois foi dar uma olhada na sala das telas outra vez.  Acessou um computador, mas basicamente quase tudo da internet era velho, a última coisa que apareciam eram vídeos gravados talvez dali mesmo, dos meteoritos atingindo o mundo inteiro.

Depois ficou observando a câmera, para ver se tinha algum movimento, viu por exemplo que movimentando o cursor, era como se entrasse em outras câmeras, ruas, avenidas, clicou em cima da Casa Branca, no portão principal, apareciam dois guardas mortos, o resto era mais disso, muita coisa revirada, como se estivesse procurando alguma coisa, num movimento encontrou o gabinete oval, mas tudo vazio.

Se perguntou, aonde tinha ido parar o presidente.

Por isso acessou o pentágono, tudo era como um cenário vazio, mas conforme mexia o cursor, ia como se descendo a níveis inferiores. Foi quando deu com uma sala, aonde estavam sentados militares, com um homem vestido diferente, deduziu que era o presidente.  Todos mortos.

Ainda pensou, quem precisa de um presidente, não há nada para governar.

O último que acessou, foi um com a marca do edifício da CIA, foi a mesma coisa, um cenário fantasma, em algumas salas, as pessoas mortas.   Claro, como o tal vírus, vindo dos meteoritos, secava primeiro o pulmão, as pessoas, não se mexiam do lugar.

Ao final, nada mais o emocionava, mas foi interessante descobrir que na tal cabana tinha sistema de vigilância, dali poderia saber se alguém se aproximava.

Quando acionou isso, apareceram uma série de outras entradas, entendeu, estava no fundo de uma montanha, existiam outras saídas, ele só tinha que descobrir como, sair por aí, ir até aonde tinha entrado, esconder essa entrada.

Foi dormir o sono dos justos, porque não tinha que ficar preocupado, se alguém chegava até ali.

No dia seguinte, encontrou uma sala com todos os aparelhos de um ginásio, já teria aonde fazer exercício, bem como uma piscina.  Poderia ficar vivendo ali muito tempo.

Levou dias explorando tudo, finalmente encontrou depois dos reatores de energia, um corredor que se dividia em vários, que iam dar várias saídas, explorou o primeiro, tinha outra chave diferente a encontrou no chaveiro, antes tinha dado uma olhada, pois tinha uma numeração, que nas telas, era como um mapa, ali podia ver a mais próxima a cabana.

Olhou para saber se tinha movimento nessa zona, foi até lá, mal o dia nascia, achou estranho, que as noites fosse tão curtas, apesar de abrigado, fazia frio.     Com muito custo, encontrou a chave, marcou a mesma, para saber resolver fácil.   Tinha imprimido um mapa, se via que o caminho tinha sido usado, com mais abaixo, o interessante que essa tampa, estava camuflada atrás de uma árvore, quando a fechou, viu que vinha junto com um arbusto, ou seja se camuflava sozinha.

Foi até a cabana, esperou ver algum movimento, mas nada, foi até aonde tinha entrado, tampou como estava antes essa entrada, voltou por aonde tinha vindo.   Agora cada dia, pesquisava uma saída.    Uma dava diretamente a um estacionamento subterrâneo, da CIA, era bem camuflada, percorreu todos os corredores, levou com ele, um sistema de áudio, que encontrou junto a um sujeito morto, pelo menos teria música, para a sala de exercícios, levou cadernos, livros que tinha encontrado em alguma mesas, nos escritórios fechados, voltaria depois por mais.

Quando voltou, viu que o sistema de alarma, tinha tocado, havia um grupo de garotos na cabana, comeram e roubaram tudo que encontraram de comida por ali, comia com ânsia de muita fome, dormiram essa noite ali, fizeram uma fogueira, alguns eram da idade dele, para cima.  Ficou prestando atenção, um deles que se via que comandava, estava armado, tinha dois outros que eram como seus guarda costas, também armados, os menores não.

Os vigiou a noite inteira, para ver se descobriam alguma coisa.  Nem desconfiavam que estavam sendo observado.

No dia seguinte escutou a conversa deles, iam em direção ao interior de Virginia, para ver se encontravam algum outro grupo de sobrevivente.

Em algum momento, pensou seriamente em ir ao encontro deles, mas a atitude do chefe, ele não gostava.   Se lembrou de uma aula que tinha tido a muitos anos atrás, que falava disso, a voz de comando.    A pergunta tinha sido, se antes dos governantes, tinham existido outros.

Seu professor ilustrou no quadro, que sempre tinha existido isso, dois grupos, um comandando, outro sendo explorado, sejam por reis, depois os senhores das guerras, ilustrava que mesmo os Vikings, que se falava muito na época, tinham sempre seu chefe, que governava como um rei.

Depois que as religiões existia a mesma, coisa, na época já não existia o Vaticano, a muito tinha acabado, agora então devia ser impossível ter algum sacerdote de qualquer religião.

Duas aulas depois, ele contava como tinha existido as guerras religiosas, nunca entenderia depois que o professor tivesse desaparecido, se falava que a CIA, ou o FBI, o tinha levado, por estar dando aulas que não devia.

Buscou entre os livros ali, encontrou vários falando de todos os tipos de guerra, até a religiosas.

Leu um que alguém tinha parecido interessado, que eram os templários.  Existia uns dez livros sobre o assunto.   Se divertiu vendo.

Agora tinha um sistema, qualquer movimento suspeito em qualquer câmera, era avisado num relógio que tinha encontrado nessa sala.

Corria para dar uma olhada, voltava o vídeo que estava com um ponto em vermelho, para dar uma olhada.   Sempre dava no mesmo, algum grupo comandado por alguém armado, todos sempre eram jovens em marcha.

Quando passavam pelas ruas que tinha comercio, buscavam coisas já muito desaparecidas, cada vez mais rara pelo visto, comida.  Todos pareciam ir na mesma direção.

Alguns grupos, até os garotos eram menores, mas tinham um chefe armado.

Conseguiu alcançar pontos claves, como o quartel de bombeiros, nada se movia ali, a central de policia da cidade era igual.  Se via no pátio, que tinham tentado levar carros.

Ele tinha aprendido a dirigir com 14 anos, pois vivia levando sua avó de um lado para outro, mas nem se atrevia hoje em dia, podia chamar muita atenção.

Um dia viu um carro de bombeiros, tinha um grupo de maiores conduzindo o carro, com a garotada toda em cima.

Observou a cara de quem conduzia, era uma garota de sua idade, além do grupo ser todo feminino, viu que tomavam a direção de NYC.

Lá também devia existir bando como os deles.

Procurou nas noticias antigas algo sobre a cidade, estava fechada a muito tempo, tinham levantado um cerco a ilha, bem como ao resto, era como se a cidade se tivesse transformado em várias partes, o que não se falava era de comida.

Tentou ver se algum dos circuitos, conseguia alcançar a cidade, tinha ido uma vez com sua avó, quando era garoto, tinha achado a mesma mais interessante que aonde viviam.

Agora se dava bem usando os canais de espia, descobriu um sobre NYC, outro sobre Los Angeles, bem como San Francisco.

Pelo menos tinham mar, podia se alimentar de peixes.

NYC, mesmo cercada, estava dividida em muitos setores, comandados pelas gangs de jovens.

O tempo tinha mudado, agora os dias eram largos, as noites curtas, o inverno quando muito durava dois meses, o resto do tempo era como uma eterna primavera, aonde pela manhã e pela noite faziam frio.

Procurou informação a respeito, sabia-se justo antes da chuva de meteoritos que a terra tinha mudado seu eixo, as hipóteses eram muitas, daí talvez o degelo do polo Norte, o polo Sul na época isso acontecia mais devagar.

Não entendia, como a internet podia seguir funcionando, se funcionar significava saber de coisas do passado, pois do presente não se sabia nada, se tentava contatar com alguma coisa do governo, eram como informações estagnadas.   Podia olhar como andavam as coisas nas cidades, mas isso através das câmeras de vídeo.   Os governos anteriores, para que o povo não soubesse que era espiado, as tinham transformado em pequenos aparatos, que desde o chão o povo não via, mas que era capaz de identificar as pessoas pela cara.

Agora seria impossível, pois o que restava eram os bandos de jovens, ainda pensou, que chegaria um momento em que esses jovens começassem a produzir filhos, descobririam o sexo, claro isso faria com que houvesse um repovoamento na terra.

Mas por mais que olhasse através das câmeras, não via isso.  Nunca via nenhuma adolescente gravida, ou com barriga.

Alguma coisa tinha feito mudar a genética, ou ele não sabia.  O que observava sim, o que era uma incógnita, era que havia como uma mutação genética, nos que eram simples criança na época que tudo começou.

Sabia disso, quando via agora passarem diante da câmera, grupos montados a cavalos, como antigamente, os carros continuavam parados, como sem vida.

Um dia foi ao estacionamento da CIA, experimentou um carro, fez a ligação, como tinha aprendido fazer através de livros, nada, um dos carros tinha as chaves postas, igualmente, pensou caso a gasolina tivesse evaporado, mas isso nunca acontecia.

Talvez por isso, não via movimento de carros, atreveu ir mais fora da cidade, era o mesmo, algo tinha feito que os carros deixassem de funcionar, talvez por isso nunca mais tivesse movimento de nenhum.

Desta vez, quase deu de cara com um grupo desses a cavalos.  Era difícil de entender o que diziam, isso já tinha observado através das câmeras, como se houvesse uma nova linguagem.

Uma das últimas vezes que houve gente na cabana, observou que eles comiam raízes, assadas na lareira da mesma, que acenderam com a madeira ainda existente por lá.  Mas chegou a gravar o que falavam, pois era difícil.  Talvez como se tivessem elaborado uma nova linguagem.

Gravou uma conversa de um grupo, em NYC, que viviam dentro do Museu, depois comparou as duas, eram diferentes, talvez a maneira de falar, tinha por isso dificuldade de entender o que falavam.

Se cobrava, se tinha se protegido demais, evitando que descobrissem aonde estava.

Mas quando via os enfrentamentos entre esses grupos, pensava estou certo, assim sobrevivi.

Era uma coisa brutal.

No Central Park, agora era como um ringue, aonde esses grupos se enfrentavam, parecia sempre um campo de batalha, ficou imaginando, que um dia chegaria ao que tinha escutado nas aulas de história, ao canibalismo das tribos de um passado remoto.

Ele sabia que os anos iam passando, porque nessa sala, havia como um calendário, que funcionava.   Tinham se passado já sete anos de que tudo tinha acontecido.

Quando se olhava no espelho, via um homem, não mais o garoto assustado que tinha chegado ali, um dia estava vendo essas batalhas, quando viu o que tinha pensado, quando acabou tudo, as pessoas mortas, foram assadas em fogueiras, depois tinham comido a mesma.

Chegou à certeza, que já não comiam só raízes, mas também outros seres humanos.

Procurou ver se acontecia o mesmo em San Francisco, Los Angeles, não era muito diferente, mas o mesmo, não se viam mais crianças pequenas, gravou grupos falando, teve a mesma surpresa, eram linguajares diferentes.

Pensou o dia que todos vamos morrer, a humanidade já estará salva dos homens.

Um dia viu uma das barbáries, um grupo todos a cavalos, um deles tropeçou, morrendo, o que ia em cima, caiu também, logo alguém lhe deu com algo na cabeça, montaram ali mesmo nas ruas uma fogueira, assando o cavalo, bem como o homem.

Ficou literalmente chocado, o comportamento era o mesmo, um chefe dava as ordens, armado até os dentes, tinham aberto o crâneo do homem caído, o que devia ser um manjar, foi entregue ao que comandava, que o comeu com as mãos.

Teve que correr para o banheiro, para vomitar.

Mas os que estavam ali, parecia a coisa mais normal do mundo. Os mais jovens deviam ter por volta de 15 anos, os mais velhos a idade dele.

Talvez estivesse fazendo o mesmo, se estivesse aí com eles, mas fiquei aqui protegido, como numa redoma.

Realmente tinham pensado naquele lugar, para se sobreviver muito tempo.

Às vezes, saia, mais com o intuito de aventura, o que ele achava raro, não via pássaros, nem animais pequenos, as vezes os encontrava mumificados.  Então era isso, não tinham animais para comer.   Como não existiam câmeras de vídeo nos campos, ele não podia saber.

Essas saídas fazia com sua bicicleta.

Passou a usar as roupas que estavam ali, dos homens que tinha estado, uniformes da CIA, ou outra coisa.

Só não saia em dias de neve, primeiro era como sempre, era branca, depois ficavam negras, não sabia como analisar isso.

Quando isso acontecia, não havia batalhas em nenhum lugar, como se as pessoas ficassem escondidas, ou com medo.

Ele não tinha sido educado em religião nenhuma, mas ficou curioso, um dia que viu um grupo depois de uma batalha, fazendo fogueira com os bancos de uma igreja, bem como um cristo imenso de madeira, ou seja a esses garotos ou melhor dizendo hoje rapazes, a religião importava nada, primeiro talvez porque não tinha ninguém para ensinar.

Um dia viu um grupo, em Los Angeles, que o deixou surpreso, estavam basicamente nus, eram todos talvez da mesma idade, por causa do tamanho, magros, na falavam, gruíam, gritavam coisas aos que brigavam como se estivesse torcendo por algum deles.   Quando tudo acabou, levaram todos os mortos, faziam a fogueiras, brigavam entre eles, para ver quem ficava com o melhor pedaço.

Cada vez via menos gente de sua idade, foi quando percebeu, que estes ao chegarem a uma certa idade, era como se o antigo vírus os atacasse, voltava a ver gente mumificada.

Isso ira acontecer comigo, porque se os que estavam aqui aconteceu, entendeu que o local recebia ar de fora.  Ele não tinha saída.

Logo chegaria seu momento.  Tinha passado esse tempo todo, como um observador do que ia acontecendo com a humanidade, quando começou a sentir algo, pela primeira vez, percebeu que ele mesmo falava alto, com ele mesmo, fazia pergunta que seu cabeça respondia.

Tinha um dos quartos, que devia ser para o filho de alguém, pois quando se entrava, pelas paredes e pelo teto, passavam imagens do tempo, nuvens, estrelas, coisas que já nem se via mais.   Quando sentiu que lhe faltava pouco, pois tinha dificuldade para respirar, tirou toda sua roupa, se deitou aí, como se fosse seu tumulo, enquanto pode mover-se, as imagens não paravam, foi como se lembrar do tempo que em pequeno saia com sua avô, que ele admirava os pássaros, as nuvens se movendo no céu, seu último pensamento foi, tudo se acabou finalmente.

Tinha entendido, que esses guerreiros de agora, iriam passar pelo mesmo, não havia crianças, eles atingiriam uma idade, acabariam como ele.

Fechou os olhos, deixou de respirar.

Não sabia que estava sendo gravado, não veria a decomposição de seu próprio corpo.

 

 

 

 

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                           

 


lunes, 6 de diciembre de 2021

PASSAGE

 

                                              PASSAGE

 

Denis, despertou com o celular a todo vapor, lhe irritava isso, principalmente depois que tinha deixado o Ministério de Cultura.  Tinha trabalhando a vida inteira em pró da cultura da França, sem mais nem menos tinham lhe despedido, coisas do novo governo.

Ele não precisava desse emprego, tinha sua própria maneira de trabalhar, escrevia artigos para revistas de cultura, para jornais, enfim, sempre tinha tido seu meio de vida, inclusive não dependia de casa.  Aonde vivia na Rue de Furstemberg, era a residência da família, a anos, ele tinha nascido ali bem como seus irmãos, espalhados pelos quatro cantos do mundo.   O que tinham feito, como a herança tocava a todos, em vez de vender, uma grande reforma, separando apartamentos para cada um.   Diziam que o dele era o privilegiado, pois tinha duas saídas, além de muita iluminação.  Nessa repartição tinha comprado a parte de uma irmã que vivia a tantos anos em Londres, que nunca voltaria a viver ali.  Então o seu era maior.  Albergava a biblioteca, um grande salão, um quarto com closet, bem como cozinha, o resto ele deixou de lado, pois o que ele queria era espaço para sua coleção de livros, esculturas africanas, ou de qualquer pais oriental.   No salão tinha em cima da lareira que era enorme, um grande buda deitado, recoberto de ouro, tinha levando três anos sendo restaurado, pois além de imenso, estava um desastre quando ele comprou.

Sua própria biblioteca, tinha uma parte escondida, era aonde ele guardava os manuscritos, todos os que ele tinha estudado, bem como alguns misteriosos.  Tinha estudado línguas antigas na Universidade de Paris.  O pai reticente quando ele se decidiu, depois precisou dele para seus negócios.  Além do aramaico, grego, árabe antigo, uma série de outras línguas do qual se utilizavam poucos povos.   Se não estava trabalhando, estava estudando.  Os óculos, sempre colocados na ponta do nariz fino, como que cortado a faca.  Diziam que tinha uma figura diferente, os olhos eram de um azul acinzentado, pequenos, quase parecia de japonês, a boca era sensual, os cabelos sempre largos desde sua juventude, de loiro agora eram cinzentos, além claro de sua boa altura.   Andava impecável, diziam que mesmo quando ele andava de calças jeans, seu casaco ou a camisa eram elegantes.  Mal sabiam que sua roupa era antiga, odiava comprar roupas novas.  Tudo que estava no seu armário, ou tinha herdado dos irmãos, ou visitado seus armários, visitado quero dizer roubado deles, uma gravata, um casaco, ou qualquer coisa que gostasse.    Estavam acostumado, pois o fazia desde garoto.  Como era o menor deles todos, sua mãe quando ele queria alguma roupa nova dizia que olhasse os armários dos irmãos.  

Uns diziam que parecia um Dândi, por essa maneira de se vestir, mas não queimava as pestanas com isso, entrava no seu closet, ia catando tudo que tinha a mão. 

Tinha uma antiga empregada, que cuidava do apartamento, sabia que lhe estava vetada a entrada na Biblioteca.   Uma vez por mês, ele mesmo aspirava os tapetes, bem como limpava ligeiramente os livros que estavam em cima das duas grandes mesas de trabalho.  Ali as únicas coisas modernas eram seu laptop, uma torre de disco duros, que estavam ligados a outra torre que fazia as copias na traseira de um dos armários secretos, bem como uma cadeira com rodas dessas modernas.

O resto tudo tinha mais de 100 anos ou muito mais.  Uma parte da biblioteca, tinha herdado de seu pai, que tinha herdado do avô, assim de geração em geração.   Na repartição, cada um ficou com a parte que lhe interessava. Isso lhe deu espaço para aumentar sua própria coleção.

Os antiquários de quem compra livros antigos, eram conhecidos seus, alguns lhe contavam suas vidas, as vezes reclamavam, que cada vez menos gente se interessava por alguma edição antiga, ou por determinado assunto, ou escritor de quem nunca tinham ouvido falar.

Ele estava atrás de um manuscrito, que atualmente estava nas mãos de uma família que repartia a herança, a coleção tinha pertencido a um Monsenhor D’ Obriny  Cascot, um velho rabugento, que lhe permitiu uma vez pesquisar esses manuscritos em nome do Departamento de Cultura, mas ele estava mais interessado em três pequenos livros, que um dos ancestrais tinha feito uma leitura a parte depois de ter seguido o dito manuscrito.    Monsenhor Cascot, não sabia da importância disso, quando quis comprar todo o lote, ao ser para ele mesmo, já que o ministério não via nenhum interesse, se negou.    Pensou consigo mesmo, esse velho vai morrer dentro em breve, aí compro dos herdeiros.   Sabia que os mesmos estavam apertados, seria a primeira coisa que fariam.

Só não sabia que eram muitos herdeiros, até que chegassem a um acordo, ele já tinha desistido do mesmo.

A chamada era de um dos antiquários que tinha avisado, que qualquer coisa que chegasse dessa família lhe interessava, não mencionou o assunto.                  Era o dono de uma galeria de antiguidades na Galerie du Passage a cotê du Palais Royal.   Sabia que estava sempre sendo observado, ou era uma obsessão sua, isso era uma incógnita.

Se arrumou bem displicente, como se fosse dar um passeio, tomou seu tempo, saiu de casa com a gabardine aberta, mostrando suas calças jeans mais antiga, desbotada naturalmente pôr o uso frequente, além da idade da mesma, era uma original Lee, uma das primeiras a chegar a França das mãos de seu irmão mais velho.   Uma camiseta, por cima, uma gola cisne, uma echarpe que combinava com seu casaco de quadros, um tanto exagerado, nos tons do jeans, negro, vermelho, fechou a gabardine por causa do vento que agitava seus cabelos compridos, gostava disso, lhe dava como um movimento.  Parou para tomar um chocolate quente num bar que frequentava toda a vida, foi descendo a Rue de Bonaparte, olhando as galerias de arte, parou para falar com um conhecido,  atravessou a Pont des Arts, ali lhe pediram para tirar a fotos com o celular de um grupo de japoneses, aproveitou para olhar para trás se estava sendo seguido.

Passou por detrás do Louvre, atravessou a rua de Rivoli, andou até a Rue de Marengo, entrou por ela, foi como em direção ao seu antigo trabalho, mas seguiu em frente, subindo a Rue Croix des Petits Champs, apressou o passo pois começava a chover, entrou como para escapar da chuva na Galerie Véro-Dodat, pois o Galerista tinha outra loja ai, bem como um armazém no andar de cima, subiu rapidamente as escadas, quase se colando, observou se alguém entrava nesse momento na passagem.

Galerie Véro-Dodat, era uma passagem antiga, cheia de lojas, galerias de arte, ou de antiguidades.  Tocou na porta três vezes.  Lhe abriu seu amigo de sempre, venha, venha, olhar essas maravilhas, em cima de uma mesa, estava cheia de caixas.  Foi examinando, nada que lhe interessasse, na última finalmente encontrou os três cadernos negros de couro, amarados juntos com uma fita laranja, quase soltou um suspiro.   Lhe perguntou de vários pequenos livros, se não tinha um rolo antigo, que era o manuscrito original.   Não esse não quiseram vender, o doaram ao Ministério de cultura, para que abaixassem a transferência da herança.

A ele não interessava o manuscrito, esses livros explicavam que o próprio manuscrito, com certeza o chamariam, pois estava escrito em sumério.   Não soltou nem um pio, negociou os livros, chegou a um bom preço, uma mixaria, se descesse por dentro da loja, chamaria muita atenção, observou que não havia ninguém caminhando no andar de baixo, foi andando olhando as galerias como quem não quer nada, quando parou na frente da que tinha estado antes no andar de cima, quase dispara seu coração.   O idiota tinha colocado na vitrine tudo que lhe interessava. Respirou fundo umas três vezes, abriu a porta, foi pegando cada um com cara de interessado, olhando o preço.  Até nisso o sujeito era um idiota, não sabia o valor daquilo tudo.

Primeiro um livro mínimo, com capa de couro bastante sovada, dentro era um manuscrito de um artista famoso, com os desenhos que mais tarde seriam expostos em vários museus do mundo,  num total, tinha uns dez livros pequenos na mão, viu que do lado de fora um casal olhava o que estava fazendo, fez como que não notasse, pegou um livro que não tinha nenhum valor, o colocando diante dos outros,  levou tudo ao caixa, pagou, lhe deram uma bolsa, já com os três livros que o outro tinha descido na frente, usava uma bolsa grande, mas não lhe cabia dentro.  Ainda ficou olhando alguma coisa, para ver se o casal fazia algum movimento.   No momento que entraram, aproveitou saiu, mas os escutou perguntar se ele tinha os livros de Monsenhor D’ Obriny Cascot, case saiu correndo, mas andando rapidamente para a outra saída, pois sabia que era uma rua no sentido contrário, justo parava um taxi, o fez levar-lhe até a Sorbonne, desceu do taxi, entrou num café que frequentava muito com os amigos, sentou-se tomou um café tranquilamente observando o movimento, encontrou dois amigos, que iam mais ou menos em direção a sua casa, antes colocou na sua bolsa os livros mais importante, deixando somente na bolsa da galeria, o que não tinha valor nenhum.

Chegou em casa sem incidentes, antes de entrar prestou atenção, pelo horário, não havia sequer um turista na rua.   Abriu a porta do apartamento, fechou todos os fechos de segurança.

Correu para a biblioteca, estava tão excitado, que quase jogou os livros que estavam em cima da mesa no chão.  Foi tirando da sua bolsa os que tinha comprado, abriu o pequeno, era um mimo, começou a rir as gargalhadas, pois o preço era irrisório, tratava-se de um minúsculo manuscrito, explicando uma das melhores obras de arte do mundo.  Olhou os pequenos desenhos, que falavam do significado de cada parte que compunha o retrato.  Quase beijou o pequeno livro, os outros dois, eram como filigranas do século 10, o filho da puta tinha lhe cobrado 20 euros pelo mesmo, na mão de um colecionista, poderia vender por vinte milhões. 

Agora o momento clave, respirou fundo, abriu o primeiro dos três livros de couro, ali se começava a contar a história do manuscrito.  A viagem ao fim do mundo, numa época que não se tinha ideia do que existia realmente no Oriente Médio.  Folheou o segundo, depois o terceiro, no final do segundo até quase o final do terceiro se percebe de quem escreveu a mão tremula.   Porra, terei umas noites maravilhosas, com esses meninos, se referia ao livro.

Resolveu antes de guardar, olhar o livro que não lhe interessava, quase teve um enfarte, pois dentro dele dobrado estava o manuscrito original.  Ficou embasbacado, pois se alguém procurava esse livro, que não valia nada, talvez por isso tivesse escondido o manuscrito ali.

Deixou o livro de fora, mas foi até a estante, puxou um livro, imediatamente, se abriu a porta que escondia o que estava atrás.   Abriu um cofre na parede, colocou tudo dentro. Observou a rua pois ali tinha um sistema de vigilância que funcionava 24 horas do dia.  Uma de suas manias, queria ter segurança.  Nada demais.

Quando fechou a estante, viu no celular uma chamada do galerista.  O chamou por outro celular guardado na gaveta.   Este disse que o casal estava atrás do livro com a capa como um tecido que ele tinha levado, estavam dispostos a pagar qualquer preço.   Perguntou se tinham deixado o nome.

Sim me deixaram um cartão, disse um nome em italiano, agora se lembrava do sujeito, por isso tinha sem querer ficado nervoso quando o viu do outro lado do vidro na galeria.   Esse sujeito coletava material para a biblioteca do Vaticano.                 Devia ter combinado com alguém que colocasse dentro o manuscrito, que ele compraria.

Na sua cabeça, surgiu uma ideia que lhe daria tempo de resolver a questão.  Disse que o tinha dado de presente a um amigo, com quem estivera tomando café, que tinha se interessado pelo mesmo.   Uma lastima, agora já não estava em seu poder.

Teria que andar com pés de chumbo, pois esses com certeza iriam atrás dele. Mas examinou melhor o livro, viu que tinha uma parte, na contra capa, solto, com um abre cartas foi abrindo com cuidado, até que viu um papel dobrado ali.  O retirou com muito cuidado, pois era um papel frágil.   Era um código.   Agora entendi, esse livro devia ter sido um livro de códigos, tornou a abrir o mesmo, pegou a primeira página, seguiu o código, decifrou uma mensagem que devia ter sido usada pela resistência francesa.

Abriu a gaveta outra vez, tirou o celular, que era de pré pago, chamou um seu amigo que era especialista nesse tipo de livro, ao cheira-lo se sentia um perfume antigo de mulher.  Normalmente funcionava assim, era um livro de romance feminino, com uma capa sugerente, mas usava-se para passar mensagem.

Lhe explicou o que tinha acontecido.   Mande-me teu filho vir buscar.  Seu amigo vivia a dois quarteirões dali o rapaz era atlético, com certeza saberia se defender.

Mesmo assim, colocou o livro dentro de uma embalagem de chocolates que estavam na cozinha, numa bolsa de supermercado.

Viu quando ele chegou, que chamava a campainha, olhou se não estava sendo seguido, desceu rapidamente, lhe entregou a bolsa, tinha um vinho junto, sabia que seu amigo apreciava.

Subiu outra vez, agora esperaria a noite para se esconder, trabalhar.

Mal podia conter a sua ansiedade, talvez fosse isso que lhe tivesse estragado quando negociou com o Monsenhor, deve ter desconfiado de alguma coisa, mas reconheceu que não sabia o valor dos três livros de couro, pois além de não entender a letra, não conhecia a língua.

Foi olhar a geladeira, para ver ser tinha alguma coisa para comer.  Merda nenhuma, pensou tinha duas opções, uma era ir comer num lugar que ia muito, aproveitar passar pelo supermercado, comprar coisas para comer de noite, bem com um suplemento de pães do Paul’s, ai teria inclusive para o café da manhã, olhou para ver se tinha café, o que precisava para o dia seguinte.

Foi até a Rue de Buci, comeu tranquilamente, depois foi ao supermercado comprou o que queria, em seguida ao Paul’s.   Voltou para casa, parando para comprar papel para escrever, isso fazia sempre.   Tinham tentado forçar a porta de baixo.  Mas claro, era impossível, era das antigas, super reforçadas, era mais fácil entrar pela outra rua que dava acesso aos apartamentos dos irmãos, mas claro havia que saber andar no labirinto como ele chamava o corredor, pois dava para os outros apartamentos.

Teria que entrar ali de qualquer jeito, resolveu fazer uma coisa, chamou a polícia, dizendo que estava na rua, parecia que tinham tentado forçado a entrada de sua casa,  pediu para verificarem as câmeras de vídeo da rua, para saber se tinham visto.  

A resposta foi imediata, sim, pegamos a pessoa, se quiser, pode vir até aqui para ver quem é.

Foi até a delegacia, pois se entrasse em casa, estaria contaminando qualquer prova.  Não deu outra era o homem que tinha visto na livraria. 

O que foi que ele disse?

Bom alegou que se enganou de casa, que não é daqui, quando forçamos muito, disse que deveríamos chamar a arquidiocese de Paris, justo quando o senhor chamou, por isso esperamos.  

Esse sujeito é do Vaticano, caça livros antigos, eu devo ter comprado hoje algum que ele quer, por isso estava tentando entrar em minha casa.

Posso falar com ele?

Entra junto comigo.

Ele entrou junto com o inspetor, começou a falar com o outro em italiano, porque tinha tentado invadir sua casa. Agora sabia que a mesma era bem vigiada.

A cara do outro, era uma incógnita.   Lhe perguntou pelo livro?

Qual dos livros, hoje comprei mais de dez livros?

Um com uma capa de tela.

A o com um código?     Não é, está bem protegido, virou-se para o policial, creio que é um livro que se usava de código com os que defendiam nossa pátria na época da guerra.   Por isso passei para uma pessoa especializada, para saber se era usado pelos alemães, ou pelos franceses.  Depois o enviarei para o Ministério de Cultura.

Só tinha isso no livro?

Sim, por que devia ter alguma coisa mais?

O homem se perturbou, disse que não, filhos da puta, me enganaram.  Pediu que fizessem a chamada.  Soltou uma quantidade de palavrões imenso em seguida.

Voltou a perguntar, o que deveria ter dentro do livro?

Isso não lhe interessa, fique com aquele seu livrinho de arte que já vale bastante.

Pediu para falar com o antiquário, para saber se tinham feito alguma coisa com ele.

Este contou à polícia que tinham revisado toda a caixa que ele tinha comprado dos herdeiros, perguntavam por um manuscrito, lhes disse que os manuscrito tinham ido todos para o Ministério de cultura.  Que eu não tinha nenhum, furioso virou a caixa no chão para ver se não estava escondido, quando ameacei chamar a polícia, foi embora.

Bom o deixaremos de molho aqui, avisaremos a Interpol, ela que avise a arquidiocese, pois se um sujeito vem a França procurar, fazer escândalos, em nome da Santa Sede, que os encarregados disso, o fritem. 

Um carro da polícia o levou a casa, tiraram fotografias de porta, embora não tivesse tantos estragos, pois a mesma era como de um castelo. Iria mandar arrumar, quando chegou ao seu apartamento, viu que o telefone fixo tocava.   Era o antiquário, lhe disse que o melhor que ele fazia, era sair da cidade, isso era uma coisa do Vaticano com os herdeiros.   Mais seguro não estar no meio disso.

Creio que lhe prometeram um manuscrito, que devia estar escondido num livro.

Por isso sacudiram todos os livros para ver se caia algo.   Mas eu lhes disse que não vi papel nenhum em nenhum livro.

Ele ficou quieto.  Faça o que te digo, avise somente a polícia para aonde vais.

Ele tinha comprado os livros sem nota fiscal nenhuma, se a Interpol aparecesse, ele mostraria mais livros do que podiam imaginar, passou os olhos pelas paredes.  Não havia nenhum espaço nas estantes, todas fechadas com portas de vidros.  Acessou a torre de dentro do armário, viu como o homem chegava sozinho, tirava umas gazuas da cintura, tentava abrir a fechadura, o carro da polícia chegando.

Guardou o que tinha comprado para a noite, se jogou numa chaise longue, para descansar, folheando um livro que estava traduzindo do aramaico, para o francês atual,   O livro era de contos, muito antigo, o estava fazendo para uma editora que o tinha comprado.

Mas sua cabeça estava nos que estavam guardados.  Acabou dormindo, fez uma siesta longa.

Esta noite acabou o livro de contos, num contexto generalizado, não era um trabalho complicado, restava saber como a editora ia apresentar o livro, pois este tinha belíssimo trabalho de gravuras, detalhando cada capítulo, uns desenhos seguiam nas páginas interiores. Mas claro isso não era um problema seu, ele só estava fazendo a tradução.

Se lembrou a anos atrás quando editou um livro a briga que tinha tido com os editores, que queriam usar uns desenhos baratos no mesmo.  Acabou trocando de editora.  Era um livro usado por curiosos, por se tratar de uso do desenho que simbolizavam a história contada.

Quando o trabalho só era traduzir ele lavava as mãos.  Tinha visto recentemente uma história de Sherazade, com desenhos parecidos com os de Disney, um horror, alegavam que era para atrair publico jovem.   Uma merda pensou.

Abriu o livro, pequeno, foi direto a página final, para ver se tinha alguma assinatura, A.D. era o que ele pensava, viu que podia tirar a capa do livro.  Encontrou dos pequenos papeis do tamanho do livro, meio dobrados, trouxe uma imensa lente de aumento, iluminada para dar uma olhada.  Era um alemão arcaico.   Conseguiu traduzir o texto depois de várias consultas, era uma pequena carta de amor, A.D, dedicava esse texto ao seu amado.   Porra, nem sabia que ele tivesse uma relação assim.

Fez o mesmo na parte dianteira, ali não tinha nada, com a lente, começou a escrever numa folha de papel, o texto original.  Talvez por isso não chamasse tanta atenção era um alemão muito antigo, quase nenhuma palavra se usava hoje em dia, consultou, devia ser da região de Nuremberg, aonde Dürer tinha vivido, seu nome que ninguém usava corretamente hoje em dia era Albrecht Dürer,  falava de um grande amor, que lhe tinha inspirado para fazer seu autorretrato aonde o fundo pela primeira vez não interessava, o mais interessante ele vai descrevendo a si mesmo, meus olhos quando te veem querem saber a realidade dos teus sentimentos, se são como os meus, a boca esta mais carnosa, como se fosse beijar uma pessoa, a posição dos dedos, estou sereno, te esperarei sempre. É como um mensagem, isso descobre nas páginas seguinte, como se fosse um bilhete, venha te espero. Quero que o veja comigo, será para sempre uma lembrança do meu amor por ti. A partir dessa página, é como se fosse um oratório, ou pequenas poesias que falam de amor. No final a desilusão ao saber que a pessoa amada está morta, numa batalha.

Busca ardentemente alguma coisa que fale de sua viagem a Itália, das pessoas que pode ter convivido ali, mas não encontra nada.  De repente, vê uma simples menção, de que ele chegou acompanhado de um militar, que basicamente o acompanhou a viagem inteira dentro de terras italianas.   Nada mais.

As ilustrações que encontra desse autorretrato, é como se faltasse algo.   Resolve escrever essa mesma madrugada a ALTC Pinakothek de Münich, para saber se pode estudar o quadro, descobri algo interessante a respeito desse quadro.  Agora será esperar pelo resultado.

Faz um scanner de cada folha, o desenho dos olhos em miniatura, como ele imaginava estarem no quadro, para te olhar sempre, estava escrito embaixo.

Depois, lhe vem na lembrança um outro autorretrato, de 1505, em que se desenha nu, descarnado, com cara de infeliz, talvez frustrado, tem logica, escreve a Abadia aonde está.

Agora paciência para esperar respostas.

Finalmente, as 8 da manhã se cai rendido na cama, para dormir. Deixa ao celular sem som, bem como o WhatsApp. Necessita recuperar-se dessa noite insone.  Quando desperta por volta do meio-dia, pois a campainha da porta embaixo não para de tocar.   Atende, é a polícia, na pessoa do inspetor que o tinha chamado no dia anterior.   Está furioso, pois a Interpol tinha soltado o sujeito por estar ligado ao Vaticano.    Alegam que o mesmo é um pesquisador.

Filhos da puta, solta, vai fazer um gesto de desculpa, mas o inspetor concorda com ele, sempre é assim, ficam impunes.   Odeio tudo relativo a igrejas, seja qual for.

Justo nesse momento lhe chama diretamente de Münich, pede desculpa, faz um gesto para o inspetor sentar-se, começa a falar em alemão.   Diz que está interessado em analisar o quadro, bem como se possível, passa-lo por um scanner.   Lhe perguntam se encontrou o livro de estudos desse quadro.  Diz que sim, que posso lhe mandar uma cópia ampliada do mesmo.

Marcam para três dias depois, pois necessitam retirar o quadro, bem como conseguir o scaner com os restauradores.     

Quando desliga, diz que justo quando comprava esse livreto, diz a medida do mesmo, foi quando vi o italiano me olhando do outro lado da vitrine.  Não sabia se era esse ou qualquer outro dos que comprei.  Mas era impossível ter alguma coisa dentro.  É minúsculo.

Posso perguntar de que se trata?

Sim, é sobre um autorretrato de Albrecht Dürer, ou Alberto Durero, que pintou-se a si mesmo em vários quadros, este talvez seja o único que não tem fundo, é mais um retrato que creio que pensava em mandar para uma pessoa que ama.   Depois de detalhar o mesmo, o que significa cada detalhe, umas quantas poesias, ao final parece que tem a informação que a pessoa morreu numa batalha.

Então trata-se de outro homem, nesta época devia ser terrível.

Não sei, creio mesmo que quase todos os pintores dessa época, tinham romances com seus jovens aprendizes, ou os que posavam para eles.

O inspetor começou a rir, que pouca vergonha, isso tudo é de inveja, já queria eu ter um harem.

Assim sem mais se declarava abertamente gay.

Sua cara de surpresa deve ter feito que o outro notasse. 

Apesar de saber seu nome, você não sabe do meu, Alcides D’ Orbrey, apesar do nome não passo de um inspetor de polícia que ama a arte.

Disse que não tinha tomado o café da manhã, que tinha acabado de se levantar, trabalhei a noite inteira.  O convidou para o acompanhar a cozinha, ele foi admirando a casa.

Se sentou na mesa da cozinha como uma pessoa normal, ficaram conversando, acompanho sua carreira a muitos anos, tenho o seu livro.   Alguns que traduziste, sei que fala várias línguas antigas.

Meu pai dizia suspirando que era um talento desperdiçado, por ter estudado uma coisa que já não interessava a ninguém, mas sobrevivi a vida inteira, ganhando o pão de cada dia, ou fazendo traduções ou convidado para alguma escavação.

Sinto uma ponta de inveja de ti, fui obrigado a estudar direito, mas odiava, acabei entrando para a polícia, depois de estar anos na unidade especial do exército.  Me sinto estagnado, embora tenha um bom cargo nessa delegacia, odeio o meu trabalho, por vezes é frustrante.

Lhe entregou uma xicara de café, mostrou o açúcar, mas ele tomava só como ele, gostava de um café bem forte, principalmente de manhã.

Pelo que vi, tua coleção de livro é imensa?  

Sim, quando dividimos o edifício, fiquei com essa parte, que tinha a biblioteca de proposito, cada um de nós escolheu os livros que gostava, eu até gostei, pois assim pude colocar todos meus livros, hoje já necessitaria de outra sala, pois isto ficou pequeno.

Além da galeria pequena no térreo.  

Achei muito interessante, o cartaz que tem, o número do telefone, atendo se for possível.

Sim, tive uma pessoa trabalhando fixo na galeria, mas queria me controlar, uma coisa que não suporto.   Prometia que atenderia alguém pessoalmente que estava interessado em alguma escultura, eu perdia a paciência, pois ao pé da mesma estava escrito, não esta a venda.  Na verdade, uso mais para mostrar as obras, não vivo disso, é a minha coleção particular, que fui trazendo de vários lugares que estive.

Um dia desses me mostra, eu tenho uma pequena coleção, mas tudo de esculturas pequenas, se fossem grande, teria que viver em outro lugar.   Meu apartamento é minúsculo com relação a este.    Para quem passou tanto tempo numa unidade especial, aonde nunca sabes aonde estarás, na hora de montar uma casa, é impossível.  Tens metido na cabeça, que de uma hora a outra tens que partir.   Levei muito tempo para me acostumar a vida civil, não podia sequer ter um relacionamento.   Agora que posso, não encontro pessoas interessantes, sem que ele esperasse, soltou, queres jantar comigo essa noite.   Não estou de serviço, queria te conhecer.

Ficou sem ação.  Parou pela primeira vez, ficou olhando para o homem que estava na sua frente. Tinha um cabelo quase rente a cabeça, um olhar penetrante, um nariz aquilino, uma boca muito sensual, uma cicatriz atravessava o rosto no lado direito.

Ia dizer que porque não agora, mas o celular dele tocou.  Falou rapidamente, depois se desculpou tenho que ir embora, precisam de mim.

Tirou um cartão, sorriu passando a língua pelos lábios, aonde jantamos?

Me chama quando termine o serviço, aí marcamos, conforme a hora.

Ficou curioso em conhecer o Alcides, pois em nenhum momento tinha notado nada.  Começou a rir.  Acabou se levantando, fazendo mais um café, bem como um bom sanduiche.  Depois de comer se meteu embaixo do chuveiro, tomou um banho como Deus manda.

Trabalhou o resto do dia, terminando coisas que tinha estagnadas a algum tempo, não queria que nada o interrompesse quando começasse a trabalhar.

Mais tarde falou com seu amigo, para saber como ia a coisa com o outro livro.  Sim era um livro de código.  Alguma mulher que estava ligada a algum oficial alemão, para escutar mensagens, vai até a página 20, depois nada, o mais interessante, é que cada página marca um dia, ou a descobriram não dá para saber o que aconteceu.

O último texto, é de dias antes da partida dos alemães, fala de um que ficou, se escondendo sobre o abrigo do Cardeal da época.  Pelo que vejo, não voltou a Alemanha.

Muito interessante, isso, já falaremos no assunto, amanha podemos marcar de vires tomar café aqui em casa de tarde, assim podemos falar claramente no assunto.   Mas não venha com o livro, fique com ele por enquanto.

Quem seria esse filho da puta, com certeza quem deixou o livro na casa do Monsenhor Cascot, isso ia verificar.

Começou a se questionar sobre o manuscrito, bem como os três livros, podia estar de posse do Monsenhor Cascot, até agora não tinha pensado por essa linha de pensamento.

Quem seria esse alemão.   Na época estava procurando o Santo Grial para salvar o Império de Hitler, será que teria alguma coisa a ver com isso, teria que ler todas as mensagens para saber.

Estava tão centrado nisso, que se esqueceu do jantar.  Foi quando Alcides chamou, a que hora nos encontramos e aonde?

Porra, tinha se esquecido.   Pensou, preciso de um lugar tranquilo aonde se possa conversar, se deu conta que com tudo isso não tinha almoçado.   Marcou com ele no Le Prince Racine, na Rue de Racine, estava perto, ali se comia bem, se podia conversar.

Conhecia os donos, sempre tinha um lugar para ele, de qualquer maneira telefonou, reservando uma mesa para duas pessoas.

Chegou primeiro, ficou conversando no balcão com a dona do local, contando as novidades, fazia tempo que não ia por lá.   Quando Alcides chegou, foram se sentar, puxa passei aqui sempre rapidamente, nunca entrei para comer. 

É um lugar antigo, mas se come bem, podia ter marcado contigo em algum lugar mais perto de casa, mas todos me conhecem demais, cada cinco minutos alguém se aproxima para conversar, impossível ter uma conversa a parte.

Bom, gostei do ambiente, veio a senhora, perguntou o que ele queria comer, carne, peixe ou outra coisa.  O senhor Denis, já me disse que esta com fome, não almoçou, sempre é assim, não se cuida.   Já sei o que ele vai comer.

Ela sugeriu o salmão, está muito fresco, posso servir um Tartar au Saumon, ou um posta, como queira?

Gostei da ideia do Tartar, se vier com uma pequena salada melhor.

Ele tinha pedido uma posta bem tostada, como gostava, além de salada.

Pediram vinho, ia pedir água, mas ela já lhe conhecia bem demais.  Teu vinho preferido bem como água gelada.

Era um vinho que estava ficando cada vez mais difícil, um Muscadet, esse tipo de vinha tinha tido problemas, a última vez que esteve em Toulouse, comprou uma boa quantidade, estava guardado na parte detrás da galeria, embaixo de sua casa.

Bom, gostei do vinho, vejo que tens bom gosto, não só para vestir-se, como para beber, espero que para mais coisas.

Falas as coisas em tom de brincadeira, não sei se devo levar a sério tudo que falas.

A quanto tempo não tens um relacionamento sério?

Uau, isso sim é ser direto, faz realmente muito tempo.   As vezes quando me perguntam o que faço se desinteressam no ato.   Quando estava no ministério, se aproximavam pensando em subir na carreira.   Mas eu cortava logo de início.   Eu podia ter subido puxando o saco, mas nem pensar, tinha bagagem.  Já trabalhava nessa época na Sorbonne, mas me pediram emprestado por causa das línguas.   Agora pedi para voltar a dar aulas, me aconselham pela idade, fico puto quando falam assim, que eu dirija a parte de pós grado em línguas mortas, normalmente são dois gatos pingados, que vão apresentar o trabalho.   Mas me dá via livre para fazer pesquisa que queira.

Pronto, já sabe tudo sobre mim.

Sei nada, mudaste de assunto de romances, para trabalho.

Começou a rir, a verdade é que não tenho muita vida romântica a séculos, vivo para o meu trabalho, as pessoas não entendem.    Imagina amanhã a pessoa me chama, para sair, estou tão enrolado com que estou fazendo, que sou capaz de perguntar quem está falando.

Caralho, eu imagino sim, já aconteceu comigo.

Pois é hoje estava tão enrolado com a historia do tal livro que eles queriam, se trata realmente de um livro de código.  Deve ter pertencido a alguma mulher que passava mensagens para os Partisans, a última mensagem fala que o dito cujo se refugiou na arquidiocese, resta saber agora se Monsenhor Cascot, trabalhava lá nessa época para que o livro fosse parar lá.   Além de saber se essa mulher seguiu viva, me dá mal espinha que não.

Gente, vamos trocar de trabalho, porque tens pinta de mais detetive que eu mesmo. 

Alcides de aonde eres, não tens jeito de ser de Paris?

Não, sou de Albi, vim para cá para servir o exército, mas quando entrei, por como me saia bem nas coisas, me chamara para a brigada, lá fui eu, por mais de 10 anos, rodando o mundo.  Aqui só tinha um quarto no quartel, parava tão pouco tempo aqui, que não valia a pena ter casa, depois entrei para a polícia diretamente como inspetor, o que me causou problemas, porque parecia que tinha pulado a ordem.   Demoraram para entender que tinha experiencia, mas sou honesto, não gosto muito.

Voltei a estudar, mas é quase impossível com os horários que tenho. Como tu, não posso marcar nenhum compromisso, pois se acontece alguma coisa, as vezes mal posso avisar a pessoa.

Ficaram depois desfrutando de um bom conhaque, foram caminhando para sua casa, tranquilamente, o convidou para subir, com um sorriso matreiro, Alcides aceitou, para tomar último copo.  Mas disso nada, acabaram na cama, no final estava sorrindo um para o outro, pois tinha sido muito bom.

Porra, não me enganei, sabia que contigo seria bom demais, ia se levantar para se vestir quando Denis soltou, será que me enganei, vais embora.

Como não me convidaste para dormir, ia.

O arrastou de novo para a cama, ficaram um tempo falando da vida, dormiram abraçados, como queriam.

Despertaram com o celular do Alcides.

Porra logo cedo, num dia que estou livre?

Tinham cometido um crime, tinham assassinado um dos Cascot, talvez o que tivesse vendido o manuscrito para o Italiano.    Que merda logo de manhã, podia ter esperado mais um pouco.

Tomaram café em pé na cozinha, te conto depois o que descubra.  

Acho que tem alguma coisa a ver com o livro do código, ficaram de me trazer hoje as páginas com as mensagens, depois te passo uma cópia, para assim podermos seguir.

Se deram um beijo demorado na escada antes de abrir a porta, não me esqueça senhor Alcides, sei aonde trabalhas, posso ir lá fazer um escândalo por abuso de autoridade.

Foi tomar um bom banho, pois tinha que pensar como ia trabalhar em Münich.

Procurou uma foto do quadro que tivesse boa resolução, acreditava que por baixo da pintura de fundo existia alguma coisa.

Depois de se vestir, deixou uma maleta à mão, para preparar sua bagagem.

Quando Nicolau, o amigo para quem tinha mandado o livro, chegou com os papeis que tinha montado as mensagens, bem como cópia da página original.  Se sentaram com um copo de vinho, lado a lado na mesa, foram analisando os textos.

Logo no primeiro, a mulher dizia, que estava preparando algo muito estranho.  Depois com espaço, dizia que tinha retornado do sul de França, com cara de poucos amigos, que escondia algum segredo.

Pois a seguinte, falava de como a tropa ia se recolhendo, bem como roubando coisas, para levar para a Alemanha, significava uma retirada.

Depois fala dos contínuos encontro com Monsenhor Cascot, que ela representa como uma cruz Cascot, na arquidiocese de Paris.  Nas dois últimas, fala que o coronel, separa livros, algum rolos de papel, que ela não sabe o que é, coloca numa caixa, leva para Cascot.

A coisa acaba aqui, nas páginas seguintes, não há indício nenhum de que tenha tido continuidade.  Se este livro estava entre as coisas de Cascot significa que ou ela morreu ou desapareceu no mapa.  Teríamos que falar com alguém da resistência.   Mas o complicado é que não sabemos quem é o Coronel.   Não menciona seu nome, a não ser que ao mesmo tempo estivesse vigiando Cascot.   Teríamos que saber se era colaboracionista, ai sim podíamos ligar uma coisa na outra.

Me dê o nome inteiro de Cascot, assim posso falar com meus conhecidos da resistência que tem um vasto arquivo sobre isso, talvez se descubra quem era o coronel.                     Nicolau era bem relacionado, por justamente ser um pesquisador dessa época.    Os dois tinham se conhecido na Sorbonne, eram professores lá.  

Telefonou, para um conhecido, lhe falou o nome do Monsenhor D’ Obriny Cascot.    

Lhe responderam em seguida, era uma pessoa negra tinha sido expulso dos jesuítas, por suas ideias racistas, foi antes mesmo da invasão um colaboracionista, seu auge justamente na arquidiocese foi nessa época, escondeu vários na Paroquia Des Blancs Manteaux.      Mais tarde Monsenhor Cascot é expulso daí por seu comportamento.      Ficou rico de repente, não se sabe como, se fala que doou aos Nazistas uma série de manuscritos que estavam depositados no arquivo da Igreja. 

A última ordenação do pequeno seminário que funcionava junto a igreja, ordenou, justo depois da guerra, contra a vontade dos outros seminaristas um alemão, que hoje em dia é Cardeal.

Agora a coisa estava tomando forma.  Resta saber agora, que cargo o cardeal ocupava durante a guerra.

Sabendo disso, voltamos a uma mensagem em que ela fala que ele tem um comportamento estranho, talvez insinue que não mantinha relações sexuais.

Procuraram pela internet, dados sobre o cardeal, que agora ocupava um cargo alto na cúria romana.   Depois da Guerra, retornou a Alemanha, já como padre de uma paroquia marginal, fez um trabalho exemplar no mesmo.   É como se não houvesse nenhum registro anterior a sua ordenação como sacerdote.

Pode estar aí o problema, ou mudou de nome, porque se não existe um registro antes, pode ser que Cascot tenho lhe conseguido documentos falso.

Porque esse homem depois de um certo tempo, do final da guerra é afastado de seus cargos, mas mantendo seus títulos?

Alcides chamou justo nesse momento.  Contou que tinham assassinado o tal herdeiro de Cascot, com muitas apunhaladas, o mais interessante, lhe desenharam uma cruz na costa, com o a mesma arma que o matou.

Se podes passe por aqui, que temos um elo de ligação com isso, o porquê.

Pelo menos não tinha nada a ver com o manuscrito, o que buscava pode ser justamente isso, esconder o passado do Cardeal.

Alcides chegou, lhe apresentou a Nicolau, contou o que tinham descoberto.   Pode ser que o herdeiro tivesse recebido dinheiro para lhe passar o tal livro, bem como o código, mas o raro é que não fala em nenhum momento o nome da pessoa.

Contaram toda a historia que já tinham descoberto, de Monsenhor Cascot, se ele basicamente foi expulso, por ter ajudado os alemães.  Não conseguimos, encontrar nada a ver com o nome atual do cardeal.

Cascot, viveu muito bem em sua casa, eu quando fui visita-lo, fiquei impressionado, pois estava se livrando de tudo para seus sobrinhos.  O código estava escondido na capa do livro.  Talvez seja medo do cardeal, ser ligado a esse assunto do passado.

Resta saber se este que morreu, fez algum contato com o Vaticano, ou com algum número de Roma.  Encontraram seu celular?

Nada, alguém vasculhou a casa inteira, teve tempo, pois a hora da morte, é mais ou menos as 10 da noite, só descobriram o cadáver agora de manhã.                    A pessoa teve muito tempo para procurar.  Não existe nenhuma câmera nas proximidades da casa.

Resta saber se o sujeito que é o investigador do Vaticano, embarcou mesmo para Roma, se acionas a Interpol, a mesma vai deixar passar por causa que já conhecemos.

Alcides foi embora, para pesquisar essas coisas, na saída lhe disse que era seu Watson, que lhe estava ajudando.  Devo vir de noite, ou pensas trabalhar?

Tenho que me preparar para ir a Münich, viajo amanhã, cedo, seria agradável despedirmos essa noite. Lhe deu um beijo demorado.

Nicolau estava rindo, esses cochichos, parece coisa de amantes. 

Ficamos rindo os dois.  Contei o que ia fazer em Münich, se for real o que penso, poderei ganhar um bom dinheiro vendendo o livreto, ou bem para o museu ou para um colecionista.

Nicolau, se despediu, dizendo que continuaria a busca, junto aos seus conhecidos desta área.

Alcides veio de noite, trazendo uma garrafa de vinho, comeram algumas coisas, ficaram conversando, ele já tinha preparado sua bagagem. 

O assunto era o tal assassinato, tinham tido tempo de limpar a casa a consciência, nem impressões digitais do morador, existiam.  Era como se uma doméstica tivesse se dedicado a limpar a casa a consciência.

Vingança, pelo livro, ou em que tinha se metido esse herdeiro, os outros alegavam não saber de nada, eram três primos, que não se relacionavam entre si.   Inclusive alegavam conhecer muito pouco Monsenhor D’ Obriny Cascot, o mais próximo a ele, era justamente o assassinado.

Foram para cama, fizeram sexo, eram dois adultos, com vivencias dispares, mas se encaixam entre si.

No dia seguinte de manhã o levou até o aeroporto de Orly, para embarcar a Münich.

Foi para o hotel reservado, em seguida para o museu, se identificou, o levaram ao gabinete do diretor com quem tinha falado.

Temos tudo pronto, mas se sentaram mostrou a eles as ampliações, falou do pequeno que era o manuscrito, como um pequeno livro, de não mais de cinco por dez centímetros de altura, o que ele estranhava, era o texto, os pequenos desenhos que mostravam um fundo original, diferente do quadro.  Quando ampliei a foto mais nítida que encontrei, vi que há alguma que outra diferença no fundo liso.

Foram os dois olhar o quadro que estava numa sala especial, dedicada a restauração. Com as lupas puderam ver que sim, havia como uma textura no mesmo.  Os técnicos começaram a trabalhar.   Depois de retirada a moldura, encontraram preso em uma lateral, entre a tela, a madeira da moldura, um papel dobrado. Era tão antigo que dava medo abrir, podia se romper, chamaram imediatamente o técnico em trabalho de papel, esse colocou na bolsa, para levar para abrir o papel.   Começaram o processo de scaner, na primeira passada se via, realmente duas construções.  A primeira parecia como cobrindo a parte traseira da cabeça, o Duomo da Catedral de Florência, o outro a torre inclinada de Pisa, claro as duas construções era muito anterior ao quadro, sobre a viagem do pintor se falava que tinha parado nesses dois lugares para apreciar as obras arquitetônicas.

Mais duas ou três passadas do scanner, isso ficou confirmada, bem como por baixo do rosto como uma caveira, resolveram escanear mais profundamente essa parte. Era como se a figura estivesse envelhecida.   Pensou no autorretrato em nu do pintor, foram buscar uma foto, realmente parecia a mesma.   Seria então que esse quadro não era o original.

Em seguida veio o especialista em papel, tinha aberto, o papel ainda estava húmido, por isso tinha feito uma foto, fizeram a ampliação do mesmo, era a mesma letra.  Sentou-se para fazer a tradução.     Fiquei com uma cópia, já que não tenho nenhum desenho do teu rosto amado, estava datado da mesma época do autorretrato em Nu.   Então esse não era um original, o quadro original deve ter chegado ao seu destino, mas aonde estaria, já ninguém sabia quem era a pessoa destinada.

O diretor do museu estava atônito.  Não podiam tirar a capa de pintura que cobria o fundo, com o risco de adulterar o que as pessoas vinham ver.  O jeito seria pesquisar, para saber quem era o destinatário do quadro.

O pouco que havia sobre ele estava em Nuremberg, marcaram de no dia seguinte irem os dois até lá.

De noite falou com Alcides, contando que tinha se metido numa enrascada, imagina, a séculos, que dão como um original, agora descobrimos que esse que está no museu, é uma cópia feita pelo próprio autor.  Era tudo um pouco louco.  Além de ter sido pintado posteriormente, havendo por debaixo um estudo para outro quadro.

Não te digo, terei que passar o papel de Sherlock Homes, para ti, ficando com o de Watson, riram os dois.  

Alcides ainda contou, estamos estagnados, não há indícios que o italiano saiu da cidade, bem, como a Interpol não nos ajuda, ao contrário, cria problemas, se eles liberaram o homem, qual o problema, estiveram no lugar do crime, tampouco seus especialista encontraram nada.   A não ser a porta dos fundos, que já sabíamos, por onde entrou a pessoa.

Não posso falar no resto, com o risco de irem atrás de ti, do Nicolau.  Temos que esperar mais um pouco para ir por este lado. 

Depois falou com o Nicolau, tudo que encontrei, foi justamente isso, uma das mulheres, estava seguindo uma pista, que envolvia o Monsenhor, que ele estava envolvido em venda ilegal de objetos da igreja, no caso manuscritos que falavam no Grial.

Ele estava tranquilo, pois o manuscrito que estava com ele, tinha a ver com algo sobre Maomé, não com Jesus.

Acreditava cada vez mais na historia sobre o tal cardeal Alemão.

Em Nuremberg, depois de pesquisarem, descobriram quando muito que em Florência, tinha conhecido uma família importante, que esta lhe fez acompanhar por toda cidade, além de Pisa, por um Capitão de sua guarda, mas em nenhum momento menciona nomes.  Esse mesmo o acompanha a Roma.   Apenas numa crônica da época se fala da sombra que acompanha o pintor por todos os lados, no caso o militar.   Família importante dessa época eram os Médici, mas não constava nenhuma obra do pintor alemão em suas coleções.  Teria que se ir a Itália para saber.

Disso se encarregaria a direção do museu, com os da Itália, iriam pesquisar a respeito.  Queriam saber quanto ele queria pelo pequeno manuscrito?

Espero uma oferta do Louvre, mas vocês podem oferecer, claro darei prioridade, porque o quadro está aqui.

Já lhe faremos uma oferta.  Nesse dia, recebeu uma chamada do Alcides, tinham tentado entrar na galeria fechada, mas novamente a polícia que estava de sobre aviso, correu, não aconteceu nada, apenas conseguiram abrir a porta.  Desta vez foi uma mulher, talvez a que você, disse estar junta com o Italiano.

Ele conseguiu tomar o último voo, para Paris, Alcides o foi buscar no aeroporto, depois de um bom beijo, tomaram rumo a sua casa.

Realmente tinha um carro de polícia estacionado na frente da galeria.   O que tens atrás da porta, que impediu que a pessoa entrasse.  

Venha, vamos descer por dentro, mas antes quero verificar a minha biblioteca.  A porta estava fechada como tinha deixado, se alguém tivesse aberto ele saberia.

Entraram no corredor que levava aos outros apartamentos, numa porta pequena justo no final, se descia uma escada que dava a um pátio, deste se entrava por detrás na galeria.

Acendeu as luzes, na parte do fundo, era mais uma adega, ali estavam seus vinhos preferidos, passaram por uma sala, que estava cheia de esculturas de todos os tamanhos, de vários lugares do mundo.  Minha coleção particular, nada aqui vale demais, talvez valha pela diversidade.

Na parte realmente da galeria, que era pequena, só o vidro da vitrine, chamava atenção, tinha uma rachadura, a porta estava forçada, mas quem o tinha feito, não sabia que na parte de cima, bem como na debaixo, tinham duas barras grossas de metal, seria quase impossível abrir essa porta sem um grande escândalo.

Revisaram a da entrada de sua casa, estava igual, nada demais.

Bom fico tranquilo, pelo menos não levaram nada.  Sabe o que vou fazer, o galerista me passou o número do celular da pessoa, vou chamar.  Vou dizer que o código, bem como o livro estão em poder da polícia cientifica, já encontraram o nome de uma pessoa importante do Vaticano nele.

Vamos ver o que acontece.   Atendeu uma voz de mulher muito modulada, perguntou quem lhe tinha dado esse número, ele foi direto ao assunto, falando em italiano, vocês forçaram a entrada em minha casa duas vezes, eu avisei que não tinha o livro, o mesmo estava sendo decodificado, já sabemos através da sociedade dos Partisans, que uma mulher espionava para eles, um coronel, que mais tarde virou cardeal, bem como o Monsenhor Cascot.   O livro servia para ler as mensagens, isso já foi feito está em mãos da polícia.  Nem precisavam ter matado o herdeiro do Monsenhor Cascot.

Bom isso não posso me responsabilizar, quanto quer pelo livro, bem como o texto.

Já disse está em mãos da polícia, não penso estar envolvido nesse assunto.  O Cardeal que se cuide, pois tudo será enviado ao Papa.  Desligou em seguida.

Agora vamos ver quem é a mulher que tentou entrar.

Essa ele não tinha visto em momento algum.   Quando falou que ele não tinha o livro, ela sorriu, cai num conto, me pagaram para entrar em tua casa, encontrar esse livro, bem como o código.

Ninguém me avisou da câmera, não vi nenhuma.

Por falta de uma, tem duas, inclusive uma da minha própria casa, bem como da galeria, saberíamos sempre quem estaria forçando.

Filhos da puta, entregou imediatamente quem lhe tinha contratado.  Ainda assim conseguiram capturar a mulher que estava com o Italiano, era alemã, embora vivesse no Vaticano.  Este continuava desaparecido.   Ela só disse num sorriso enigmático, que quem errava com o Cardeal encontrava seu fim.

A polícia contactou com o Vaticano, mas o Cardeal, já não estava lá, estava na Alemanha, se aposentava.  Se houvesse uma possibilidade, era candidato a papa. Bom filho da puta, isso sim disse Alcides, saia impune, teriam que colocar a Interpol no meio.

Passaram cópia dos papeis para eles, todo o envolvimento de Monsenhor Cascot, documentos dos Partisans, bem como a confissão das duas mulheres, o homem nunca foi encontrado.

Agora tocava, explorar o manuscrito que era o que importava, bem como depois ler o caderno, ele já sabia que o manuscrito a primeira vista era um pouco confuso, era do tempo dos cruzados, um dos Cavaleiros Templários, que acompanhava um grupo, era ao mesmo tempo sacerdote, estava rezando uma missa, quando foram capturados pelos homens de Saladino, levado não como cavalheiro Templário, mas sim como sacerdote, queria ver como se comportavam com um sacerdote capturado.    Como todas as famílias na época, ele não era o herdeiro do nome, tampouco das terras da família, era o menor de todos, ao saber desde cedo que seria mais que um vassalo do irmão mais velho, tinha entrado para a ordem de Císter, muito jovem, aprende a ler, escrever, transcrever bíblias iluminadas, para os ricos, poderosos, mas se cansa disso, quer aventura, sente que o tempo passa rápido demais.  Resolve se unir aos Cavalheiros Templários, é bem aceito por isso.   Essa é sua primeira viagem a Jerusalém, esteve algum tempo aprendendo a se defender a lutar pela sua vida.

Ao ser capturado, resolve ficar quieto, pois sabe que poderão pedir uma recompensa por ele, mas não é ninguém importante, apenas um iniciado.  Passa alguns dias em prisão, sendo transportado de vila em vila, até chegar a Damasco, capital do império de Saladino.  Ali, depois de um banho, ao verem sua coroa rasurada, o levam para junto de uma serie de outros monges. Que vivem escrevendo em árabe, bem como iluminando o mesmo livro.  Quando intenta saber o que é, não lhe explicam, mas tem facilidades para línguas, em breve lê, como escreve em árabe, ao contrário dos outros que escrevem, mas não sabem o que.   Saladino o manda chamar, como aprendeu tão rápido falar árabe.              Lhe explica que tem facilidades para línguas, que aprendeu muito jovem várias línguas.       Fala grego, aramaico, ele pede que transcreva para o aramaico o livro que os outros monges escrevem em árabe.  Quando pergunta para que, esse ri, dizendo que a cada mandatário que domina, dá de presente um corão, dizendo que é o original escrito pelo próprio Maomé, que os cristão acreditam que se conseguirem um original, devem levar para o Papa.  Mas os que são escravos aqui, não sabem o que estão fazendo, eu te vi defender-se outro dia de uns soldados, sei que não eres um simples monge, tem mais jeito de Cavaleiro Templário, só que com mais formação que a maioria, que obedece cegamente seu chefe.                      Estão aqui atrás do Santo Grial, querem restabelecer a terra de Cristo, mas se esquecem do principal, Cristo era Judeu, então deveriam devolver essas terras aos judeus, isso nem pensar, querem na verdade é dominar o Oriente.   Nada disso vai acontecer, pois não são confiáveis.

Lhe entregam um coran, ele inicia a leitura, tem sempre conversas com Saladino, que o confia a guarda de um escravo, um Eunuco, que trabalhava com uma das princesas do harem, mas esta morreu.   O Eunuco se sente rebaixado, mas este lhe ensina a ler, escrever, os dois se tornam amigos.   Ele vai lendo, fazendo a tradução para o aramaico, ao mesmo tempo que pode ir escrevendo tudo o que vê no seu manuscrito.  Contando o dia a dia, do ofício desses monges, que na verdade, como na igreja católica, a Bíblia é transcrita ano atrás ano, com algumas modificações que interessam ao Papa, aos Reis.   Cada dia deve ler a Saladino, o que escreveu, debater com ele.  O que fala o livro, na verdade, como na Bíblia, foi escrita por seus seguidores.

Ele as vezes deve adaptar o texto ao interesse de Saladino, nas terras que vai conquistar, num dos encontros Saladino o chama a sua presença, vestido de árabe, escuta a conversa deste com emissários Templários.              O argumento destes, é que ele deve se converter, ser um crente católico, render pleisia ao Papa, ou o atacarão, o eliminarão da face da terra, os emissários são dois Templários, um Alemão, outro Frances, todos os dois parecem livrar uma batalha para convencer Saladino.   Lhe pergunta a parte quem tem maior rango, ele diz que o alemão, que é o mais prepotente, manda cortar sua cabeça, entrega numa caixa, diz ao outro que deve levar ao seu chefe, como um presente de Saladino.

Como podem ser tão cretinos, estão atrás de uma coisa que pensam que é uma taça especial, na época de Jesus, as taças especiais eram a dos nobres, os pobres como ele, bebiam em taças feitas de pedra, madeira, que com o tempo se estragavam.              Creio que é tudo uma grande mentira para enganar o povo, como eu faço com o Coran, riu muito.

Com os anos convivendo com o Eunuco, nasce entre eles, uma coisa além da amizade, ele vai comparando a doutrina de um credo, com o outro que faz as traduções.  Chega à conclusão de que na verdade, não tem grandes diferenças.    Em que diferem sim, é que uma é vista pelos olhos dos árabes, outra pelos europeus.   Na bíblia não se descreve o dia a dia do povo judeu, ele tem licença para sair, conhece o povo Judeu, que vive ali nas terras de Saladino, são livres para seguir sua religião, ninguém lhes obriga a seguir Maomé.

Chega a sua própria conclusão que nada disso representa na verdade Deus.  Consegue volumes da Cabala, começa a discutir a mesma com Saladino.  Vai com um grupo de avance de Saladino, ao interior do Egito Negro como eles dizem, o Sudan, ali vê que a parte dos homens as mulheres seguem sua própria religião, cultuando a mãe terra.   Pede autorização para ficar mais tempo para aprender.   Aprende com elas a curar, a juntar a água com a terra, as duas fontes iniciais de vida, o que se cultua a mãe primogênita.

Quando volta, são atacados por um grupo de Templários, mas se consegue salvar ele bem como seu fiel escudeiro o Eunuco, se diz templário.    O tinham dado por morto a muitos anos, são levados para Chipre, ali conta o que viu, fala da manipulação do Coran, bem como seu encontro com a virgem negra, explica o que é.   Muitos se interessam.   É enviado a Paris, para conversar com o superior da Ordem, este entende o que ele quer dizer. Que antes mesmo de Cristo a religião mais pura, antiga, é das duas energias primeiras, a terra bem como a água, sem as duas o homem não vivem.   Surgem as primeiras virgens negras. 

Ele fica internado dentro da ordem, seu trabalho é transcrever o Coran para a língua que possam entender, ele é seu escudeiro, fazem as iluminações, mas acrescentam nos desenhos, os detalhes primeiros, o nascimento da terra, bem como da água, como fonte de vida.  Fazem em duplicata, pois sabem que o primeiro será enviado ao Papa, o segundo fica com ele, detalha no manuscrito, aonde escondeu o original.

Quando sente a morte se aproximar, envia o manuscrito com seu Eunuco de volta a Jerusalém, o deve entregar o quanto antes ao Maestro Mor da Ordem.   Mas este chega tarde, Saladino está atacando Jerusalém.   Ele entrega a um Templário de menor rango, que o traz de volta outra vez a França.   Quando este foge para Portugal, leva consigo o manuscrito, ao que não entende por estar em aramaico, mas espera que alguém, dos que escaparam, possam entender.   A Ordem se transforma na Ordem de Cristo.  Deixa o manuscrito na mão de um superior, morre de velho.

Quando o manuscrito é encontrado muitos anos depois, já não tem sentido nenhum, pois existem várias virgens negras, embora os fundamentos tenham mudado, alguns lugares as mulheres seguem sua virgem.

O manuscrito acaba voltando para França, aonde um monge da ordem dos beneditinos, um dos poucos que sabe aramaico, começa a ler o mesmo, fazer anotações, que é o primeiro dos três livros.

A partir da desaparição do manuscrito, este esta guardado num mosteiro Beneditino, esse monge por distração, começa a analisar cada parte.   Até que resolve partir para Istanbul, a antiga capital romana do oriente.  Transformado em um simples peregrino, inclusive pode se passar por um judeu, pois mesmo sendo adulto, faz a circuncisão,  assim pode passar desapercebido, é um homem simples, que está habituado a todos os tipos de trabalho, embora saiba, ler, escrever, em hebreu, árabe, aramaico.

Não se considera um intelectual, crê na simplicidade, num deus que não é o onipotente, onisciente, está apaixonado pela ideia da Virgem Negra, ou das devotas da Mãe Terra, o três livros, relatam na verdade o caminho seguido por ele, para chegar até o Sudan.

Faz um roteiro complicado, Istambul, depois Jerusalém, ali relata que tem contratempo com judeus que percebem por suas perguntas que tem algo entre a manga. Ele acredita que o livro do Coran, está ali, procura o lugar ao que retornou o eunuco.  Dali vai a Jordânia, mas claro tudo é muito confuso, atravessa para o Egito, um grande caos no Cairo, depois de semanas pelo deserto, se sente confuso no meio da grande multidão.  Busca um meio de transporte para Sudan, vai subindo o Nilo.  Quando finalmente chega ao Sudan, procura desesperadamente fazer contato com as mulheres, mas as pessoas pensam que busca outra coisa.  Cai doente, é atendido por uma mulher.  Nos seus delírios, fala da virgem Negra, a união da terra com a água, a mulher o leva junto com outras para fora da cidade, ali ao ser curado, conversas com elas, pelas histórias de sua tradição oral, aparece o sacerdote Templário, que pelo visto as defendeu dos homens que queriam impor uma nova religião.  Vive no meio delas, como uma, mas, como tem uma certa aparência de efebo, as vezes passa por uma mulher.

Aprende com elas todos os métodos de cura, essas mulheres estão sempre em movimento, por seus vários refúgios, ele retorna ao Cairo, donde regressa a Europa.  Chega em meio de uma epidemia da Peste.   Na cidade aonde está, Marselha, ele ajuda a curar os enfermos, com sua técnica.   Manda queimar todas as roupas dos pacientes, coloca um batalhão a caçar os ratos de esgoto, prepara um veneno para isso, todos os dias faz uma grande fogueira alimentada por ratos, roupas usadas.    A cada infectado, a primeira coisa que faz, é banha-lo, para tirar carrapatos, ou qualquer outra coisa, raspa a cabeça, tira do corpo qualquer vestígio de pelos, o lugar que está escapa da luta contra a praga.

Paris a população diminuiu, ele volta ao seu antigo monastério, mas está ocupado por outra ordem que não o recebe bem, mas consegue assim mesmo o posto de bibliotecário.

Passa por suas mãos centenas de manuscritos falando no Santo Grial, mas não lhe dá a menor atenção, pois não acredita no mesmo.

Coloca seu manuscrito no meio disso tudo, junto anexa os três livros de couro negro.   Na última página, fala que participa de todas as liturgias, mas em foro íntimo, venera a virgem, não como mãe de Cristo, mas sim como o símbolo da mulher, da terra, água, fertilidade.  Mas sabe se verbaliza o que pensa, será considerado um herege.

Denis comparte tudo isso com Alcides, pois agora basicamente são companheiros de vida, pela primeira vez sente-se bem com alguém.   Discutem a possibilidade de uma viagem ao Sudan, mas sabe que devido a situação que atravessa o pais, dividido em dois, seria quase impossível visitar, procurar pelos lugares.

Resolve sim, escrever um livro sobre tudo que descobriu, o que chama imediatamente a atenção em Roma, mas como já está publicado, apenas recebe um emissário, que quer comprar o manuscrito, bem como os três de couro.

Alega já não estar em seu poder. O entregou ao Ministério de Cultura, ao mesmo tempo lhe perguntam sobre o livro que fala do Cardeal.

Rindo ele diz que nunca possuiu o livro, que assim que comprou, deu de presente a uma pessoa, que por sua vez o entregou a associação dos Partisans.

Inclusive acusa ao Vaticano de esconder todo o passado do Cardeal, antigo oficial Nazista, a desaparição do homem, que o vigia, bem como o alemão que tentou encontrar o livro.

Alcides fica de sobreaviso, por uma possível tentativa de roubo.

Acaba saindo da polícia, para se dedicar a ser advogado.